It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

terça-feira, maio 30, 2006

Cepsa imita Artezé na Maia


Ainda na sequência do famigerado "caso Artezé", mencionado uns posts atrás e que teve o condão de chatear alguém que conhece a Artezé, mais um aviso para os maiatos...
A estação de gasolina Cepsa, sita frente ao McDonald's, perto da rotunda do Lavrador, tem uma estranha política de incumprimento de horários, notada por vários consumidores que lá formaram fila. Apesar do horário de encerramento de portas apontar para a meia-noite, à meia-noite menos um quarto já as duas funcionárias de serviço se tinham entricheirado no interior. Em lugar de procurarem atender os clientes que se começavam a amontoar antes de enfim debandarem para outros estabelecimentos, as cumpridoras funcionárias entretinham-se a mexer em moedinhas, lançando, de quando em vez, olhares enfadados para o exterior, ou sorrindo entre si enquanto prolongavam propositadamente a demora.
Achei que o responsável daquela estação de serviço gostaria de ter conhecimento da ocorrência, que teve lugar precisamente hoje... Se alguém o conhecer e lhe quiser transmitir a informação, estará a agir civicamente.

Ora, isto pode levar-nos a breves considerações sobre o capitalismo à portuguesa... Não sou, longe de mim, anti-capitalista. Considero o capitalismo a forma mais natural de estar no mundo. O que há é gente muito mal formada a rodos no nosso rectangulozito, o que leva a que por cá não exista, nem de perto de longe, nada que se possa parecer com capitalismo.
Expliquemo-nos... O capitalismo só pode existir se se alimentar a si mesmo. Tem que haver produtividade, risco, inovação, bom atendimento ao público, respeito por todos. Embora seja natural que nem todos ganhem exactamente o mesmo salário ao fim do mês, o dinheiro tem que fluir, mudar de mãos e patrocinar o consumo, não necessariamente o consumo próprio dos ignorantes, geralmente confundível com comportamentos próximos da inveja e da ganância. Bom, tendo em conta o declínio absoluto da economia portuguesa nos últimos anos, algo estará podre no reino da Dinamarca... Capitalismo à portuguesa? É tudo menos capitalismo. É ganância, desrespeito, pensamento centrado no umbigo, incultura, tudo menos um capitalismo funcional. É fácil de ver e sente-se bem na queda abrupta das condições de vida - apesar da falácia em que pode induzir o grande número de automóveis de luxo que por aí circulam... à custa da exploração alheia. É o salve-se quem puder. Houvesse, de facto, capitalismo e estaríamos todos muito melhor.
Quanto ao Estado, não é absolutamente nada alheio a esta situação... Age em demasia. E porquê em demasia? Em demasia porque geralmente mal e, pior, de forma imoral. Para o que este Estado faz, é caso para pensar se precisamos do Estado para alguma coisa... O Estado, como responsável máximo da Nação, impulsiona este anti-capitalismo caótico a que se decidiu chamar capitalismo. O Estado, incapaz de conciliar os seus interesses ocultos com os interesses dos cidadãos, opta pelos primeiros, dividindo para reinar e prejudicando (quase) todos.
E pensar que toda esta teoria partiu do mero facto diariamente verificável de o privado funcionar, em Portugal, muito pior do que tem por hábito acusar o público de funcionar. Com arrogância, considera-se dono da verdade. Com arrogância, vai desbaratando um país inteiro. Com arrogância, arranja forma de assacar as responsabilidades a quem as não tem de facto. Assim não fosse e também não teria de estar por cá com todo este palavreado... Boa noite e durmam bem.


Imagem de www.menzelphoto.com (fotografia de Peter Menzel).