It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

sábado, abril 15, 2006

Não dês facas a quem te esfaquearia...


Mahmoud Ahmadinejad orando perante a foto de um sempre vigilante Khomeini, em plena contradição com a noção islâmica de que não se pode adorar figuras e de que só se pode adorar Alá.



O presidente teológico-neonazi iraniano Mahmoud Ahmadinejad reiterou, em conferência de imprensa, haver "sérias dúvidas quanto à realidade do holocausto" e aproveitou para prever "o desaparecimento de Israel", logo secundado pelo líder supremo (seja lá isso o que for) do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, que incitou ao ferro e ao fogo, utilizando a infelicidade palestiniana para afirmar que "o mundo islâmico não pode ficar silencioso face à tirania de que os palestinianos são vítimas". À margem da conferência, o líder do Hamas Khaled Mechoal declarou aos jornalistas considerar "imoral e desumano punir colectivamente uma nação que fez uma escolha democrática".
Independentemente da simpatia que aqui se sente pelo povo palestiniano (e não pelo Hamas, o que equivaleria a sentir o mesmo género de simpatia pelo PSD, pelo PS, por Bush, ou mesmo por Adolph Hitler, democraticamente eleito nos idos anos 30 do século passado), há que afirmar que cá se sente o mesmo género de simpatia por todos os muçulmanos moderados que se vêem misturados e arrastados pela lama graças à existência de bandalhos teológicos com pretensões hegemónicas. E ainda que as escolhas eleitorais são legítimas, mas que não têm que ser vistas como positivas e que ninguém tem qualquer obrigação de ajudar ninguém, muito menos quem se nos opõe, a menos que se cultive uma costela masoquista. Embora ninguém lá me vá ler, desafiaria o Hamas a conseguir as ajudas necessárias do dito "mundo islâmico", o que seria interessante de se ver... O Grande Satã colectivo ocidental tem que se assumir como isso mesmo: Grande Satã. Ou se é ou não se é. Pessoalmente, recuso-me a que o dinheiro ocidental, do qual fazem parte o meu trabalho e os meus impostos, sirva para fomentar regimes teológicos fundamentalistas com o desejo profundo de me impôr a sua forma de vida. Algo que posso fazer enquanto persistir uma nesga de democracia, coisa que não me lembro de existir no Irão.



Imagem de www.washingtonpost.com.