It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

quarta-feira, junho 14, 2006

As lágrimas da ministra da chiclete (e de todos)


A ministra considerou hoje que a greve convocada pela Fenprof (da qual, desde já, nos desmarcamos pela inutilidade costumeira e mau aspecto causado pelos fins de semana prolongados) é muito prejudicial para os alunos e acho que tem toda a razão... Já tive oportunidade de ver grupos imensos de jovens em idade escolar derramando pesadas lágrimas amargas e sanguinolentas pelas esquinas de todo o país (sim, desloco-me depressa). Interrogados alguns deles, retive este testemunho que considero, a todos os níveis, extremamente tocante: "É bué injusto pk fòra das aulas sou km 1 px fòra du akuàrio, meu, axu k ñ kon-cigo respiràr fòra da iscò-la, môrru d sódads dus meus setôres! (lágrimas e mais lágrimas)".
Parece, igualmente, que a ministra referiu, por interposta pessoa do ministro dos Assuntos Parlamentares, o seu espanto face às reacções dos docentes, uma vez que as "negociações" ainda agora começaram, sendo que o mesmo se revelou boquiaberto por a greve estar agendada para junto de dois feriados - atenção, atenção, que Portugal não é só Lisboa; exige-se respeitinho pelos restantes portugueses! Fontes reais e próximas da Lurdes (que, como deve ser, fazemos questão de proteger) apontam para o facto de esta ser conhecida como uma daquelas pessoas que "têm sempre uma resposta para tudo e nunca mudam de ideias, pelo que é horrível discutir o que quer que seja com ela".
Segundo apurámos ainda, as lágrimas corriam, hoje, como cataratas do Angel nos corredores de São Bento, em resultado da greve. "É que nos vai obrigar a fazer contas quando da altura de pagar salários! Toda a gente sabe ser uma tradição, pelo menos desde Guterres, não haver ninguém, nos meandros governamentais, capaz de o fazer! E digo-lhe mais, mas em off the record: antes era igual, mas a classe política ainda não tinha, nesse itém particular, saído do armário!", confidenciou-nos um assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor, a quem tivemos que ceder um pacote inteiro de lenços, facto que nos obrigará, igualmente, a fazer contas. Ora, deixa cá ver: 2x2 = 4. Ou é 3? Epah! Ou é eh, pá? Parece que estou a ficar cada vez mais político!

Posto isto, a pergunta que se impõe... Já se lembrou de vestir a sua mais elegante roupa negra para levar hoje à escola onde lecciona ou já nem lhe sobra dinheiro para comprar roupa negra?