It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

O tabaco e a TV

Duas breves notas apenas, ambas relacionadas com a exageradíssima (ver situação mesmo aqui ao lado, em Espanha e não, não vale a pena fazer de conta que somos nórdicos) lei do tabaco, entrada em vigor em 1 de Janeiro passado...
Primeira: logo à noite, o sobrevalorizado magazine televisivo Prós e Contras, permanentemente feito em cima do joelho pela jornalista Fátima, vai dedicar o seu debate semanal a esta temática, com uma palavra de ordem do género "os portugueses divididos ao meio" e outros sensacionalismos do costume. Mas não antevejo o que quer que seja de sensacional no programa e depois me dirão se tenho ou não razão... De um lado, vamos ter o bando dos copinhos de leite que tomaram o poder a defender a proibição total do tabaco (e de tudo o que se seguir, mas ninguém tem cabeça para pensar que cada passo é um pequeno passo para o abismo da ditadura). Serão, porventura, raivosos, agressivos e aparentemente racionais. E dirão (a não ser que se controlem) coisas como "toda a vida levei com o fumo dos outros em cima e agora nunca mais", "se querem morrer, que vão morrer sozinhos e para outro lado", "nunca mais ninguém fumará à minha beira" e ainda o batidíssimo "a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros". O tabaco vai ser diabolizado como a pior substância do universo e além. Do outro lado, teremos os fumadores... Como, perante as tendências da moda, não vão ter lata para expressar o que realmente pensam e sentem, o debate não será debate algum e tudo terinará numa tepidez de vomitar aos jorros. Ou seja, a lei do tabaco está aí, venceu, aos fumadores foram negados quase todos os direitos sob uma capa de racionalidade, democracia e saúde pública e não vejo, sinceramente, para quê bater mais no ceguinho a não ser por falta de assunto.
Segunda: a miserável Europa do Barroso e dos parlamentares que não representam ninguém a não ser a si mesmos e às suas vidas de nababos internacionais, colocou na televisão uma série de anúncios que de tão abjectos só dão vontade de fumar. Surgem sob a etiqueta "help". Nestes, os fumadores são representados como toxicodependentes imundos e gente que está boa para um hospício. Quem duvidar, que veja os referidos anúncios com olhos de ver e sem ideias preconcebidas. Não me parece nada bem. Principalmente da parte de uma Europa que só nos tem impingido a sua ineficácia e as suas regras e regulamentos de facto não adaptáveis à alma dos países do sul, se é que ainda alguém, no meio da carneirada, ainda se preocupa em preservar algo dessa alma. SEnão, que nos conquistem todos, já que não merecemos outra coisa.
E agora, boa noite, que vou fumar um cigarro. Abraços.



ACTUALIZAÇÃO - Pronto, enganei-me. O Prós e Contras até teve uma certa vivacidade e foi bom ver o Francisco George, um fascista não assumido, a espetar-se de várias maneiras, nomeadamente quando defendeu a possível proibição das lareiras. Três vivas para a Fátima Bonifácio na sua defesa das liberdades individuais e ainda para o homem dos casinos pelo facto de que, tendo um discurso bem estudado e ideias bem estruturadas, calou na perfeição todos os defensores do establishment actual (pessimamente preparados). De resto, tudo como dantes, quartel general em Abrantes.