It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

quarta-feira, outubro 13, 2021

Só para dizer mesmo...

Este blog fez parte de uma época muito específica, tendo estado na dianteira da resistência ao descalabro de Sócrates, cavalgando a onda de alguma libertação que esse tempo exigia e não sem uns certos laivos de criatividade e humor.

Durante anos, esteve hackeado e, de seguida, por desejo, não sei se Espresso, se expresso ou mesmo apenas entendido da Google, nem o próprio Master lá conseguia entrar.

Mas tinha cumprido a sua missão e tinha sido geralmente divertido. Não quer dizer que o Master ainda assine por baixo de tudo...

Pensei se seria de apagar o blog. Mas ele não faz mal a ninguém... Acho que não merece a pena de morte. 

Queria apenas dizer isso mesmo, que representa uma época que só quem por ela passou pode entender. Os textos são textos de época. Isso.

Fiquem bem.

quinta-feira, maio 07, 2009

Só para dizer.................

Olá. Só para dizer que, porque iniciei a publicação de um romance em http://rodopiodoescorpiao.blogspot.com/ a partir do mesmo endereço de gmail que se encontra ligado ao It Takes Two, vou ter que alterar os dados do meu perfil. Assim, adeus aos gatos dançarinos e ao Master Minder. O perfil vai passar a surgir em nome de Jorge Simões, embora o Master Minder não fosse exactamente Jorge Simões. Paciência! Abraços.

quarta-feira, abril 09, 2008

Posfácio




Já há uns bons tempos que este momento se antevia claramente para o It Takes Two... Foi um bonito projecto, nem sempre entendido por todos, que começou com muita energia e acabu perfeitamente asténico. Mas não é esse o destino da maioria das coisas?
A astenia fica a dever-se a inúmeros factores, para além de que, como é óbvio, nada dura para sempre, sobretudo na internet...
Vivemos actualmente num país tão mau, tão mau que quase se torna impossível acreditar! Não me venham com comparações imbecis com países do Terceiro Mundo, uma vez que onde estamos é na Europa, certo? Não diria que a culpa caiba toda ao Sócrates, esse colérico esticadinho que tão bem soube estender a sua rapinagem sobre tudo o que à frente lhe surgisse... Não, a culpa é mesmo dos portuguesinhos burros e sempre negativamente influenciáveis, um povo em que presentemente sobressaem algumas das piores características que lhe são naturais: a inveja, a destruição do próximo, o nivelamento por baixo, a aceitação pacífica do direito de alguns mandarem em outros, a saudade de D. Sebastião, para não dizer de Salazar, vencedor dos Grandes Portugueses da RTP. Não há pachorra para tantos portugueses deseducados e bons operários!
E como eu tenho tanto mais que fazer do que lutar contra moinhos de vento, à falta de abandonar Portugal, abandono o It Takes Two. Puf! A montanha pariu um rato. Espero que sejam todos muito felizes na vossa santa cruzada de destruição de tudo o que já foi liberdade e fraternidade em Portugal! Pachorra, acabou. Astenia, chegou.Um obrigado amigo aos que durante o tempo de duração deste blog me visitaram.

Continuo, no entanto, presente na blogosfera. Se gostarem de poesia e me quiserem visitar, serão sempre bem vindos no Poesia para Quem Quiser, em http://poemastextos.blogspot.com/. Por lá tenho continuado, por lá continuo e por lá continuarei. Beijinhos e abraços.

sexta-feira, março 07, 2008

Manif pra frent! Pq é q?

Tô 100 vontad d'escrever mt... Sô 1 prof calaceiro!!!!Ai d qm m quiser avaliar!!!!
Não, mas a sério, agora juro que a sério, mesmo a sério... Durante este fim de semana, Lisboa vai acolher uma mega-manifestação de professores que só não dará resultados porque cabeças duras como as dos membros deste governo não surgem senão uma vez em cada mil anos ou aproximadamente isso. Mas não é por isso que não vou lá estar a fazer número e sim porque vou estar com o meu filhote, que não é professor e espero que nunca o venha a ser. Bom, além disso eu deveria estar era no palanque a discursar! E o que eu queria perguntar, era algo assim:
Mas porque é que, com tanto debate, entrevista e sessão de esclarecimento, ninguém é capaz de comparar o que por cá se passa com o que se passa no estrangeiro? Será que o estrangeiro fica noutra galáxia? Por exemplo, quando o ministério chega com a conversa de que por todo o lado há quotas, porque é que ninguém é capaz de explicar ao povão que as quotas que há no estrangeiro se destinam exclusivamente a cargos e que a eles corresponde um salário como deve ser? Porque é que ninguém é capaz de lhes explicar, preto no branco, que a progressão na carreira se faz, no tão falado estrangeiro das quotas, com toda a naturalidade e para todos? Que na Alemanha, por exemplo, a avaliação depende da assistência de uma aula de 45 minutos a cada seis anos? Porque é que ninguém é capaz de lhes explicar que a burocracia extrema da nossa avaliação e o sistema de quotas para toda a gente se rege por motivos meramente economicistas enquanto os senhores vão engordando e ficando cada vez mais anafados?
Mas não. O que interessa é passar a ideia que os professores são ricos, que nada fazem, que são incompetentes (como se os privados portugueses primassem pela competência, vontade de rir!) e que têm medo dessa moda da avaliação, que não passa de uma moda, sejamos honestos, tal como a fúria anti-tabágica e outras... Depois, vêm os protuguesinhos invejosinhos e pequeninhos, tacanhozinhos e menorzinhos, clamar: "No privado somos avaliados e há quotas!" Claro que há quotas, seu bando de hipócritas... Como no ensino estrangeiro, aliás... Afinal, quantos lugares de director pode haver numa empresa? Mas no caso dos professores não se trata de nomear directores e sim de obrigar um número restrito de professores a exercer cargos chatíssimos sem que daí advenha qualquer compensação financeira ou outra. E trata-se de manter a maralha, a grande maioria, a ganhar a mesmíssima coisa para o resto da vida. Sim, porque pessoalmente estou-me nas tintas para essa moda da avaliação. É-me igual. Só chata de tão burocrática. Mas se me querem avaliar, avaliem-me, é-me totalmente indiferente. Aliás, sei muito bem como é que as avaliações são feitas no privado. Bando de hipócritas, acham que os professores andam todos de olhos tapadinhos? Tudo isto para dizer que estou com os manifestantes e que lhes desejo, como a mim, as maiores felicidades. Do mesmo modo que desejo a maior infelicidade aos nossos governantes que ninguém avalia e aos seus mesquinhos apoiantes tapadinhos. Aliás, se tanto insisto no uso do diminutivo inhos deve ser porque já estou cansado de tanto escrever...
Tô cansad e quero férias! Já trblhei p/ 1 ano. Tchau!

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Je dis aime

Conclua-se com o emblemático Je dis aime (ou Je dis -M-), a fazer lembrar, salvaguardadas todas as distâncias, o power trio de Jimi Hendrix...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Qui de nous deux

Dando sequência à semana -M-, eis mais um vídeo... Um bom dia para vocês!


terça-feira, janeiro 22, 2008

Les Triplettes de Belleville

Num tom mais agradável, eis uma breve biografia (que me vejo forçado a traduzir da sempre importante wikipedia) de Mathieu Chedid, mais conhecido como M, um dos mais interessantes autores musicais franceses da actualidade. Segue-se-lhe um vídeo interessantíssimo do seu nada menos interessante tema, Les Triplettes de Belleville, composto à maneira do gipsy jazz do saudoso Django Reinhardt...



Mathieu Chedid possui ascendência libanesa por intermédio dos seus avós. É o filho do cantor francês Louis Chedid e neto da escritora e poeta franco-egípcia de ascendência libanesa Andrée Chedid que escreveu as letras de muitos dos seus temas. Tem uma filha chamada Billie.
Chedid interessou-se muito cedo pela música, nomeadamente com os filhos de Laurent Voulzy e de Alain Souchon. Juntos, formaram algumas bandas de curta duração, tais como os Mat Mat, Les bébés fous e Les Poissons Rouges. Para lançar a sua carreira, não hesitou em colaborar com variados artistas, tanto ao vivo como nos seus álbuns. Colaborou com NMT, Sinclair e ainda com Billy ze Kick. Interpretou igualmente um duo com o seu pai, intitulado T'as beau pas être beau em 1978 e tocou na abertura de concertos dos Texas. Mais recenetmente, colaborou com Sean Lennon no tema "L'éclipse", um remake francês do tema "Parachute" de Lennon. Chedid contribuiu com a parte vocal, a letra e ainda com partes instrumentais.
Chedid apresenta-se em concerto como -M- (um jogo com a palavra aime - gostar ou amar em francês - e a sua própria inicial). É frequentemente acompanhado no palco por Cyril Atef e Vincent Segal, ambos da banda de trip hop Bumcello. Faz-se ainda acompanhar por DJ Shalom no palco e em alguns dos seus temas de estúdio, como seja (Le complexe du Corn Flakes). Na sua última tournée, apoiou Sébastien Martel, um elemento dos Las Ondas Marteles.
As suas actuações ao vivo colocam forte ênfase na imagética e na natureza do seu alter ego, -M-. Chedid salienta a sua natureza misteriosa por intermédio das suas roupas e do seu cabelo em forma de M. É conhecido pelas suas capacidades como guitarrista. No seu álbum de 1999, Je dis aime, -M- interpreta uma versão de Close to Me, dos Cure, combinando palavras em inglês e em francês.
Também cobtribuiu para a banda sonora do filme de animação Les Triplettes de Belleville, cujo tema hoje vos trago.





Já agora, a letra:

J' veux pas finir mes jours à Tombouctouuuu...
(Tombouctouuuu)
La peau tirée par des machines à clous
Moi je veux être frippé, triplement frippé
Frippé comme une triplette de Belleville

J' veux pas finir ma vie à Accapullllllllcoooo
(Accapullllllllcoooo)
Danser tout raide avec des gigolos
Moi je veux être tordu, triplement tordu
Balancé comme une triplette de Belleville

(Allez les filles, allons...)
Swinging Belleville rendez-vous
Marathon dancing doum dilouuu
Vaudou Cancan, balais tabouuu
Au Belleville swinging rendez-vous

J' veux pas finir ma vie à Singapouuuur
(Singapouuuur)
Jouer au dico, manger des petits fours
Moi je veux être idiot, triplement z'idiot
Gondolé comme une triplette de Belleville

J' veux pas finir ma vie à Honoluuluuuu
(Honoluuluuuu)
Chanter comme un oiseau çà n'se fait plus
Je veux ma voix brisée, triplement brisée
Swinguer comme une triplette de Belleville

Swinging Belleville rendez-vous
Marathon dancing doum dilouuuu
Vaudou Cancan, balais tabouuuu
Au Belleville swinging rendez-vous

J' voudrai finir ma vie à Katmandouuuu
(Katmandouuuu)
C'est bien plus doux de faire des rimes en "ou"
Mais je veux être givré, triplement givré
Swinguer comme les triplettes de Belleville

(Allez les filles...)
Swinging Belleville rendez-vous
Marathon dancing doum dilouuuu
Vaudou Cancan, balais tabouuuu
Au Belleville swinging rendez-vous

Swinging Belleville rendez-vous
Marathon dancing doum dilouuuu
Vaudou Cancan, balais tabouuuu
Au Belleville swinging rendez-vous

segunda-feira, janeiro 21, 2008

O tabaco e a TV

Duas breves notas apenas, ambas relacionadas com a exageradíssima (ver situação mesmo aqui ao lado, em Espanha e não, não vale a pena fazer de conta que somos nórdicos) lei do tabaco, entrada em vigor em 1 de Janeiro passado...
Primeira: logo à noite, o sobrevalorizado magazine televisivo Prós e Contras, permanentemente feito em cima do joelho pela jornalista Fátima, vai dedicar o seu debate semanal a esta temática, com uma palavra de ordem do género "os portugueses divididos ao meio" e outros sensacionalismos do costume. Mas não antevejo o que quer que seja de sensacional no programa e depois me dirão se tenho ou não razão... De um lado, vamos ter o bando dos copinhos de leite que tomaram o poder a defender a proibição total do tabaco (e de tudo o que se seguir, mas ninguém tem cabeça para pensar que cada passo é um pequeno passo para o abismo da ditadura). Serão, porventura, raivosos, agressivos e aparentemente racionais. E dirão (a não ser que se controlem) coisas como "toda a vida levei com o fumo dos outros em cima e agora nunca mais", "se querem morrer, que vão morrer sozinhos e para outro lado", "nunca mais ninguém fumará à minha beira" e ainda o batidíssimo "a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros". O tabaco vai ser diabolizado como a pior substância do universo e além. Do outro lado, teremos os fumadores... Como, perante as tendências da moda, não vão ter lata para expressar o que realmente pensam e sentem, o debate não será debate algum e tudo terinará numa tepidez de vomitar aos jorros. Ou seja, a lei do tabaco está aí, venceu, aos fumadores foram negados quase todos os direitos sob uma capa de racionalidade, democracia e saúde pública e não vejo, sinceramente, para quê bater mais no ceguinho a não ser por falta de assunto.
Segunda: a miserável Europa do Barroso e dos parlamentares que não representam ninguém a não ser a si mesmos e às suas vidas de nababos internacionais, colocou na televisão uma série de anúncios que de tão abjectos só dão vontade de fumar. Surgem sob a etiqueta "help". Nestes, os fumadores são representados como toxicodependentes imundos e gente que está boa para um hospício. Quem duvidar, que veja os referidos anúncios com olhos de ver e sem ideias preconcebidas. Não me parece nada bem. Principalmente da parte de uma Europa que só nos tem impingido a sua ineficácia e as suas regras e regulamentos de facto não adaptáveis à alma dos países do sul, se é que ainda alguém, no meio da carneirada, ainda se preocupa em preservar algo dessa alma. SEnão, que nos conquistem todos, já que não merecemos outra coisa.
E agora, boa noite, que vou fumar um cigarro. Abraços.



ACTUALIZAÇÃO - Pronto, enganei-me. O Prós e Contras até teve uma certa vivacidade e foi bom ver o Francisco George, um fascista não assumido, a espetar-se de várias maneiras, nomeadamente quando defendeu a possível proibição das lareiras. Três vivas para a Fátima Bonifácio na sua defesa das liberdades individuais e ainda para o homem dos casinos pelo facto de que, tendo um discurso bem estudado e ideias bem estruturadas, calou na perfeição todos os defensores do establishment actual (pessimamente preparados). De resto, tudo como dantes, quartel general em Abrantes.

domingo, setembro 30, 2007

O mação Soares contra Menezes

Não estava com vontade de me pronunciar sobre as eleições no PSD, partido em que não faço tenções de votar, já que nos deu, ao longo de tanto tempo, provas de que governa muito mal... Enfim, talvez não tão mal como Sócrates e a sua pandilha, mas não esqueçamos a governação do rei da ignomínia que pôs Portugal de tanga e deu ás de vila diogo para Bruxelas. Quando me falam no Guterres e ne lembro do cherne, dá-me sempre uma triste vontade de rir...
Mas seja... O velhote Soares provocou-me porque insiste em se pronunciar sobre tudo e mais alguma coisa e nunca mais entra na reforma que está destinada aos que, como ele, começam a padecer de algumas dificuldades de coordenação mental - ainda que outros com também algumas dificuldades (fontes seguras) possam ocupar o mais elevado cargo da nação... Seja ele qual for... ;) E terá o mação Soares afirmado desbocadamente à TSF que a eleição de Menezes como líder do PSD foi "uma desgraça". E que tem ele com isso? Pelos vistos, a eleição de Menezes desagrada a "sulistas, elitistas e liberais" mas também ao PS que, enfim, poderá eventualmente deparar com uma oposição que se veja. Não é que não haja oposição - quantas vezes não vemos Portas a exigir isto e aquilo, mas é malhar em ferro frio pelo simples facto de ser líder de um pequeno partido... Com Menezes a coisa muda de figura e o PS treme. E o mação Soares acha que é uma desgraça. O mação Soares não consegue calar a boca. Mas o que eu sei é que as eleições no PSD foram decididas pelos militantes (ainda que parcialmente calados pelas hostes do pequeno Mendes) e não pelos barões num qualquer congresso impessoal. A isso chama-se um processo democrático e uma mudança interessante nas habitualidades. Menezes tem força e isso desagrada a barões instalados e incompetentes, ao PS de Sócrates e ao mação Soares. Como Santana muito bem disse na sua famosa intervenção televisiva da SIC Notícias, "assim não vamos a lado nenhum". As forças de bloqueio estão doentes mas ainda dão vontade de vomitar.
Quanto a mim, repito-o, não tenciono votar em Menezes (que chegou a falar em privatizar as águas.......... Socorro!), mas conto com ele para enfim fazer frente à máquina Socratista que tanto mal tem feito ao país, ainda que tão apreciada por todos aqueles que precisam sempre de um "grande pai" a lembrar Salazar, todos os anões que não sabem tomar conta de si e que continuam a apoiar a ditadura proibicionista e atabalhoada da ex-maioria, oficialmente ainda maioria.
Nas próximas eleições, votarei para que ninguém mais, nunca mais, tenha uma maioria absoluta. O perigo é demasiadamente grande! Entretanto, aplaudirei Menezes enquanto (assim o espero) fizer uma oposição que se veja e assim incomode todos os gigantes com pés de barro que pululam no PSD e fora dele. E o mação Soares que cale a boca e calce as chinelinhas, que já passou da hora...

sábado, setembro 01, 2007

Talk Talk, a banda de Mark Hollis (ver nos links), foi um sucesso nos anos 80 e fez um percurso bem bizarro para quem poderia ter começado por se parecer com outras bandas pop rock e acabou com dois álbuns que foram verdadeiras obras primas que nem fizeram nem quiseram fazer escola e são, por isso mesmo, irrepetíveis. Foram, também, o canto do cisne desta banda que se auto-destruiu da melhor maneira, rejeitando o pop e abraçando a verdadeira arte musical o que, escusado será dizer, levou à finalização do seu contrato editorial. Que importa? Um tema como o que hoje vos trago - I Believe in You - é dos mais belos que alguma vez foram construídos... O vídeo é estranho e bastante simbólico. Mas também podem simplesmente fechar os olhos e imaginar o que quiserem. Boa audição...


sexta-feira, agosto 24, 2007

Vá lá, bebé, acende o meu fogo!

Se calhar, alguns de vós já assistiram a esta excelente e exótica demonstração da verdadeira estrela portuguesa, mas como há sempre alguns que ainda não viram, não pude deixar de partilhar esta jóia com a malta... Bichas formam-se já para assistir aos concertos impagáveis "daquele que não se sabe enxergar"! Por mim, já perdoei à Stephanie do Mónaco. E o mais incomodativo disto tudo é que há quem afirme a pés juntos ter presenciado certas movimentações quase espásticas sob uma conhecida sepultura do Père Lachaise. Bom, mas vejam até ao fim... A última imagem é um estouro! E continuação de bom Verão.


sábado, julho 28, 2007

Ora, para quem de facto souber apreciar um excelente trabalho de guitarra(s) eléctrica(s), aqui vai o tema dos Simpsons. Deve ter dado algum trabalho!


segunda-feira, julho 16, 2007

Breves das eleições em Lisboa

Ainda bem que não sou mouro... Mas não posso deixar de lançar um breve comentário a este resultado histórico: mais de 62% de abstenções!
Analisando o caso a frio, os únicos vencedores do acto leitoral de hoje foram Carmona Rodrigues, que conseguiu uma segunda posição apesar de alegadamente ter instaurado o caos na edilidade, e Helena Roseta, com a sua destemida campanha pela cidadania - aí não posso deixar de concordar com Manuel Monteiro.
Quanto ao goês Costa e ao seu padrinho bacharel, escusam de fingir que não entendem que estas eleições foram um cartão vermelho passado ao governo. É que não vale a pena ganhar a qualquer preço! Achei piada, aliás, a uma reportagem que vi na Sic Notícias, na qual se entrevistavam apoiantes da candidatura do indiano e eram todos velhinhos, em grande número trazidos à borla de outras terras em camionetas. Lol! Se o PS de Sócrates já só pode contar com os velhinhos para o futuro, estão feitos! E aí está como os vencedores podem ser os maiores vencidos. God bless.

sexta-feira, junho 29, 2007

Fascismo em Vieira do Minho

Em Vieira do Minho, que não em Santa Comba Dão, um médico recortou de um jornal uma notícia em que o ministro da Saúde afirmava nunca ter visitado um Serviço de Atendimento Permanente (SAP) - claro que não, que esses cavalheiros vão a clínicas privadas! -, juntou-lhe um comentário jocoso em que afirmava "Façam como o ministro, não venham ao SAP" e assim desencadeou mais um processo fascista que levou à exoneração e substituição da directora do Centro, Maria Celeste Cardoso, por um médico que, por acaso ou não, é verador do PS. Demitida por "quebrar o dever de lealdade", ao não ter imediatamente ordenado a remoção do terrível insulto! Parece que um bufozito qualquer sem pingo de vergonha nas trombas reclamou no Livro Amarelo criticando a exposição pública da fotocópia... Maria Celeste Cardoso, na sua ingenuidade, não agiu como a famigerada directora da DREN e tramou-se!
Acho que para elogiar Sócrates pelo facto de "finalmente alguém mandar em Portugal" só mesmo um miserável capitalista inculto como Joe Berardo... Até quando é que vamos permitir que o fascismo se instale desta forma, tolhendo a nossa liberdade em nome da liberdade dos bufos amarelo-rosa e dos capitalistas selvagens que se alimentam do nosso sangue?

quinta-feira, junho 28, 2007

Os disparates da Lei do Tabaco

De acordo com a futura Lei do Tabaco, os fumadores poderão ser punidos com uma multa que poderá ascender a 750 euros. Como muito bem fez notar o PP, trata-se de um valor superior ao aplicado a casos de consumo de drogas duras (digo mais, nenhum Estado tem o direito absurdo de multar alguém por consumir o que quer que seja, mas isso sou eu), o que transmite a ideia de que o uso do tabaco é mais grave do que o de outras drogas. O PS afirma que uma coisa não tem nada a ver com a outra... Mas quem ainda se importa com o que o PS afirma? O problema grave, gravíssimo, é que estes tipos nos governam com punho ditatorial e nos impõem (ao povo sempre, que não a eles mesmos) o que lhes dá na telha. Como a futura lei laboral, que o PS promete levar avante seja lá como for - mas isso é outra história.
Ainda a propósito da futura Lei do Tabaco, alguém me poderá sinceramente afirmar que fará algum tipo de sentido que se possa fumar livremente em estabelecimentos com menos de 100 m2, enquanto que estabelecimentos com áreas superiores terão que reservar somente 30% do seu espaço para os fumadores? Está decidido: passarei a só visitar pequenos estabelecimentos. E se os proprietários tiverem juízo, mais juízo do que a súcia dos socialistas, passaremos a ser um país de micro-empresas de restauração e similares...

segunda-feira, junho 25, 2007

Porquê, BE?

Agora que o governo (sempre com minúscula, é propositado) se prepara para fazer aprovar uma Lei do Tabaco mais suave do que inicialmente previsto *, porque é que o Bloco de Esquerda, que tanto se encarniça na defesa dos direitos dos fumadores de haxixe, vem a público defender que a lei não deveria permitir que se fumasse tabaco nos restaurantes à hora das refeições, ou seja, na prática a qualquer hora em que o restaurante se encontrasse aberto ao público?



* Este governo já eu topei há muito... Começa, em casos inúmeros, como no presente, por defender indefectivelmente leis absurdas de tão rígidas, para mais tarde poder recuar um pouquinho e o povo poder comentar: "Olha, afinal até são simpáticos!" Já agora, em que se baseia para banir o fumo totalmente das escolas (não das suas portas, onde o aspecto dos fumadores acumulados será, certamente, muito mais agradável para os passantes) mas não das universidades? Se é assim tão moderado, porque não permitir que se fume em espaços ao ar livre e de preferência abrigados, como sucede em diversos países, ditos evoluídos, onde leis do género foram aplicadas?

quinta-feira, maio 31, 2007

Clube de shit, país de shit

Nem tenho o hábito de ver televisão porque a televisão, em geral, é shit e prefiro ler um bom livro, tomar um café ou um copo com alguém ou mesmo jogar um jogo de PC - profundamente mais instrutivo do que a shit da televisão. Mas, que querem?, por vezes lá caio na desgraça e dou comigo a olhar para o ecrã quadrado. Mesmo em dias sequenciais, o que terá o seu quê de grave.
Aconteceu isso mesmo ontem quando vi o Prós e Contras acerca da greve geral. Aconteceu também hoje quando dei comigo a olhar para uma shit que dá pelo nome de Clube de Jornalistas.
Relativamente a este último, estive a vê-lo porque devo ter um resquício de masoquismo qualquer... Estava lá o Saarsfield Cabral (director da Rádio Renascença), o não-sei-quantos (director do Semanário Económico - seria fácil procurar-lhe o nome mas não me apetece), uma jornalista qualquer de quem também não me lembra o nome e mais uma moderadora que certamente simpatiza com Sócrates, com o PS e com as suas reformas abjectas e anti-humanas. Shit. Dizem eles que os portugueses são inteligentes e que, portanto, já entenderam todos a necessidade de mudar tudo porque o mundo mudou e blá-blá-blá. Estão todos a favor dos inevitáveis mobilidade/desemprego/pobreza, todos com um discurso de desfaçatez absoluta pela inevitabilidade de se piorar a vida a toda a gente e que já não há empregos para toda a vida e tudo o mais que de negativo e real vocês se possam lembrar, tudo com uma naturalidade fantástica e sabem porquê? Porque estão todos gordos, por assim dizer. Porque estão todos bem na vida e falam como se as pessoas fossem números e não seres humanos com vidas difíceis e dramáticas. Porque são egoístas a olhar para os próprios umbigos. E porque não são jornalistas (trabalhadores contratados) a sério, daqueles que têm que obedecer e calar ou correr o risco de acabar no meio da rua. Porque estão todos almofadados. É por isso que têm todos muita teoria. E a pior, pareceu-me, foi a apresentadora da confiança política da TV do Estado. Tudo uma shit vomitadeira.
Quem também tem muita shit são os patrões gordinhos, representantes de associações do patronato, que ontem se sentavam nas cadeiras do Prós e Contras. Falavam eles em diluir o subsídio de Natal e o subsídio de férias pelo ano inteiro. Mas que maneira fantástica de poupar dinheiro para os seus Ferraris! É preciso mesmo muita, muita, muita lata! É preciso não se ser humano ou só sê-lo no seu pior. Eu tenho outra teoria: é a de que as empresas que só subsistem à custa da exploração do ser humano e de falcatruas simplesmente deveriam mandar os patrões para o desemprego. Sim, porque se só são competentes sendo incompetentes, parecem-me claramente supranumerários! Porque, não tenhamos dúvidas nem nos deixemos hipnotizar, a exploração existe, cresce e está aí em força - graças, em grande parte, ao governo dito socialista de Sócrates e companhia. E que espécie de sociedade é esta em que a desgraça dos outros nos parece sempre inevitável e natural e as banhas de uns poucos, ainda que moralmente desonestas, nos parecem aceitáveis?
Felizmente que estava lá o Carvalho da Silva, porque tem ideias boas, concretas e ligadas à realidade. Mas todos vão dizer: "Ah! Está a fazer a política do PC!" Mas que espécie de país é este em que quem nos defende é porque está a fazer a política do PC? Um abraço sincero para Carvalho da Silva.
O que nos leva à greve geral. Pode ter sido fraquinha. No tal Clube de Jornalistas, ouvi as explicações do costume de que é a CGTP que está desligada da realidade e que os portugueses já compreenderam que têm que ser fortemente destruídos (bem, não foi nestes termos mas é o que significa). Eu tenho outra explicação, entre várias... É a de que os portugueses já sem greves mal conseguem sobreviver, quanto mais com greves! Mas os directores de imprensa sabedores de tudo, também sabem como padece o cidadão comum! Não. Não sabem. Talvez devessem passar a supranumerários porque, de tão desfazados da realidade, não podem ser capazes de fazer uma direcção capaz da informação.
Podia ficar aqui a dissertar durante mais meia hora, mas não me parece que alguém tenha paciência para me ler tanto. Certamente não tanto como eu masoquisticamente tive para estar a ouvir os disparates dos directores da imprensa e dos vendidos ao estado anti-cidadão. Quero apenas terminar lamentando que, neste ponto, alguns de vocês me estejam a acusar do crime de ser comunista. Quem tem preocupações sociais é comunista. Ao que chegámos! Então, tomem: a minha simpatia actual, entre o que temos, vai para Paulo Portas. Outros países europeus têm tido governos do centro-direita e não lhes tem calhado mal. Verdade ou mentira? De direita, no desgoverno liberal, e simultaneamente de esquerda, no desgoverno do Estado controlador que ele, e só ele, sabe o que os portugueses podem e devem querer e ter, é o senhor bacharel. Alguém acha mesmo que o Portas (mau grado os neoliberais e conservadores que pululam no PP) algum dia seria mais de direita, no mau sentido, do que os "socialistas" que agora se agarram ao poder com unhas e dentes? Ainda por cima, todos sabemos que ninho de vespas é o PS. O PS e o PSD. Ou seja, um pouco de realismo: quem manda neste país quase desde o 25 de Abril é a coligação subtil entre o PS e o PSD. Mais ninguém. Mas está tudo satisfeito com a shit que sempre tem sido feita, sempre pelos mesmos. Parece que não há opções... E se calhar, até há. Mas devemos ser todos masoquistas. Como eu a assistir à palhaçada irreal do Clube de Imprensa!

quarta-feira, maio 30, 2007

Greve Geral




Contra as políticas de capitalismo paupérrimo e selvagem/Estado Grande Pai do desgoverno Sócrates mais capangas ordinários, do mais baixo serviçal/bufo ao mais abjecto ministro, nem mais uma palavra para a blogosfera! Agradeço a imagem a We Have Kaos in the Garden (ver nos links).

quinta-feira, maio 10, 2007

What a waste of army dreamers...

Pouco tenho postado e não é por falta de assunto, mas sim porque já temos comentadores de sobra por essa net fora e não me tem apetecido ser mais um a repetir a mesma coisa que todos repetem. A blogosfera está a ficar cansativa... Achem o que quiserem...
Mas tal não é razão para não partilhar umas perolazinhas que se vão encontrando, nomedamente no merecidamente celebrado Youtube, nomeadamente numa época conturbada em que o mundo continua teimosamente em guerra aqui e acolá (e o humor nigérrimo do facto é que o mesmo se aplica mil anos atrás e certamente daqui a mil anos), nomedamente este tão imerecidamente pouco conhecido Army Dreamers de Kate Bush, inicialmente publicado no álbum Never for Ever, de 1980. Kate Bush foi, na única tournée global que fez, em 1979, a primeira mulher e a primeira pessoa também, a usar um daqueles microfones pendurados no pescoço para lhe permitir movimentos de dança enquanto no palco. Madonna? Qual Madonna! A Madonna é uma trenga comercial que nunca aqui vai ter lugar, nem que saia uma lei, daquelas tão impositoriamente na moda, a mandar que 50% dos vídeos postados sejam de mulheres. Kate Bush sempre foi ( e continua a ser: tem um álbum recente) artista e não uma rameira da música. Uau! Estou inspirado, hã? Deixem lá e apreciem mas é o tema. Bonito...


terça-feira, abril 24, 2007

Master redisponibiliza Ghost Dance ao público

O autor deste blog, sob o nome real Jorge Simões, decidiu recolocar à disposição dos leitores portugueses o seu livro de contos (ou short stories, porque a trama dos contos tem integralmente lugar na costa Oeste dos Estados Unidos) Ghost Dance - Histórias do Surreal Americano.
A quem estiver interessado em travar conhecimento com a obra, peço simplesmente que me contacte através do email disponibilizado no meu perfil...
Um abraço e desejos de boas leituras.

sexta-feira, abril 20, 2007

My Generation em Monterey

Achei que deveria completar o vídeo de há dois posts atrás (repararam que o lead singer tem 90 anos?) com uma versão original dos The Who. Pesquisei, pesquisei... Há uma boa série de vídeos muito dignos de figurarem neste blog, inclusive um de Woodstock - e mais, e mais - mas decidi presentear-vos com a apresentação do tema em Monterey, que foi uma espécie de antevisão do outro. Prestem atenção à forma de "bateriar" do saudoso Keith Moon! Quanto à ideia de My Generation, bem, acho que é para todas as gerações, mas... faz-me pensar que estou cada vez a aproximar-me mais da geração do coral dos Zimmermans! Desgraça... Acho que vou lacrimejar um pouquito ali para um canto onde ninguém me possa ver... Fiquem, então, com o bombástico (certamente mais do que a conferência de imprensa da Independente) My Generation em Monterey!


quarta-feira, abril 18, 2007

A montanha pariu uma banana

Não faço ideia por que motivo, subitamente, me ponho a pensar em terrorismo, chantagem, reféns e outros que tais... Devo, certamente, ter-me esquecido de tomar os medicamentos... E, bom, como já não me lembro de que ia falar, como o digníssimo representante da Independente está, neste instante, a prestar declarações na TV, só me resta deixar-vos com uma pergunta, quiçá pertinente: irá a Independente, efectivamente, encerrar portas? É hora de jantar. Acho que vou comer uma banana...

We want the world and we want it now

Em 1965, The Who (Pete Townshend, Roger Daltrey e Keith Moon mais John Entwistle - they both died before growing old)conseguiram um dos seus primeiros e maiores sucessos com My Generation. Quarenta e dois anos mais tarde, convido-vos a assistirem a uma espectacular versão do tema por uma banda que promeeeeete: The Zimmers.


terça-feira, abril 03, 2007

Abram alas para o Noddy!

Para que não se afirme por aí que o Master desdenha dos valores nacionais e não se preocupa com o entretenimento dos mais jovens, aqui vão dois coelhos de uma death metal cajadada: os Moonspell numa fabulosa interpretação do tema do Noddy, made in Diz que é uma espécie de magazine...


segunda-feira, março 26, 2007

Grandes Portugueses - já está.

E o António de Santa Comba ganhou com 41% dos votos... Admirados? Quem quiser que me desculpe, mas só os burros poderão ter ficado admirados.
O Rosado Fernandes explicou tudo de forma incisiva e o Fernando Dacosta completou-o admiravelmente e com sensibilidade. Se fossemos um país de gente sensata, este jogo serviria, pelo menos, para lançar o alerta aos nossos governantes (Assembleia e Poder Local incluídos, já agora), para que percebessem que há 32 anos, o que não é nada pouco, que têm vindo a fazer um trabalho horrendo. De quem lá está agora, sem pingo de sensibilidade para a realidade das coisas e das pessoas, nem se fala!
Ou será que alguém acha que as pessoas têm mesmo saudades de uma ditadurazinha à moda antiga? Só que viver na ditadura do capitalismo selvagem e das picuinhices abusivas do Estado, ainda que com direito a falar mal dos governantes, não faz diferença suficiente. Nós falamos, falamos, e eles engordam e sorriem.
Quem estava sorridente era o Paulo Portas. Pudera, com o descontentamento de 32 anos de PS e PSD, cada vez mais se aproxima a hora dele! Pode demorar mas, reconheçamo-lo, ele é muito mais inteligente que o Sócrates e o Mendes juntos e dotado de grande paciência e persistência... Aliás, quem nos garante que não faria melhor serviço do que o Centrão putrefacto?
Também gostei bastante da citação, que desconhecia, do Pessoa: "Tenho estado velho por causa do Estado Novo". Melhor que o anúncio da Coca-Cola.
E quero - embora fosse precisamente o Pessoa o meu candidato - congratular-me pelo facto de Aristides Mendes ter ocupado a terceira posição... É que os votos em Aristides são todos pela positiva - nada de protestos nem de fanatismos.
Por falar em fanatismos, a Odete Santos bate-os a todos. Que chata! E representou Cunhal pessimamente... É que o Cunhal sempre deu ares de ter tomado chá em pequenino. A Odete, foi alimentada a pescadinha de rabo na boca.
E é assim... Daqui a 50 anos há mais!

sexta-feira, março 23, 2007

Deep Purple no MUSIK




Os Deep Purple, com a sua atitude "macha", nunca foram uma das minhas bandas de hard rock favoritas. O que não significa que, apesar de se andarem a arrastar como dinossauros nos últimos anos, não nos tenham deixado muitos e muitos temas dignos de serem recordados...
É o caso deste Fireball, tema de abertura do álbum homónimo, o quinto da banda, saído em edição norte-americana em Maio de 1971. É para ser ouvido com o volume nas alturas. E atenção ao excelente trabalho de Ian Paice na bateria...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Porque é que Clara Ferreira Alves prestou um péssimo serviço a Fernando Pessoa

Pela primeira vez, assisti a um dos documentários de defesa dos Grandes Portugueses na RTP - o que a jornalista Clara Ferreira Alves organizou para Fernando Pessoa.
Não gostei. Ou melhor, não gostei mais do que gostaria de qualquer documentário sobre Pessoa, porque sou fã de Pessoa e heterónimos e o meu voto está há muito decidido. Acho que isso é dizer que gostei pouco. Porque, colocando-me na pele de alguém com outra intenção de voto ou ainda indecidido, o documentário simplesmente nada acrescentou a nada e certamente não convenceu quem quer que fosse que Pessoa tenha sido um grande português. Pelo contrário, até deu a entender, por falta de habilidade, que o que Pessoa foi se fez em Durban, na África do Sul, resultado de uma cultura anglófona. Ora, que diabo de defesa é essa?
Gostaria também que Clara Ferreira Alves, se algum dia se dignasse visitar este espaço, me esclarecesse em que se baseou para afirmar cabalmente que Álvaro de Campos (heterónimo) era homossexual... Como Campos é uma personagem, Clara Ferreira Alves só poderá ter bebido a informação na própria poesia e, como conheço toda a poesia de Campos, devo confessar-me, se assim foi, muito distraído. Ou na biografia de Campos, escrita por Pessoa, e mais uma vez me devo confessar distraído. Resta-nos a correspondência do poeta. Será? Como a afirmação é rotunda e surpreendente, gostaria de saber...
Preciso, igualmente, de chamar a atenção da jornalista para o facto de que o poema Chuva Oblíqua é, como todos muito bem sabemos, de Pessoa, ele mesmo, e não de Álvaro de Campos. Que diabo de erro tão crasso!
Faço também questão de frisar que dizer que a Mensagem demonstra um "nacionalismo exacerbado" corresponde a uma escolha terminológica horrível, porque facilmente confundível com coisas do género nacional-socialismo. É suposto que os jornalistas saibam utilizar a linguagem...
Além disso, ainda, afirmar que Alberto Caeiro (heterónimo) foi um poeta "clássico" é um absoluto disparate. Caeiro foi, precisamente, o heterónimo sensível ao universo mas com pouca cultura, cansado de pensar, e rotulá-lo de "clássico", sendo que classicismo e neo-classicismo são correntes artísticas bem determinadas, revela, bom, falta de cultura.
Por fim, entre outros pormenores, sinto-me na obrigação de arregalar os olhos de horror perante mais uma afirmação da jornalista, a de que Álvaro de Campos considerou as cartas de amor "ridículas". Que distorção mais sem nexo! E, mais uma vez manifestando-me desiludido com o trabalho da jornalista, vejo-me forçado a concluir com o poema referido, no qual Campos afirma muita coisa, mas não, certamente, que as cartas de amor são "ridículas" assim, sem tirar nem pôr. Antes o oposto. Clara Ferreira Alves que estude melhor a lição, nomeadamente a lição das cargas de sentidos que as palavras transportam em si e dos sentidos que a sua aplicação pode desencadear em quem escuta...



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos
São naturalmente
Ridículas).

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

O aborto

Sudoeste da Eurásia, ano de 5007

Uma cortante tempestade de areia varre, de ponta a ponta, o deserto do sudoeste eurasiático perto das ruínas de Portocalía. Jamsin Youdok vasculha o terreno teimosamente, mau grado a aridez e a tempestade, na sua teimosa convicção de vir a encontrar um resto, um resquício, talvez um escrito, talvez um artefacto, do tempo do Antes. Atingido em pleno rosto pela força que não parece aplacar-se, quase perde as esperanças por momentos. Subitamente, alguém entra esbaforido na tenda onde se abriga... É Alplaek, seu discípulo e, nos tempos mais recentes, o seu mais íntimo colaborador. Está corado de emoção. Esbraceja. Ofega.
Jamsin faz-lhe sinal para que se acalme. Que se passa? Alplaek ainda não está em si. Dar-lhe-ia um copo de água se a água não rareasse no local. Pede-lhe uma vez mais que se acalme. Em resposta, obtém um olhar esbugalhado. Atabalhoadamente, Alplaek estende-lhe um maço de folhas amarelecidas que abana febrilmente. Por fim, solta um suspiro e pede: leia! É de um tal Dan Brown!




Lisboa, 11 de Fevereiro de 2008

Cena de um centro de saúde lisboeta, local onde imperam a limpeza, o silêncio, a eficiência e a beleza...
Mulher - Estou muito satisfeita! Cheguei cá hoje de manhã, falei com uma equipa de médicos muito simpáticos que prontamente me atenderam e que imediatamente compreenderam o meu problema.
Rapariga adolescente, acompanhada dos pais - Ah, sim... E qual era, se não for indiscrição?
Mulher - Ah, bom, é que se me meteu na cabeça fazer um aborto mas, depois do acompanhamento personalizado a que desde logo tive direito, afinal opto por ter a minha criança.
Mãe da rapariga - Faz muito bem, muito bem... Principalmente porque o Governo do nosso bem amado primeiro tudo tem feito para incentivar a maternidade e a qualidade de vida das famílias. Ouvi, inclusive, dizer que, além da moradia que oferecem a quem opte por não abortar e da mensalidade de 5000 euros livres de impostos, vão passar a oferecer um Jaguar ou um Porsche à escolha.
Mulher - Ai, isso, como o nosso primeiro não há! É uma jóia de moço! E tão honesto!
Mãe da rapariga - Tão honesto, tão poupadinho e tão trabalhador! Olhe que não me lembro de um Governo com tantas leis!
Mulher - E a vossa menina? Alguma constipação?
Pai da rapariga (afagando risonhamente e em círculos a barriga da filha) - Oh, oh, oh! Não, não, a minha menina está com um tecido vivo na barriga e viemos cá fazer um aborto!
Rapariga - Pois. Não me apeteceu usar contraceptivo, é careta!
Mulher - Tirou-me as palavras da boca... careta! E uma situação dramática!
Mãe da rapariga - Sabe que desde que acabaram essas coisas do vão de escada...
Pai da rapariga - Desde que o nosso sistema de saúde passou a ser um exemplo para o mundo inteiro...
Todos juntos - Abençoado seja o nosso primeiro!
Enfermeira, atrás do balcão de atendimento - Amén!


Alplaek fita nervosamente Jamsin, como que aguardando uma resposta que este, emudecido de espanto e alegria, tarda em dar.
- É pena ser só isso mas... então? - interroga, com um ligeiro tremor de mãos.
Jamsin Youdok fita-o profundamente, ergue-se lentamente e, levando o maço de folhas acima da cabeça, exclama:
- Meu amigo, hoje fazemos história! Isto não é ficção! O documento que guardo nas minhas mãos entontecidas prova-o indubitavelmente: outrora, aqui floresceu um mundo civilizado a um ponto que nos custa mesmo a compreender!
- Um mundo civilizado! - acompanha Alplaek.
- Civilizado e perfeito! Temos tudo a aprender com esse esplendor que deu pelo nome de Portocalía! Hoje fazemos história! Assim se faz a história!



Imagem de www.igadi.org.

sábado, fevereiro 10, 2007

Maria da Fonte revisited

O povo é como um desses monstruosos elefantes da Índia de que tenho ouvido contar: de uma pujança indomável e de uma simplicidade risível, o mundo inteiro, pela violência, não o pode obrigar a caminhar contra a sua vontade, e uma criança, pela astúcia, obriga-o a fazer cabriolas grotescas. O povo tem a força de um elemento e um regimento não lhe pode impor uma ideia que um simples advogado hábil em declamação lhe faz aceitar sem esforço. Isto eram verdades já velhas no antigo mundo helénico. Os Polignacs, os Guizots, os Cabrais, são portanto culpados, não de falta de civilização, mas de falta de astúcia. Para que se há-de combater um monstro invencível, quando é tão simples iludi-lo?
(...)
Os políticos da geração moderna compreenderam e aceitaram a grave lição da
Maria da Fonte. O sistema da violência foi abandonado como inútil, e começou, com êxito, o dúctil método da habilidade.
O Conde d'Abranhos, com a sua alta intuição, sentiu que se estava preparando uma nova política, que, condizendo com o seu temperamento, seria o elemento natural em que a sua fortuna medraria como num terreno propício. Ele bem sabia que o Governo nada perdia do seu poder discricionário - mas que apenas o disfarçava. Em vez de bater uma forte patada no país, clamando com força: - Para aqui! Eu quero! - os governos democráticos conseguem tudo, com mais segurança própria e toda a admiração da plebe, curvando a espinha e dizendo com doçura: - Por aqui, se fazem favor! Acreditem que é o bom caminho!
Tomemos um exemplo: o eleitor que não quer votar com o Governo. Ei-lo, aí, junto da urna da oposição, com o seu voto hostil na mão, inchado do seu direito. Se, para o obrigar a votar com o Governo o empurrassem às coronhadas e às cacetadas, o homem volta-se, puxa de uma pistola - e aí temos a guerra civil. Para quê esta brutalidade obsoleta? Não o espanquem, mas, pelo contrário, acompanhem-no ao café ou à taberna, conforme estejamos no campo ou na cidade, paguem-lhe bebidas generosamente, perguntem-lhe pelos pequerruchos, metam-lhe uma placa de cinco tostões na mão e levem-no pelo braço, de cigarro na boca trauteando o Hino, até junto da urna do Governo, vaso do Poder, taça da Felicidade! Tal é tradição humana, doce, civilizada, hábil, que faz com que se possa tiranizar um País, com o aplauso do cidadão e em nome da Liberdade.
Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: "Eu, que sou governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a Soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o amolecimento da consciência o adormece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito... E quanto ao seu proveito, adeus, ó compadre!
"Ponho-lhe na mão uma espada; e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a Fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por trás dele, sou eu, astuto manejador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!"
(...)
Tudo isto o sentiu num relance o Conde, quando, depois da Maria da Fonte, os ministérios da Força cederam o passo aos ministérios da Astúcia. A
Maria da Fonte foi a introdução no Estado de uma nova táctica social.



Eça de Queirós, in O Conde d'Abranhos

domingo, janeiro 28, 2007

Porque é que voto não


Aborto por sucção com 10 semanas



Um dia destes, vinha eu a conduzir e a ouvir um pacóvio que defendia o "sim" na Antena 1... Afirmava ele, a propósito da posição assumida pelo professor Marcelo e outros, que se tratava de gente que, na realidade, defendia o "não" mas que não se queria assumir, pelo que tratavam de espalhar a confusão. Dizia ele que não fazia sentido tratar, por um lado, a despenalização e, por outro, a liberalização. "Este é um referendo e num referendo diz-se sim ou não. O contrário é estar a discutir o sexo dos anjos!", sublinhava ele aproximadamente.
Pois bem, eu acho e sempre achei que uma coisa e a outra são perfeitamente diferentes. Não precisei que ninguém mo explicasse. É verdade que a igreja e a direita passam o tempo a dar tiros nos pés com argumentações absurdas. Mas esta, este absolutismo tão socratiano, tão na moda, tão cheio de arrogância e vontade de nos fazer a todos passar por imbecis, bate, acho eu, a direita e a igreja juntos e no seu melhor. E dá-me uma imensa vontade de votar "não".
Como diabo é que os nossos políticos, depois de tanto se ter já discutido o facto de a pergunta colocada no primeiro referendo estar mal elaborada, podem ser tão burros ou mal-intencionados ou preguiçosos que nos colocam precisamente a mesma pergunta nos mesmos termos? Afinal, estamos nós a decidir não punir com uma potencial (ainda que não geralmente aplicada) pena de prisão mulheres que, por alguma razão, façam o aborto ou estamos nós a decidir que o aborto vai ser liberalizado e legalmente realizado ao bel-prazer de cada abortista com o dinheiro dos contribuintes? Porque não gastar essas verbas na prevenção e educação?
Podem indignar-se e dizer-me que há situações dramáticas e coisa e tal. E eu dir-vos-ei que métodos contraceptivos não faltam, incluída a pílula do dia seguinte, nem informação de todas as formas e feitios. Dir-vos-ei também que a lei já prevê inúmeras situações de aborto, que já prevê as situações mais dramáticas.
Mas há quem opte por só ver o que quer... Como uma senhora que, dando a cara pelo aborto num noticiário da TVI, afirmava com muita naturalidade ter feito três abortos e contava a história. "Tenho filhos e gosto muito deles porque foram desejados. Mas os outros, poderiam ser tecido vivo mas não eram desejados e não eram meus filhos". Não? Eram filhos de quem? Não sei se apercebem até que ponto se trata de uma situação somente dramática por nos levar a pensar que as pessoas são doidas ou não prestam.
Recordo-me perfeitamente de ter acompanhado o crescimento do meu filho no útero da mãe através de ecografias. Se pretendemos liberalizar o aborto até às 10 semanas, não nos esqueçamos que um feto com 10 semanas tem cerca de 5 cm mas encontra-se muitíssimo formado. Lembro-me do meu fetozinho, a quem se ouvia o bater do coração, dando voltas e reviravoltas, como que andando numa bicicleta intergaláctica - e tinha, precisamente, à volta de 10 semanas! Poderia ser "tecido vivo"? Não me façam rir!
É lamentável que se pespegue o "não" à direita e ao conservadorismo bacoco nacional enquanto a esquerda imbecil nacional se apropria do "sim". Quem é de esquerda vota sim. Quem vota não é de direita. Que idiotice pegada! E assim se menoriza a capacidade de pensar livre e independentemente dos portugueses. E assim se aborta todo o livre pensamento nacional de uma só penada.
Aliás, gostaria de saber por que razão o PS do engenheiro Sócrates, cada vez mais detestado pela sua arrogância de tipo, dir-se-ia, nacional-socialista, terá feito tanta questão em gastar dinheiro neste referendo quando o país está cada vez pior, as leis idiotas e quantas vezes retroactivas fluem à velocidade da luz, quando se goram impunemente as esperanças de todos portugueses. Será para desviar as atenções das coisas que realmente nos afectam a todos? Até quando é que os portugueses vão permitir alegremente que os continuem a tratar como um bando de cordeirinhos da matança? Como já foi dito, o PS encarará uma vitória do "não" como uma derrota do partido - entenda-se, do PS que hoje temos. Se são eles mesmos a afirmá-lo... Quem quer um melhor motivo para votar "não" a 11 de Fevereiro?



Imagem de http://lifesite.net.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Tom Waits on business

Eis um excelente vídeo do excelente Tom Waits: God's Away on Business. Com letra e tudo.






I'd sell your heart to the junkman baby
For a buck, for a buck
If you're looking for someone to pull you out of that ditch
You're out of luck, you're out of luck

Ship is sinking
The ship is sinking
The ship is sinking

There's a leak, there's a leak in the boiler room
The poor, the lame, the blind
Who are the ones that we kept in charge?
Killers, thieves and lawyers

God's away, God's away
God's away on business, business
God's away, God's away
God's away on business, business

Digging up the dead with a shovel and a pick
It's a job, it's a job
Bloody moon rising with a plague and a flood
Join the mob, join the mob
It's all over, it's all over
It's all over

There's a leak, there's a leak in the boiler room
The poor, the lame, the blind
Who are the ones that we kept in charge?
Killers, thieves and lawyers

God's away, God's away
God's away on business, business
God's away, God's away on business, business

Goddamn there's always such a big temptation
To be good, to be good
There's always free cheddar in a mousetrap, baby
It's a deal, it's a deal

God's away, God's away
God's away on business, business
God's away, God's away
God's away on business, business

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pintura de Vítor Teodósio

Para quem estiver no Porto e se interessar por artes plásticas, Vítor Teodósio, artista de elevada qualidade mas auto-remetido ao silêncio durante os últimos tempos, inaugura uma exposição individual de pintura no Espaço Ilimitado, à Rua de Cedofeita, 187, 1º. É hoje à noite, a partir das 22 horas.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Inspecmaia: onde não devem inspeccionar o veículo

Acabo de levar o meu carro à exploração anual da inspecção periódica de veículos, imposta ditatorialmente por Bruxelas e pelos nossos governos subservientes. Deparei com um gajo novo, tipo recruta cheio de pica e com vontade de ser inspector de polícia que, muito naturalmente, verificou que o carro está impecável, salvo por dois pormenores risíveis: um ligeiríssima mossa na jante direita dianteira e o diabo do esguicho do vidro de trás que não deita água. E não é que o "polícia", sempre com grande cara de pau, me forçou a gastar uma pipa a consertar essas balelas que não põem a condução em risco de modo algum e ainda achou que me estava a fazer um imenso favor por me dar 15 dias para resolver a situação? E que é a lei e não sei que mais...
Pois, partindo do princípio que o gajo não tem consciência e nunca soube o que é razoabilidade e que dorme perfeitamente bem todas as noites, sempre lhe digo onde é que pode enfiar a lei e o favor. A Europa e Portugal estão cada vez mais sufocantemente asfixiadas por regras e regrinhas ridículas, postas em prática prazeirosamente por estes servos sem alma que, em outras épocas, teriam aclamado um qualquer assassino no poder do mesmo modo.
A empresa onde não devem levar os vossos veículos é a Inspecmaia (na zona industrial da Maia). De polícias estamos nós cheios. Quanto à Europa, diz-vos alguém que foi europeista quando ainda poucos o eram, esta Europa já mete nojo. Ou muda um bocado de rumo ou vai acabar por se partir aos bocadinhos...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Triste Natal em Itália


Como suponho que saberão, o italiano Piergiorgio Welby sofria há 30 anos de distrofia muscular e utilizava, desde 1997, não só um respirador artificial, como ainda era alimentado através de uma sonda. Há cerca de três meses, enviou uma carta ao presidente da República italiana, pedindo o direito a morrer com a dignidade possível. Por fim, conseguiu que o seu anestesista lhe desligasse o aparelho respirador - mesmo com a noção de que se iria meter em graves sarilhos. E assim desencadeou o habitual conjunto de disparates que os conservadores costumam latir nestas situações, o habitual desrespeito pela vida humana que todos tão bem conhecemos.
Mas quem emitiu o seguinte comunicado foi a igreja católica: "A vontade de Piergiorgio Welby de pôr termo à vida, afirmada de forma repetida e pública, é contrária à doutrina católica". Lacónicos. Lacónicos que se recusam a dar um enterro católico ao falecido, mesmo tendo sido esse o seu desejo. Não me deveria admirar, mas admiro-me sempre... Onde é que a igreja católica pretende chegar com tamanho desrespeito pelas bases do cristianismo? O que distingue o Vaticano de uma testemunha de Jeová que, por exemplo, recuse uma transfusão de sangue salvadora a um filho que dela necessite? E Deus, a existir, o que pensará de tanta tacanhez em seu nome?


Imagem de http://pub.tv2.no.

Seasons Greetings!


O Natal começou a ficar descaracterizado desde que mataram o Menino Jesus e começaram a vender chapeuzinhos vermelhos com meia dúzia de luzes piscantes em cores diversas e uma etiqueta chinesa. Mas tenho a sensação de que já se preparam para, de igual modo, assassinar o simpático velhinho da Coca-Cola... Ou o que quer que ele represente, para além do consumismo desenfreado em tempo de crise - que se supõe não existir na Lapónia - e dos jantares e almoços de enfarta-brutos, como se ninguém se alimentasse durante o resto do ano, o que até se pode tornar uma certa realidade graças às políticas de contenção do nosso estimado primeiro.
O primeiro sinal está no facto de que, para não ferir susceptibilidades de radicais islâmicos, assim como frequentadores de outras religiões que se estão perfeitamente nas tintas, se começa a abandonar tudo o que possa conter significado religioso cristão, incluindo o próprio termo "Natal" e a substituí-lo por um gélido "Seasons Greetings", tão politicamente correcto! Correcto mas gélido, que esta estação está um frio de rachar e o Verão nunca mais chega... A propósito, entrevistámos o Pai Natal, que se encontra sob protecção das autoridades, algures num bunker de um país que nos comprometemos a não revelar:

MM - Pai Natal, como se sente perante a ameaça que paira sobre si?
PN - Ioh-oh-oh!
MM - Efectivamente, mas o que tem a dizer desta já visível mudança de rumo?
PN - O Pai Natal vê quando te portas bem e quando te portas mal.
MM - Provavelmente, mas como se posiciona perante este ataque velado e interno aos nossos símbolos religiosos e ao próprio espírito natalício?
PN - Quer comprar um chapéu de Pai Natal? É só um eurinho!
MM - Habla portugues?
PN - Portugal esta en el buen rumo!
MM - Muchas gracias! O Pai Natal está alienado!...



Seasons Greetings!



Imagem original de www.splachovac.cz.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Mais feliz Natal com presépio e tudo

Desconheço a proveniência do original e peço desculpa por não a mencionar, mas que está com graça, está!

MUSIK deseja Merry Xmas Everybody


Quem se lembra dos Slade, um grupo de quatro amigos skins que mudaram de rumo e criaram uma das bandas britânicas de maior sucesso do início dos anos 70? O tema que o MUSIK seleccionou para este Natal é Merry Xmas Everybody, da viragem de 1973, um dos temas mais calmos e também de maior sucesso da banda de Noddy Holder. Terá também sido um dos poucos temas com um título sem erros ortográficos desta banda que se pautava por editar canções com títulos como Cum on feel the noize, Gudbuy T'Jane, Coz I luv you, Look wot you dun, Skweeze me, pleeze me ou Mama weer all crazee now, entre muitos.


Imagem de www.expressandstar.com.

Um Ioh-oh-oh dos Simpsons

Um Ioh-oh-oh dos Simpsons para vossas mercês!


terça-feira, dezembro 19, 2006

Feliz Natal, Feliz Natal!






É mais um Natal, mais um Natal, mais um Natal e as reuniões de notas já terminaram (agora, só tenho que fazer oito exames de Francês.......). Estava com vontade de vos falar de uns episódios costumeiros nas ditas reuniões, mas..... ná! Não vou dizer coisas que dêem a impressão de que todos os professores andam a fazer a vontade à ministra, facilitando tanto tudo que o ensino e a aprendizagem se tornem numa palhaçada de mancheia onde se aprende que o laissez-faire e a aldrabice compensam. Mas sempre vos digo: quando virem um 4 ou um 5, ou um 18, 19 ou 20, vá lá que fiquem orgulhosos, mas não acreditem piamente que o resultado é efectivamente real. E assim começamos, por ordens superiores e apesar da perpétua conversa fiada da cultura de exigência, o maior dos males de Portugal - o surrealismo não artístico - na própria escola. De resto, feliz Natal!




sábado, dezembro 02, 2006

Sempre voto nos melhores blogs...



Após alguma ponderação e apesar de ter manifestado a minha intenção de me abster na votação para os Melhores Blogs de 2006 organizada pelo Geração Rasca (link uns posts abaixo), sempre aqui vou deixar a minha votação. Singelinha, mas cá vai:

Melhor blog feminino: Casa de Maio.

Melhor blog masculino: We have kaos in the garden.

M
elhor blog colectivo: Bitaites.

Melhor blog temático: A cidade surpreendente.

Melhor blogger: abstenho-me.