It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

terça-feira, setembro 06, 2005

Quando os criticados criticam os críticos.

Quem é que acredita realmente que um crítico que dá uma estrela ou uma bolinha ou um donut ou um contentor de lixo a um determinado livro na publicação onde lhe pagam, de facto leu atentamente o livro ou ouviu o disco do princípio ao fim com atenção ou percebe como diabo é que se misturam cores para propocionar um determinado efeito visual? Aliás, quem é que imagina que os críticos não têm preconceitos, gostos, simpatias e antipatias?
A mais perfeita crítica (anónima) que eu já ouvi a alguém sobre os críticos rezava assim: Os críticos comem merda. Bom, gostos não se discutem e cada um é, na perspectiva do Master, livre de comer o que bem entender... Convém é lavar os dentes depois e talvez gargarejar com Tantum verde.
Façam, então, o favor de ler o que alguma gente famosa disse sobre os críticos. Na minha modesta óptica, poderiam ter dito muito pior. Mas é o que se arranjou...



O crítico é um censor económico do consumidor burguês. O papel fundamental dele é poupar dinheiro das pessoas, é poupança, entendeu? E zero para o resto! Negócio do crítico dizer que está defendendo ideais nobes é uma ilusão dele. Ele é censor do dinheiro do burguês que vai a teatro na Zona Sul. O resto é papo furado. Estou avisando todo mundo: é papo furado. (Caetano Veloso, músico)

Eu acho uma safadeza quatro ou cinco semi-analfabetos, que não sabem escrever português, sentar numa revista e num jornal e escrever qualquer coisa sobre a gente, assim, depreciando. (idem)

Eu sou um crítico muito melhor do que noventa mil vezes eles juntos, multiplicados, entendeu? Então, é uma competição que, realmente, não dá. (idem)

Essas críticas, essas coisas, interferem na relação profissional e no mercado, mas eu fico tranquilo, porque não posso me considerar como se eu fosse sabão em pó, entendeu? Não sou sabonete e nem cigarro Comander. (idem)

Se os idiotas te odeiam, isso só prova que não és um deles! (Ted Nugent, músico)

A crítica é uma forma indirecta de alguém se gabar. (Emmet Fox, autor)

Perguntar a um escritor o que pensa da crítica é o mesmo que perguntar a um lampião o que pensa dos cães. (John Osborne, produtor e dramaturgo)

Quando criticam alguém, isso nada diz sobre essa pessoa. Fala apenas da necessidade própria de ser crítico. (Richard Carlson, actor, realizador e autor)

Se eu acreditasse no que eles escrevem, já há muito que teria cortado os pulsos. (William Goldman, actor e dramaturgo)

Chorei o tempo todo a caminho do banco! (Liberace, músico, quando interrogado sobr se se importava de ser criticado)

A crítica é o preconceito tornado plausível. (H. L. Mencken, editor)


Mas, por vezes, os próprios artistas podem assumir o papel de críticos eles mesmos - e com muito mais graça do que os que são pagos para criticar:

O senhor Wagner tem momentos de grande beleza mas muito maus quartos de hora. (Gioacchino Rossini, compositor)

Não gostei da peça. Mas a verdade é que a vi em circunstância desfavoráveis - as cortinas tinham sido erguidas. (Groucho Marx, actor)

E assim o vosso Master arranjou mais uns bombos da festa para vosso simultâneo entretenimento e kultura. Abraços!

Citações de Caetano - Esse Cara (Heber Fonseca, Editora Revan), www.randomterrain.com, http://en.proverbia.net, http://en.thinkexist.com e www.painterskeys.com.

Imagem de www.zilka.at.