Só para dizer mesmo...
Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...
Conclua-se com o emblemático Je dis aime (ou Je dis -M-), a fazer lembrar, salvaguardadas todas as distâncias, o power trio de Jimi Hendrix...
Mathieu Chedid possui ascendência libanesa por intermédio dos seus avós. É o filho do cantor francês Louis Chedid e neto da escritora e poeta franco-egípcia de ascendência libanesa Andrée Chedid que escreveu as letras de muitos dos seus temas. Tem uma filha chamada Billie.
Chedid interessou-se muito cedo pela música, nomeadamente com os filhos de Laurent Voulzy e de Alain Souchon. Juntos, formaram algumas bandas de curta duração, tais como os Mat Mat, Les bébés fous e Les Poissons Rouges. Para lançar a sua carreira, não hesitou em colaborar com variados artistas, tanto ao vivo como nos seus álbuns. Colaborou com NMT, Sinclair e ainda com Billy ze Kick. Interpretou igualmente um duo com o seu pai, intitulado T'as beau pas être beau em 1978 e tocou na abertura de concertos dos Texas. Mais recenetmente, colaborou com Sean Lennon no tema "L'éclipse", um remake francês do tema "Parachute" de Lennon. Chedid contribuiu com a parte vocal, a letra e ainda com partes instrumentais.
Chedid apresenta-se em concerto como -M- (um jogo com a palavra aime - gostar ou amar em francês - e a sua própria inicial). É frequentemente acompanhado no palco por Cyril Atef e Vincent Segal, ambos da banda de trip hop Bumcello. Faz-se ainda acompanhar por DJ Shalom no palco e em alguns dos seus temas de estúdio, como seja (Le complexe du Corn Flakes). Na sua última tournée, apoiou Sébastien Martel, um elemento dos Las Ondas Marteles.
As suas actuações ao vivo colocam forte ênfase na imagética e na natureza do seu alter ego, -M-. Chedid salienta a sua natureza misteriosa por intermédio das suas roupas e do seu cabelo em forma de M. É conhecido pelas suas capacidades como guitarrista. No seu álbum de 1999, Je dis aime, -M- interpreta uma versão de Close to Me, dos Cure, combinando palavras em inglês e em francês.
Também cobtribuiu para a banda sonora do filme de animação Les Triplettes de Belleville, cujo tema hoje vos trago.
ACTUALIZAÇÃO - Pronto, enganei-me. O Prós e Contras até teve uma certa vivacidade e foi bom ver o Francisco George, um fascista não assumido, a espetar-se de várias maneiras, nomeadamente quando defendeu a possível proibição das lareiras. Três vivas para a Fátima Bonifácio na sua defesa das liberdades individuais e ainda para o homem dos casinos pelo facto de que, tendo um discurso bem estudado e ideias bem estruturadas, calou na perfeição todos os defensores do establishment actual (pessimamente preparados). De resto, tudo como dantes, quartel general em Abrantes.
* Este governo já eu topei há muito... Começa, em casos inúmeros, como no presente, por defender indefectivelmente leis absurdas de tão rígidas, para mais tarde poder recuar um pouquinho e o povo poder comentar: "Olha, afinal até são simpáticos!" Já agora, em que se baseia para banir o fumo totalmente das escolas (não das suas portas, onde o aspecto dos fumadores acumulados será, certamente, muito mais agradável para os passantes) mas não das universidades? Se é assim tão moderado, porque não permitir que se fume em espaços ao ar livre e de preferência abrigados, como sucede em diversos países, ditos evoluídos, onde leis do género foram aplicadas?
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos
São naturalmente
Ridículas).
Lisboa, 11 de Fevereiro de 2008
Cena de um centro de saúde lisboeta, local onde imperam a limpeza, o silêncio, a eficiência e a beleza...
Mulher - Estou muito satisfeita! Cheguei cá hoje de manhã, falei com uma equipa de médicos muito simpáticos que prontamente me atenderam e que imediatamente compreenderam o meu problema.
Rapariga adolescente, acompanhada dos pais - Ah, sim... E qual era, se não for indiscrição?
Mulher - Ah, bom, é que se me meteu na cabeça fazer um aborto mas, depois do acompanhamento personalizado a que desde logo tive direito, afinal opto por ter a minha criança.
Mãe da rapariga - Faz muito bem, muito bem... Principalmente porque o Governo do nosso bem amado primeiro tudo tem feito para incentivar a maternidade e a qualidade de vida das famílias. Ouvi, inclusive, dizer que, além da moradia que oferecem a quem opte por não abortar e da mensalidade de 5000 euros livres de impostos, vão passar a oferecer um Jaguar ou um Porsche à escolha.
Mulher - Ai, isso, como o nosso primeiro não há! É uma jóia de moço! E tão honesto!
Mãe da rapariga - Tão honesto, tão poupadinho e tão trabalhador! Olhe que não me lembro de um Governo com tantas leis!
Mulher - E a vossa menina? Alguma constipação?
Pai da rapariga (afagando risonhamente e em círculos a barriga da filha) - Oh, oh, oh! Não, não, a minha menina está com um tecido vivo na barriga e viemos cá fazer um aborto!
Rapariga - Pois. Não me apeteceu usar contraceptivo, é careta!
Mulher - Tirou-me as palavras da boca... careta! E uma situação dramática!
Mãe da rapariga - Sabe que desde que acabaram essas coisas do vão de escada...
Pai da rapariga - Desde que o nosso sistema de saúde passou a ser um exemplo para o mundo inteiro...
Todos juntos - Abençoado seja o nosso primeiro!
Enfermeira, atrás do balcão de atendimento - Amén!
Alplaek fita nervosamente Jamsin, como que aguardando uma resposta que este, emudecido de espanto e alegria, tarda em dar.
- É pena ser só isso mas... então? - interroga, com um ligeiro tremor de mãos.
Jamsin Youdok fita-o profundamente, ergue-se lentamente e, levando o maço de folhas acima da cabeça, exclama:
- Meu amigo, hoje fazemos história! Isto não é ficção! O documento que guardo nas minhas mãos entontecidas prova-o indubitavelmente: outrora, aqui floresceu um mundo civilizado a um ponto que nos custa mesmo a compreender!
- Um mundo civilizado! - acompanha Alplaek.
- Civilizado e perfeito! Temos tudo a aprender com esse esplendor que deu pelo nome de Portocalía! Hoje fazemos história! Assim se faz a história!
Eça de Queirós, in O Conde d'Abranhos
Um dia destes, vinha eu a conduzir e a ouvir um pacóvio que defendia o "sim" na Antena 1... Afirmava ele, a propósito da posição assumida pelo professor Marcelo e outros, que se tratava de gente que, na realidade, defendia o "não" mas que não se queria assumir, pelo que tratavam de espalhar a confusão. Dizia ele que não fazia sentido tratar, por um lado, a despenalização e, por outro, a liberalização. "Este é um referendo e num referendo diz-se sim ou não. O contrário é estar a discutir o sexo dos anjos!", sublinhava ele aproximadamente.
Pois bem, eu acho e sempre achei que uma coisa e a outra são perfeitamente diferentes. Não precisei que ninguém mo explicasse. É verdade que a igreja e a direita passam o tempo a dar tiros nos pés com argumentações absurdas. Mas esta, este absolutismo tão socratiano, tão na moda, tão cheio de arrogância e vontade de nos fazer a todos passar por imbecis, bate, acho eu, a direita e a igreja juntos e no seu melhor. E dá-me uma imensa vontade de votar "não".
Como diabo é que os nossos políticos, depois de tanto se ter já discutido o facto de a pergunta colocada no primeiro referendo estar mal elaborada, podem ser tão burros ou mal-intencionados ou preguiçosos que nos colocam precisamente a mesma pergunta nos mesmos termos? Afinal, estamos nós a decidir não punir com uma potencial (ainda que não geralmente aplicada) pena de prisão mulheres que, por alguma razão, façam o aborto ou estamos nós a decidir que o aborto vai ser liberalizado e legalmente realizado ao bel-prazer de cada abortista com o dinheiro dos contribuintes? Porque não gastar essas verbas na prevenção e educação?
Podem indignar-se e dizer-me que há situações dramáticas e coisa e tal. E eu dir-vos-ei que métodos contraceptivos não faltam, incluída a pílula do dia seguinte, nem informação de todas as formas e feitios. Dir-vos-ei também que a lei já prevê inúmeras situações de aborto, que já prevê as situações mais dramáticas.
Mas há quem opte por só ver o que quer... Como uma senhora que, dando a cara pelo aborto num noticiário da TVI, afirmava com muita naturalidade ter feito três abortos e contava a história. "Tenho filhos e gosto muito deles porque foram desejados. Mas os outros, poderiam ser tecido vivo mas não eram desejados e não eram meus filhos". Não? Eram filhos de quem? Não sei se apercebem até que ponto se trata de uma situação somente dramática por nos levar a pensar que as pessoas são doidas ou não prestam.
Recordo-me perfeitamente de ter acompanhado o crescimento do meu filho no útero da mãe através de ecografias. Se pretendemos liberalizar o aborto até às 10 semanas, não nos esqueçamos que um feto com 10 semanas tem cerca de 5 cm mas encontra-se muitíssimo formado. Lembro-me do meu fetozinho, a quem se ouvia o bater do coração, dando voltas e reviravoltas, como que andando numa bicicleta intergaláctica - e tinha, precisamente, à volta de 10 semanas! Poderia ser "tecido vivo"? Não me façam rir!
É lamentável que se pespegue o "não" à direita e ao conservadorismo bacoco nacional enquanto a esquerda imbecil nacional se apropria do "sim". Quem é de esquerda vota sim. Quem vota não é de direita. Que idiotice pegada! E assim se menoriza a capacidade de pensar livre e independentemente dos portugueses. E assim se aborta todo o livre pensamento nacional de uma só penada.
Aliás, gostaria de saber por que razão o PS do engenheiro Sócrates, cada vez mais detestado pela sua arrogância de tipo, dir-se-ia, nacional-socialista, terá feito tanta questão em gastar dinheiro neste referendo quando o país está cada vez pior, as leis idiotas e quantas vezes retroactivas fluem à velocidade da luz, quando se goram impunemente as esperanças de todos portugueses. Será para desviar as atenções das coisas que realmente nos afectam a todos? Até quando é que os portugueses vão permitir alegremente que os continuem a tratar como um bando de cordeirinhos da matança? Como já foi dito, o PS encarará uma vitória do "não" como uma derrota do partido - entenda-se, do PS que hoje temos. Se são eles mesmos a afirmá-lo... Quem quer um melhor motivo para votar "não" a 11 de Fevereiro?
Seasons Greetings!
É mais um Natal, mais um Natal, mais um Natal e as reuniões de notas já terminaram (agora, só tenho que fazer oito exames de Francês.......). Estava com vontade de vos falar de uns episódios costumeiros nas ditas reuniões, mas..... ná! Não vou dizer coisas que dêem a impressão de que todos os professores andam a fazer a vontade à ministra, facilitando tanto tudo que o ensino e a aprendizagem se tornem numa palhaçada de mancheia onde se aprende que o laissez-faire e a aldrabice compensam. Mas sempre vos digo: quando virem um 4 ou um 5, ou um 18, 19 ou 20, vá lá que fiquem orgulhosos, mas não acreditem piamente que o resultado é efectivamente real. E assim começamos, por ordens superiores e apesar da perpétua conversa fiada da cultura de exigência, o maior dos males de Portugal - o surrealismo não artístico - na própria escola. De resto, feliz Natal!