V de Vendetta
De um modo geral, os filmes baseados em bandas desenhadas são um imenso barrete - e não me fico pelos Flintstones, posso bem incluir na categoria os filmes do Batman e por aí fora...
Não é o caso de V de Vendetta. Optando por não vos desvelar a história, devo, no entanto, dizer que a sua grande força reside no facto de retratar uma situação que se aproxima de realidades demasiadamente possíveis, possíveis graças ao sentimento de medo e aceitação que perpassa a generalidade das nossas sociedades, e ainda porque, voilà!, conta com óptimas representações, óptimos diálogos e, porque não?, óptimos efeitos especiais inclusive. Imaginem que os vossos medo, apatia e aceitação permitem às nossas sociedades pré-totalitárias transformarem-se em sociedades verdadeiramente totalitárias, onde os escrúpulos já não existem sequer de forma disfarçada... Seria bom surgir um "herói" dedicado a resolver a questão de uma vez por todas, ou não? Alguém que, como o mascarado V desta película, fosse capaz de afirmar "As pessoas não deveriam ter medo dos seus governos. Os governos deveriam ter medo das pessoas". Os neo-liberais, tão utópicos à sua maneira como os anarquistas ou os comunistas, costumam pensar que encontraram a fórmula mágica para acabar de vez com todas as revoluções. Nisso, demonstram um absoluto desconhecimento das lições que a história nos vai ensinando. Este filme é uma revolução no futuro. Mas fala-nos claramente do presente.
Dirigido por James McTeigne e com script de Andy e Larry Wachowski, V de Vendetta conta com a participação de Hugo Weaving no papel de V, Natalie Portman como Evey e John Hurt como Adam Sutler, o ditador abjecto e que só surge em grandes ecrãs, sempre tão furioso que me interrogo como é que não morre de ataque cardíaco (mas Hitler também parecia permanentemente furioso, não era?). Suponho que o filme venha a ser esquecido pela Academia como o foi o memorável Fight Club... Mas quem se preocupa com a Academia?
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