It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Caricatura de Hitler durante a ocupação (mais breves considerações)

Confesso-me cansado... Cansado da estupidez, da ineficiência, do culto da ignorância, da maldade pura, do egocentrismo, da desigualdade, da desresponsabilização, etc., etc., etc., you name it, certamente que muitos de entre vós saberão bem do que falo, sem que pretenda referir-me a quem quer que seja em particular: é apenas uma globalidade entristecedora. Por isso o It Takes Two tem sofrido com actualizações mais raras do que seria normal, do que deveria ser normal.
Não é que não houvesse coisas para comentar... Como o recentíssimo caso da nossa cara ministra da Educação que decidiu visitar uma escola da zona de Coimbra onde se realizavam provas e que, muito confiantemente, achou por bem convidar a imprensa em peso. Ao chegar lá, deparou com os professores vestidos de luto e os alunos empunhando cartazes de protesto. A imprensa, naturalmente, já não pôde entrar. Muito pouco tempo decorrido, a Lurdinhas regressa ao exterior. Vai falar? Não vai falar? Nada disse. Interrogada pelos jornalistas que em peso convidara, teve apenas inspiração para ir repetindo: "Não sei. Não sei. Não sei." Convenhamos que seria caricato, não se desse o caso de sermos governados por uma classe política que "não sabe", o que assume contornos dramáticos.
Não é, pois, que não haja nada para comentar. Há sempre muito, muito. Mas a "geleia geral" é tanta e tão peganhenta que me confesso cansado de me debater. Pensei, não em deixar-vos um adeus, mas em partir para umas férias. Umas férias não da blogosfera, onde sempre me mantenho atento e participante, mas sim do It Takes Two, onde não agrado a gregos e troianos (nem pretendo, só os blogs mais amorfos embora com a qualidade inegável de não o parecerem o conseguem) e acabo sempre por estar no campo de mira seja de gregos, seja de troianos. E eu nem ando com vontade de participar em guerras arcaicas causadas por donzelas cheias de calcanhares de Aquileias e gajos com doses excessivas de testosterona... Mas, seja, também não me apetece tirar férias assim, pelo simples facto de que nunca poderia passá-las suficientemente longe. Permitam-me apenas ser mais espaçado neste momento.

E permitam-me não perder de todo o sentido de humor... No tempo da ocupação nazi em França, corriam, como é natural e característico do carácter inventivo de alguns, inúmeras anedotas acerca do ocupante. Ora, algumas delas acabam de me vir parar à mão. Umas são mais datadas, outras têm menos graça, mas seleccionei um trio delas, bem pensadas e bem humoradas, para vocês. Vá, riam!




Um oficial alemão alojado num castelo ocupado andava furioso. Já por diversas vezes tinha ouvido o papagaio do castelão gritar: "Morte aos boches!". Pelo que o ameaçou:
"Se o papagaio repetir isso, você será fuzilado!"
Atrapalhadíssimo, o pobre castelão correu a encontrar-se com o padre cura, o qual tinha um papagaio semelhante ao seu.
"Em sua casa não há alemães. Faça uma troca comigo...", suplicou.
O padre aceitou a troca de boa vontade e, nessa noite, o alemão não foi recebido pelo habitual grito de guerra. Espantado, passou e voltou a passar frente ao papagaio. De seguida, irritado, debruçou-se para o pássaro e gritou-lhe:
"Morte aos boches!"
"Deus te ouça, meu filho", respondeu o papagaio.

Um vendedor de jornais repetia, todas as manhãs, ao feldgrau que lhe vinha comprar o Pariser Zeitung:
"Aí está o teu jornal, grande palerma".
Certo dia, o alemão pediu a um francês a tradução de "grande palerma"...
"Isso significa "grande conquistador".
No dia seguinte, como era hábito, o vendedor de jornais disse-lhe:
"Aí está o teu jornal, grande palerma".
"Não", retorquiu o alemão, "Eu não grande palerma. Eu, pequeno palerma. Hitler, grande palerma".

Bom, para o fim deixei aquela que é, concerteza, a jóia da coroa. Façam o favor de apreciar:

Hitler visitou um manicómio em companhia de Goering. A dado momento, chegou junto a um pavilhão onde o director não o queria deixar entrar. O Führer forçou o acesso e viu-se acolhido por doze loucos, todos com o mesmo uniforme que ele, a mesma melena e o mesmo bigodinho.
"Eu sou o verdadeiro Hitler!", exclamou ele.
"Eu também! Eu também!", começaram os loucos a gritar, enquanto se precipitavam em direcção ao recém-chegado para o congratular.
Quando o director e Goering finalmente entraram no pavilhão, deparararam com treze Hitlers, os quais repetiam em coro afinado:
"Eu sou o verdadeiro Hitler! Eu sou o verdadeiro Hitler!"
Pobre Goering... Viu-se forçado a levar consigo um deles, completamente escolhido ao acaso. Alguns dias mais tarde, Hitler iniciava a invasão da União Soviética.



Imagem de www.hobrad.com.