It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Aquele abraço

Sei bem que isto subverte, de certo modo, a imagem (tão bem cultivada, eheheh!) do It Takes Two. Mas aqui vai, ainda assim, uma imagem do que de facto espero que seja o espírito de Natal e do ano inteiro para todos vós, a quem também envio um abraço.

6 Comments:

At 11:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Sinto-me completamente abraçada.
Muito, muito obrigada pela partilha desta emoção:)
bjs

 
At 10:05 da tarde, Blogger POS said...

O Macaco grande e o seu macaquito (posso dizer estas coisas, pois essa fatalidade da minha origem que nós conhecemos, isto é, o ter sido encontrado num cesto da vindima, iliba-me de qualquer parentesco simiesco...).

 
At 3:06 da manhã, Blogger Jorge Simões said...

Sei que isto vai constituir um choque para ti, mas a verdade é bem diferente do que imaginas... O meu, nosso, único ramo comum com os símios separou-se há muitos milhões de anos. Verdade. Juro. Mas outra verdade é a da tua chegada à nossa companhia... Cesto de vindima? Não. Já tens idade suficiente e, quiçá, um niquito de maturidade até, para conhecer toda a realidade, visto que cestos de vindima é como acreditar no Pai Natal, no Menino Jesus (que, a ter existido, foi de facto menino) ou, inclusive, na cigogne (a tal que vem de França). A verdade é que, estando eu certo dia a passear pelos nossos frondosos pinhais (há muito tempo, como calcularás...), vi um mochito caído de um ramo, piando tristemente, tristemente de cortar o coração e esfacelar a alma, piando assim: "Eu sou ninguém... Eu sou ninguém..." Vi logo que a pobre avezita perdida estava muito fora de si, visto que o pio pouco sentido fazia. Ajoelhei-me e o diabo do bicho tento bicar-me! Movido pelo meu forte sentido humanitário, ainda assim, voltei a aproximar-me e simplesmente perguntei: "Como te chamas, pobre avezita de rapinita?" O mochinho começou por esconder o bico entre as trémulas asinhas, nuna parando de choramingar: "Eu sou ninguém..." "Vá lá, isso não faz sentido", disse eu. "Como te chamas mesmo?" "Quem és tu, na tua arrogância, para julgar aquilo que cada um decide chamar-se?", zangou-se o rapinito na seu piozito frágil. "Vá, vá, não tens que te zangar. Se não quiseres não dizes... Olha, vou-me embora e deixo-te aqui no teu pinhal em vias de extinção". Mal me afastei dois, não mais do que três passos, ouvi o pedido desesperado, a vozita quase inaudível que me suplicou: "Espera... Não te vás... Eu... sou... não, vais-te rir!" O mochito corou. "Prometo que não me rio!", asseverei, com o ar mais pretensamente sério do mundo. "Chamo-me... pausa e inspiração profunda... Mocho Olaf!" Confesso, fraquejei. No instante seguinte, rebolava no chão, agarrado ao estômago de tanto rir perante o nome mais divertido que já escutara. "Prometeste que não te rias!", guinchou o Mochito Olaf, rubro da mais pura ira, enquanto me ia bicando incontidamente. Consegui rebolar para alguma distância, embora ainda tenha sentido um garfo aguçado cruzar os ares bem rente ao meu couro cabeludo! "Calma, calma!", ordenei. O mochito acalmou-se... Os pequenitos respeitam sempre as demonstrações de força. "Calma...", insisti. "Vou-te arranjar um nome melhor. Deixa cá ver... Hmmm... Pedro Olavo Símio!" "Símio?", bufou Olaf, já cheio de vontade de dar um grande salto e me acertar com a asita no nariz. Confesso que era ternurento. Mas o que eu pretendia mesmo, em toda a minha bem reconhecida generosidade, era fazer feliz um pequeno ser desprotegido no meio de um pinhal profundo. "Ok", concordei, "Talvez Símio não seja a melhor escolha. Que tal Simões, embora continues a ser Símio para os mais íntimos?" O rosto do passarito iluminou-se. "Simões?", repetiu, com o biquito escancarado num sorriso. "Sim. E se quiseres até te levo para casa e penduro-te no cimo do pinheiro de Natal, onde te poderás sempre recordar da tua saudosa floresta!" Mocho Olaf, rebaptizado agora Pedro Olavo Simões (Símio apenas na maior intimidade), pulava de contentamento. E assim chegou ao nosso convívio e ainda hoje, a cada Natal, salta para o topo do pinheirinho e pia feliz a noite inteira apesar dos protestos justificados da vizinhança. É verdade que as crianças gostam, por vezes, de lhe ir apertar o bico, como quem diz: "Tá calado, pá! Não mandas em mim!" e coisas do género. Mas o importante é que toda a gente ri e que, reposta a verdade, sempre parece haver alguma justiça no mundo!

 
At 4:26 da tarde, Blogger POS said...

Ai, que vontade de dissertar sobre o pobre rapazito que, no pinhal de Ofir, abandonado, gemia: "Menina... menina..."

 
At 5:55 da tarde, Blogger Jorge Simões said...

Ainda os teus trisavós não voavam... Como basicamente a minha vida sempre foi tão normal que até faz impressão e ainda continua a ser, duvido que as tuas dissertações dessem um livro.

 
At 11:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como eu te entendo.

 

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