It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

quinta-feira, agosto 25, 2005

Um gostinho acre de poesia erótica



Nascido a 16 de Dezembro de 1865 no Rio de Janeiro e falecido a 28 de Dezembro de 1918, na mesma cidade, Olavo Bilac foi a figura máxima do parnasianismo brasileiro. Boémio inveterado durante todos os seus 53 anos de vida, começou Medicina no Rio e Direito em São Paulo, mas não chegou a concluir qualquer dos cursos. Poeta, jornalista literário, autor de crónicas, conferências literárias, de livros infantis e didácticos, e ainda professor, inspector escolar, secretário do Congresso Panamericano e fundador da Agência Americana, publicou Poesias, o seu primeiro trabalho, em 1888. Membro-fundador da Academia Brasileira de Letras em 1896, foi também o autor da letra do Hino à Bandeira. Em 1900 partiu para a Europa como correspondente da publicação Cidade do Rio, ano a partir do qual passou largas temporadas em Paris. Bateu-se, nos seus últimos anos, pelo serviço militar obrigatório, por considerar tratar-se de uma das melhores formas de lutar contra o analfabetismo.
Dele disse Saul de Navarro: "A graça sensual de um satírico, na selva lírica da nossa alma de gigante adolescente. Pàssaro do idioma. Gorgeio da raça. Príncipe dos poetas".
Segundo parece ainda, nos seus últimos momentos de vida, já agonizando, terá exclamado: "Amanhece... Vou escrever!"
A questão aqui não é a de uma mera biografia de um poeta maior, mas sim de como terá arranjado tempo para fazer tudo o que fez e ainda aproveitar a vida como parece que terá aproveitado, escrevendo, pelo meio, versos certamente chocantes para a época como os que hoje vos trago...


DELÍRIO

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo !

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a respirar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem !- num frenesi.

No seu ventre pousei minha boca,
- Mais abaixo, meu bem !- disse ela, louca,
Moralistas, perdoai ! Obedeci...




Votos de perfeita boémia do vosso Master...

Informações de www.astormentas.com, http://orbita.starmedia.com e www.secrel.com.br
Fotos de www.cosmo.com.br e www.shadesbeyondgray.com