Tenho estado a acompanhar com interesse o Prós e Contras desta noite, eu que até tenho por hábito nem sequer olhar para aquilo em que a televisão se transformou, e gostaria muito que tivessem dado a palavra aos professores e não apenas a teóricos. Mas, vá lá, sempre lá está uma professora reformada que não fala mal. Infelizmente e do meu ponto de vista, não deixa de ser algo contemporizadora, uma das características que mais têm contribuído para o amesquinhamento da profissão de que todas as profissões provêm e que é, infelizmente, ultra-visível nos comentários tímidos dos representantes sindicais e uma razão fundamental porque tantos não se sindicalizam.
Não gostei nada da forma como a apresentadora iniciou o programa nem do modo como tem estado a bater na tecla minimal repetitiva das aulas de substituição, como se todo o universo se cingisse a um qualquer sol central e nada mais existisse em seu redor. A conceituada apresentadora (talvez conceituada por ausência de verdadeiros profissionais na televisão nacional) denota desconhecimento da matéria e impreparação para o exame.
O representante das associações de pais, tal como Louçã não comenta as exigências de desculpas do ministério, não será comentado por mim. Parece-me um indivíduo muito nervoso, quiçá um possível ditador (mas quem sou eu para julgar?) em circunstâncias favoráveis (adorei, no entanto, o comentário da professora reformada relativamente à rapidez com que as mentes mudaram de 24 para 25 de Abril de 1974) e, sobretudo, alguém que quer negar aos filhos deste país aquilo a que ele próprio teve direito. Mas é possível que, como quase todos, padeça de algum tipo de complexo de culpa e que, em vez de procurar resolvê-lo e guardá-lo para si, faça questão de o impingir a toda uma sociedade. Pontos de vista... Mas não necessariamente positivos.
Foi dito ainda que com professores desmotivados, infelizes e revoltados não vamos a lado nenhum. Eis a maior das verdades. Mas parece que cada um só se ouve a si.
Por fim, adorei certos comentários da ministra, nomeadamente quando considerou que nada havia de errado em os professores assumirem o papel de "ama-seca" (sic) perante grupos de alunos que os vão odiar por isso. E não sem razão, que é o pior! Ou quando disse que os professores eram um grupo de "profissionais altamente qualificados"... Se são tão qualificados assim, porquê trabalhar a cabeça do público no sentido de os encarar como escravos gregos, pau para toda a colher? E - é tão, mas tão lamentável que ninguém fale disso! - se são assim tão altamente qualificados, porque são eles tratados como ineptos a quem se impõem soluções de gabinete e porque razão são eles tão mal pagos e cada vez pior pagos? E porque se pretende impingir-lhes uma progressão na carreira com números limitados e exclusivamente validada por terceiros (o que não sucede noutros países - nem a limitação de números, nem a exclusividade desse tipo de avaliação), o que, num país como Portugal levará obviamente, mas tão obviamente, à corrupção e a compadrios e à injustiça total e absoluta com pioria óbvia do ensino oficial que não é pago com os impostos dos restantes cidadãos, como implicou o nervoso representante das associações de pais, mas também com os impostos dos professores, os quais não são pouca coisa?
Só para concluir, essa história das aulas de substituição - e podem crer que se eu fosse aluno me revoltaria; só que eu não me esqueço das minhas diferentes idades, contrariamente a todos os que parece que sempre foram velhos - é uma treta absoluta. A escola necessita de muito mais. Os alunos do 7º ano, por exemplo, não sei se sabem mas têm 17 disciplinas! Para além das actividades que os pais os levam a ter! Os alunos não têm direito a ser jovens porque passam o dia a trabalhar! E depois querem disciplina nas escolas? E em 2005? E com o ensino massificado? Haja paciência! Mas dizia eu que a escola necessita de muito mais... Eu, por exemplo, estou à frente do jornal da escola e encarregado da parte musical do grupo de teatro escolar. Mas a preocupação desta gente é que os alunos estejam presos numa sala de aula sem disso retirarem qualquer lucro! Isso tem muitos nomes possíveis e, para que nenhum senhor zangado me processe (porque nem ganho o suficiente para pagar a um advogado, apesar de ser um profissional altamente qualificado) não os enumerarei aqui.
FINALIZAÇÃO (2ª PARTE): A segunda parte do debate foi muito mais morna e com a aparente qualidade (porventura defeituosa) de toda a gente se querer colocar teoricamente de acordo, salvo talvez o representante das associações de pais , o qual manteve um ar que me pareceu de zanga até ao final.
Avaliação dos manuais? Com certeza. Esperemos que os lobbies não tomem conta de tudo. Avaliação dos professores? Com certeza. Esperemos que os lobbies não tomem conta de tudo. Perdoem-me o cinismo, mas é fruto da experiência e reconhecimento não hipócrita do país em que vivemos...
1 Comments:
Também assisti, não vou comentar porque assino por baixo tudo o que está aqui escrito.Só uma nota, eu pertenço a uma associação de pais, sempre que há reuniões o papel do "Sr. Presidente" e restante equipa é tão triste como foi o desse representante, o único alvo que sabem atingir são geralmente os professores,não sabem elucidar,nem estruturar iniciativas construtivas,nada. Ainda não entenderam que temos de estár do mesmo lado da barricada. Enfim...é mau, pois trata-se da educação, pilar de construção fundamental.
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