Tanto desperdício de mar
Sinto sempre uma corrente fria na espinha, um fluxo morno no coração, face à conquista humana dos elementos... O ram-ram-ram imaginário das máquinas paradas. Os desfiles dos carros de bombeiros. A música estrilhando em altofalantes sem que a lei se lembre de multar as câmaras. O entulho acumulado pelo progresso. A população atafulhando os areais. O lixo flutuando no azul espumoso. O arfar dos peixes de beiça trespassada nos seus derradeiros instantes. Os guindastes balouçando perigosamente ao sopro da brisa oceânica. Sinto-me ínfimo, verdadeiramente ínfimo, perante as imensas forças tornadas incontroláveis. O país está em obras, as reformas estão em obras, o trabalho está em obras, as moralidades estão em obras, as carteiras estão em obras e todos os elementos ronronam em sorridente estupefacção.
1 Comments:
Tão verdade...
Felicidades
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