It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

sexta-feira, novembro 25, 2005

Novas do Valter e do Mário


Muito sinceramente, está-me a faltar a paciência para comentar os dislates dos nossos políticos, tão auto-satisfeitos no seu mundo perfeito, enquanto o "povo" se afunda cada vez mais à custa da sua incompetência geral...
Se quiserem saber as últimas relativamente ao caso Valter Lemos (que tinha sido eleito pelo CDS-PP quando em Penamacor e assim se compreenderão certos rumos do PS), vejam

  • E se quiserem saber as últimas do candidato Mário Soares, possivelmente responsável pela eleição de Cavaco Silva a presidente, vejam


  • E é tudo. :)

    Informações de www.publico.pt.
    Imagem de
    www.fathersforlife.org.

    quinta-feira, novembro 24, 2005

    Kazaa condenado à morte (como o Napster)


    Um juíz australiano que dá pelo nome de John Kennedy avisou o Kazaa que terá que instalar, até 5 de Dezembro, filtros que impeçam a partilha de ficheiros com direitos de autor. A medida é e não é discutível... A questão reside no facto de que - falo por mim - parece-me que se as pessoas tiverem que pagar para fazer downloads na internet, pura e simplesmente não o farão. Em vez disso, comprarão apenas os CDs que muito bem entenderem e a indústria, cujos lucros são obviamente, com ou sem downloads, bem chorudos e bem mais do que os dos autores, não ganhará nada de visível com isso.
    A perder ficarão também muitos autores menos conhecidos para quem a internet podia muito bem funcionar como uma rampa de lançamento. Porque, sejamos honestos, só mesmo os coleccionadores empedernidos é que investem o seu dinheiro em coisas desconhecidas. Coisas da nova ordem mundial e da cegueira regulamentadora que a acompanha...


    Imagem de www.chslib.com.

    Mugabe nas suas palavras


    Já tanto citei o Bush... Acho que está na altura de começar a citar outros que tais! E nada como citar Robert Mugabe para dar continuidade ao artigo anterior...




    Nunca poderia ser uma justificação correcta que, pelo facto de os brancos nos terem oprimido quando tinham o poder, agora tivessemos que os oprimir porque temos o poder.


    O nosso partido tem que continuar a instilar o medo nos corações dos brancos, os nossos verdadeiros inimigos!


    O único branco em que se pode confiar é um branco morto.


    Os homossexuais são mais baixos do que cães e do que porcos.







    Ele é arrogante. Pensa que por ser branco e por ser o primeiro-ministro da Grã-Bretanha pode mandar em nós... (sobre Tony Blair)


    O cricket civiliza as pessoas e cria gentlemen. Quero que toda a gente jogue cricket no Zimbabwe. Quero que a nossa seja uma nação de gentlemen.


    Se eles (MDC, oposição) decidirem sabotar tolamente as eleições, diremos que Deus nos abençoou. Iremos à igreja e agradeceremos a Deus por abençoar a ZANU-PF. Não gasataremos dinheiro em campanhas. (Declaração, quando das eleições, cujos resultados foram questionados pela maioria da comunidade internacional)




    E a "cerise sur le gâteau", em francês para respeitar a amizade de Jacques Chirac, apesar de branco (logo, só bom depois de morto - outros "amigos" incluem Fidel e Hugo Chavez) caberá não a Robert Mugabe, mas sim a Didymus Mutasa, secretário administrativo da ZANU:

    Estaríamos melhor com apenas seis milhões de pessoas...que apoiassem a luta de libertação...não queremos toda essa gente a mais. (a população do Zimbabwe é de 12 milhões)



    Citações de http://en.thinkexist.com, http://quotes.worldvillage.com, www.news24.com, www.bbc.co.uk e www.sibelle.info.
    Imagens de
    http://pub.tv2.no, http://newsimg.bbc.co.uk e http://gfx.dagbladet.no.

    Bush faz uma coisa bem feita!


    Sei bem que parece impossível e pode até ser um caso para o Guiness, mas Bush fez uma coisa bem feita! E como o Master não é tendencioso e se rege sempre pela mais perfeita equidistância relativamente a tudo e todos, está na hora de o dizer: a Casa Branca congelou os bens em território norte-americano de 128 indivíduos e 33 sociedades que considerou colocarem "entraves às reformas democráticas no Zimbabwe", acção que se segue a igual congelamento, em 2003, dos bens de 77 outros indivíduos, incluindo os do ditador Robert Mugabe.
    Aplaudimos! Afinal, parece que é mesmo impossível a mesma pessoa fazer sempre, sempre tudo de forma errada...



    Bom, bom... Agora, para que não comece por aí a correr que o It Takes Two é Bushista, vendido ao imperialismo norte-americano, que tem acções da Coca-Cola e sabe-se lá mais o quê, só me resta deixar-vos de prenda final a fotografia que recentemente fez rir meio mundo: Bush, na sua recente visita à China, procurando sair de uma sala de conferências por uma porta fechada. Já conhecem? Eu também. Mas ainda me faz rir!




    Informação de www.publico.pt.
    Imagens de
    http://us.news1.yimg.com e http://news.bbc.co.uk.

    quarta-feira, novembro 23, 2005

    Valter Lemos aposta em táctica do processo


    "O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, apresentou hoje uma certidão passada e assinada pelo presidente da Câmara de Penamacor a garantir que não consta nos arquivos camarários qualquer perda do seu mandato de vereador por faltas injustificadas.
    Em conferência de imprensa, no Ministério da Educação, Valter Lemos disse que desconhece a existência de notícias do "Jornal do Fundão" e da "Gazeta do Interior", publicadas em 1993, que davam conta da perda do seu mandato de vereador por faltas injustificadas.

    Com a certidão passada pelo presidente da Câmara de Penamacor, o socialista Manuel Torrão, Valter Lemos deu por encerrado o assunto relativo ao exercício das funções de vereador e prometeu processar quem voltar a afirmar que perdeu o seu mandato por excesso de faltas".

    Isto é o que se pode ler no Publico.pt de hoje. Mais à frente, lê-se ainda:

    "O documento hoje apresentado pelo secretário de Estado da Educação "certifica que o dr. Valter Vitorino Lemos exerceu o mandato de vereador da Câmara Municipal de Penamacor de 1990 a 1993, não constando dos arquivos desta Câmara qualquer processo relativo à perda de mandato", nem "qualquer acção inspectiva em que tal medida fosse proposta".

    A certidão remete para a legislação relativa às autarquias locais – segundo a qual, em caso de faltas excessivas, a decisão de perda de mandato tem de ser "precedida de audição do interessado", 30 dias após este ser notificado – e acrescenta que não consta qualquer notificação a Valter Lemos "nem qualquer expediente" relativo a esse assunto".

    Bom, Valter Lemos parece estar, apesar de toda a máquina governativa, mal informado quando afirma desconhecer a existência de "notícias do Jornal do Fundão e da Gazeta do Interior". Esperemos que não ande todo o elenco governativo tão desinformado relativamente às coisas do país, para não falar das suas próprias coisas... Senão, vejam-se os seguintes links para as notícias que Valter Lemos desconhece:


    http://www.franciscopresidente.net/pdf/Walter%20Lemos%202.pdf

    e

    http://www.franciscopresidente.net/pdf/jornal%20fundao.pdf

    Convenhamos que tudo isto aparenta ter algo de hilariante, estilo tragicomédia... Em todo o caso, como, enquanto professor e como já afirmei, não tenho nem de perto nem de longe dinheiro para pagar a um advogado, não acuso ninguém de coisa nenhuma e limito-me a trazer-vos informações disponíveis como peças do puzzle nacional em que vivemos. Aguardemos para ver se Valter Lemos de facto processa Francisco Louçã... Parece-nos que se o fizesse já o teria feito... Mas quiçá, quiçá...


    Informações de www.publico.pt e de http://www.franciscopresidente.net/.
    Imagem de
    http://www.gazetadointerior.pt.

    terça-feira, novembro 22, 2005

    Prós e Contras (uma gotinha de escárnio e maldizer)

    Como padeço de um atroz e malvado estado gripal, estou menos atento e parece que ontem (embora seja compreensível, perante o panorama de um programa que não serviu para esclarecer ninguém e que eu já sabia que não esclareceria ninguém) se me varreu um pouco o sentido de humor. Mas o humor é importante e acho fantástico quando o capitão de uma nau, face a uma tempestade que não tarda a enviá-lo para o fundo dos oceanos, se consegue postar na proa e rir em voz alta dos deuses furiosos.
    Felizmente tenho os meus informadores, que me chamaram a atenção para três coisitas que dão que pensar... Para eles, os meus agradecimentos.


    Coisita número 1: Provavelmente na sequência das alterações à gramática do português que impedirão os estudantes de aprender a ler, a escrever e a gostar de ler e escrever para, em lugar disso, ficarem a saber montanhas de coisas abstractas, inúteis e altamente discutíveis excepto para linguistas, a ministra parece ter decidido impôr alterações à fonética da nossa língua... Todos conhecemos a palavra "absentismo", a qual se lê ".....centismo" - aliás, de outra coisa não se fala relativamente a esses malandros que são os professores. Não é que a Maria de Lurdes criou um neologismo e o aplicou vezes seguidas diante das câmaras? "Abezentismo" - assim se deverá passar a escrever esse termo tão em voga.


    Coisita número 2: Quando o professor Nóvoas (peço desculpa, pode não ser esse o nome, mas a verdade é que, como já referi, estou com gripe e incapacitado de fazer uma pesquisa) se referiu a um Despacho de 10 de Agosto, foi corrigido na data pela ministra. E auto-corrigiu-se: 31 de Julho. "Nho!... Nho!...", salientou ela. E não é que agora o mês de Junho passa a ter 31 dias? Nunca tivemos uma ministra tão inovadora!


    Coisita número 3: Um paradoxo... Na sequência do seu discurso sobre o absurdo nível de abezentismo dos professores, o simpático representante das associações de pais, comentou que o filho ficava à noite, em casa, a fazer os trabalhos de casa. Mas... se os professores estão ausentes, como é que podem marcar trabalhos de casa?


    Boa noite. Se me lembrar de alguma coisita mais, digo. Para já, vou tomar um Nimed (passe a publicidade)...

    segunda-feira, novembro 21, 2005

    Prós e Contras e a Educação

    Tenho estado a acompanhar com interesse o Prós e Contras desta noite, eu que até tenho por hábito nem sequer olhar para aquilo em que a televisão se transformou, e gostaria muito que tivessem dado a palavra aos professores e não apenas a teóricos. Mas, vá lá, sempre lá está uma professora reformada que não fala mal. Infelizmente e do meu ponto de vista, não deixa de ser algo contemporizadora, uma das características que mais têm contribuído para o amesquinhamento da profissão de que todas as profissões provêm e que é, infelizmente, ultra-visível nos comentários tímidos dos representantes sindicais e uma razão fundamental porque tantos não se sindicalizam.
    Não gostei nada da forma como a apresentadora iniciou o programa nem do modo como tem estado a bater na tecla minimal repetitiva das aulas de substituição, como se todo o universo se cingisse a um qualquer sol central e nada mais existisse em seu redor. A conceituada apresentadora (talvez conceituada por ausência de verdadeiros profissionais na televisão nacional) denota desconhecimento da matéria e impreparação para o exame.
    O representante das associações de pais, tal como Louçã não comenta as exigências de desculpas do ministério, não será comentado por mim. Parece-me um indivíduo muito nervoso, quiçá um possível ditador (mas quem sou eu para julgar?) em circunstâncias favoráveis (adorei, no entanto, o comentário da professora reformada relativamente à rapidez com que as mentes mudaram de 24 para 25 de Abril de 1974) e, sobretudo, alguém que quer negar aos filhos deste país aquilo a que ele próprio teve direito. Mas é possível que, como quase todos, padeça de algum tipo de complexo de culpa e que, em vez de procurar resolvê-lo e guardá-lo para si, faça questão de o impingir a toda uma sociedade. Pontos de vista... Mas não necessariamente positivos.
    Foi dito ainda que com professores desmotivados, infelizes e revoltados não vamos a lado nenhum. Eis a maior das verdades. Mas parece que cada um só se ouve a si.
    Por fim, adorei certos comentários da ministra, nomeadamente quando considerou que nada havia de errado em os professores assumirem o papel de "ama-seca" (sic) perante grupos de alunos que os vão odiar por isso. E não sem razão, que é o pior! Ou quando disse que os professores eram um grupo de "profissionais altamente qualificados"... Se são tão qualificados assim, porquê trabalhar a cabeça do público no sentido de os encarar como escravos gregos, pau para toda a colher? E - é tão, mas tão lamentável que ninguém fale disso! - se são assim tão altamente qualificados, porque são eles tratados como ineptos a quem se impõem soluções de gabinete e porque razão são eles tão mal pagos e cada vez pior pagos? E porque se pretende impingir-lhes uma progressão na carreira com números limitados e exclusivamente validada por terceiros (o que não sucede noutros países - nem a limitação de números, nem a exclusividade desse tipo de avaliação), o que, num país como Portugal levará obviamente, mas tão obviamente, à corrupção e a compadrios e à injustiça total e absoluta com pioria óbvia do ensino oficial que não é pago com os impostos dos restantes cidadãos, como implicou o nervoso representante das associações de pais, mas também com os impostos dos professores, os quais não são pouca coisa?
    Só para concluir, essa história das aulas de substituição - e podem crer que se eu fosse aluno me revoltaria; só que eu não me esqueço das minhas diferentes idades, contrariamente a todos os que parece que sempre foram velhos - é uma treta absoluta. A escola necessita de muito mais. Os alunos do 7º ano, por exemplo, não sei se sabem mas têm 17 disciplinas! Para além das actividades que os pais os levam a ter! Os alunos não têm direito a ser jovens porque passam o dia a trabalhar! E depois querem disciplina nas escolas? E em 2005? E com o ensino massificado? Haja paciência! Mas dizia eu que a escola necessita de muito mais... Eu, por exemplo, estou à frente do jornal da escola e encarregado da parte musical do grupo de teatro escolar. Mas a preocupação desta gente é que os alunos estejam presos numa sala de aula sem disso retirarem qualquer lucro! Isso tem muitos nomes possíveis e, para que nenhum senhor zangado me processe (porque nem ganho o suficiente para pagar a um advogado, apesar de ser um profissional altamente qualificado) não os enumerarei aqui.



    FINALIZAÇÃO (2ª PARTE): A segunda parte do debate foi muito mais morna e com a aparente qualidade (porventura defeituosa) de toda a gente se querer colocar teoricamente de acordo, salvo talvez o representante das associações de pais , o qual manteve um ar que me pareceu de zanga até ao final.
    Avaliação dos manuais? Com certeza. Esperemos que os lobbies não tomem conta de tudo. Avaliação dos professores? Com certeza. Esperemos que os lobbies não tomem conta de tudo. Perdoem-me o cinismo, mas é fruto da experiência e reconhecimento não hipócrita do país em que vivemos...

    Ah, ganda Louçã!


    Ah, ganda Louçã! Confesso que conheço muitíssima gente que vota no BE e que eu não o faço porque os vejo sempre a bater nas mesmas teclas e parece-me que essas teclas são demasiadamente secundárias no estado actual da nação... Mas certo, certo é que era preciso alguém que viesse a público desmistificar as inverdades do ministério da Educação na sua campanha encapuzada de destruição do ensino público...
    Explicou o responsável que, na sua bizarra contabilização das faltas dos professores, o ministério da ministra decidiu incluir os professores doentes com o tempo que demoram a ser substituídos, as grávidas com o tempo que demoram a ser substituídas, os professores que entram na reforma com o tempo que demoram a ser substituídos e ainda, veja-se, os atrasos no início das aulas do ano passado, inteiramente da responsabilidade do ministério e das suas opções informáticas e vá-se lá saber mais o quê! Não é apenas bizarro, é altamente desonesto. E os cidadãos responsáveis e com alguma noção do papel desempenhado pela escola em todas as áreas da sociedade sem excepção (a não ser que entremos pelo sistema de certos americanos educarem os filhos em casa dentro, o que me pareceria uma boa forma de enterrar ainda mais um país que já não está lá muito bem de saúde) deveriam ser capazes de se interrogarem: um Governo que pretende manipular as mentes desta forma, qual Big Brother no cume do bacoquismo, quanto mais não pretenderá manipular tudo e todos em todas as áreas? Dúvida perfeitamente plausível, parece-me...
    Louçã recordou ainda que Valter Lemos, o secretário de Estado responsável por trazer os dados manipulados a público, "enquanto vereador na câmara de Penamacor cessou funções por ter excedido o número de faltas injustificadas". Muito bem lembrado enquanto não for formalmente desmentido, não com palavreado, mas sim com a apresentação de provas absolutamente concretas. Em declarações à TSF, entretanto, Valter Lemos terá contraposto ter sido simplesmente "substituído com base em termos legais" pelo elemento seguinte da sua lista. Com toda a franqueza, não compreendemos exactamente o que isso significa, se excedeu o número de faltas ou não... Seria possível concretizar-se mesmo? Mas Valter Lemos não se ficou pela defesa à maneira de advogado ou filósofo sofista... À Lusa terá declarado não ter, como professor, faltas averbadas ao seu currículo (facto que gostaríamos de, democraticamente, ver comprovado através de uma consulta aos seus registos biográficos) e terá ainda acrescentado: "Desafio Francisco Louçã a comparar o currículo dele com o meu nesta matéria". Se nos é permitido dar uma opinião de cidadão, isto parece assemelhar-se a uma tentativa de peixeirada e ficamos plenamente satisfeitos por ver que o líder do BE não se rebaixou a transformar a polémica numa daquelas batalhas tão apreciadas na aldeia gaulesa de Astérix.

    ADENDA ACTUALIZADA: Rezam as últimas notícias que o gabinete da ministra aguarda desculpas de Francisco Louçã pelas suas afirmações. Se Deus quiser, esperarão sentados...

    NOVA ACTUALIZAÇÃO: Segundo se pode ler no Público.pt, a candidatura de Francisco Louçã distribuiu, em resposta ao "choque" e "indignação" da ministra e do secretário, uma cópia de um artigo publicado na edição de 30 de Dezembro de 1993 da “Gazeta do Interior”, que reza assim: "A Câmara de Penamacor reuniu, este ano, pela última vez, na Freguesia do Vale da Senhora da Póvoa. No encontro, que contou com a presença de todos os elementos do executivo, entre os quais João Manuel Gonçalves, que substitui Valter Lemos, que perdeu o mandato por excesso de faltas, o ponto mais forte foi a votação do Plano de Actividades e Orçamento para o ano de 1994". A propósito da exigência de um pedido público de desculpas, lê-se também que Louçã terá afirmado: "Não vou fazer comentários, pois trata-se de um comunicado anónimo, que não está assinado por alguém do gabinete da ministra ou da assessoria de imprensa. Apenas tem o timbre do Ministério da Educação". Gostamos particularmente da parte em que Louçã minimiza e esmaga por absoluto os responsáveis ministeriais ao transformá-los em "alguém do gabinete (...) ou da assessoria de imprensa". Ganda Louçã!

    Imagem de http://img29.echo.cx.

    sexta-feira, novembro 18, 2005

    A Greve e os Proferidores de Inverdades


    Hoje foi dia de greve dos professores e a ministra, na sua costumeira atitude populista e demagógica, decidiu atirar com uns números de faltas dos professores para os media dispostos a engolir e transmitir tudo o que pareça sensacional. Por incrível que pareça, docentes que não iam fazer greve ficaram mal dispostos com a atitude e... fizeram greve! O contentamento dos miúdos ficou patente no instantâneo que aí podem ver em cima.
    Mas sejamos realistas e vejamos: como é que os professores podem faltar tanto assim? Que eu saiba, têm direito a faltar 12 dias por ano (duas vezes por mês no máximo) para desconto nas férias. Antes do Cavaco, tinham direito a 24 dias por ano para desconto de nada, ninguém se queixava e parece que o nível do ensino era sensacional! Fora isso, tanto quanto eu saiba, podem faltar por doença, logo, com atestado médico. Das duas uma: ou estão, de facto, doentes e não convém que morram pela camisola e passem uma série de vírus pelo caminho aos seus alunos que nada têm a ver com o caso, ou a classe médica mente forte e feio ao passar atestados falsos aos docentes. Em que ficamos? Mas há mais: um professor seriamente doente e que se veja forçado a faltar mais de 30 dias num ano, começa a descontar não só uma crescente fatia do seu salário como o seu próprio tempo de serviço. Claro, o professor doente não pode ter direito a tratar-se porque se instalou na sociedade a visão bizarra do escravo grego. Só que os professores não são um povo conquistado.
    O que mais me dá vómitos em tudo isto é o papel desempenhado no fazer de cabeças do "povo" dos media, muito nomeadamente dos canais televisivos que, como sempre, tudo ignoram e de tudo falam, como carneirinhos na palma da mão dos opinion-makers... E sei bem do que falo: quando você, cidadão incauto, vê televisão lembre-se do que lhe conto - durante muito tempo fui jornalista na área específica da economia. Os meus colegas dos jornais até estavam bem informados. Mas quantas vezes os jornalistas dos canais televisivos não vinham ter comigo, desesperadamente a perguntar: "O que é que eu lhe hei-de dizer? Mandaram-me para aqui mas eu não percebo nada disto!" Assim se compreende o verdadeiro profissionalismo dos canais de TV.
    Numa palavra, que a ministra, cujos escrúpulos, intenções e competência estão de há muito bem patentes para quem sabe, pratique a demagogia continuada, vá lá. Os media, que tanto apregoam a importância do verdadeiro jornalismo, deveriam ficar caladinhos quando não fazem a mínima ideia do que estão a falar. Parece que o quarto poder, que só seria um poder real se soubesse exercê-lo com personalidade própria, não passa de um servo abjecto dos que têm reformas vitalícias e vivem à grande e à francesa com o dinheiro de todos os contribuintes. Sim, porque ainda gostaria de ver a classe política a fazer contas à vida como tem que fazer a generalidade da população ou a ter de prestar reais contas pela total incompetência revelada ao longo dos anos - parece que a moralidade não é para todos. Seria, aliás, muito interessante, e penso que ninguém o negará, contabilizar-se as verdadeiras faltas dos deputados e compreender-se os verdadeiros horários praticados pelos governantes, começando pelas humildes Juntas de Freguesia e terminando nos políticos de topo, a quem ninguém pergunta o que quer que seja porque, além de nada de concretamente positivo fazerem, não são obrigados a responder pelas suas "inverdades" - estou a pensar (e até simpatizo com o homem) na figura insuspeitada do presidente da República que, de regresso de uma visita à Finlândia, decidiu afirmar que os professores finlandeses trabalhavam 50 horas por semana, logo desmentido pelo próprios professores finlandeses, que explicaram que não trabalhavam mais de 25.
    Mas já estou cheio disto. Não me apetece falar mais de ensino, prefiro ensinar. Posso, no entanto, esclarecer muita coisa que os proferidores inveterados e profissionais de "inverdades" tudo fazem para que não seja esclarecido. Quem quiser saber, é só perguntar...


    Imagem de http://us.movies1.yimg.com.

    quinta-feira, novembro 17, 2005

    Frank Zappa: o último dos compositores


    Nascido em Baltimore a 21 de Dezembro de 1940 e vitimado a 4 de Dezembro de 1993, aos 52 anos de idade, por um cancro da próstata, Frank Zappa (baptizado Frank Vincent Zappa e não Francis Vincent Zappa como habitualmente se julga), era descendente de sicilianos, italianos, gregos, árabes, franceses, irlandeses e alemães. Aos 10 anos de idade, a família mudou-se para a Califórnia devido à asma de Frank, tendo acabado por assentar em Lancaster, junto ao deserto do Mohave. O seu pai era um químico que trabalhava para o exército na pesquisa de gases venenosos, pelo que a casa familiar estava repleta de máscaras de gás just in case...
    No liceu, começou a tocar bateria em bandas de garagem e ainda na banda da escola, da qual foi expulso após ter sido apanhado a fumar em uniforme. Por estranho que possa parecer (ou não), aos 18 anos compunha música erudita e só depois dos 20 começou a compôr temas de rock. Mas já nessa altura os seus compositores favoritos eram Stravinski, Stockhausen e Varèse, tendo-se referido a este último inúmeras vezes ao longo da sua carreira de mais de 50 álbuns, alguns deles duplos e triplos.
    Em 1964 juntou-se aos Soul Giants, que haveriam de se reformular como Mothers e actuar nos primeiros álbuns do músico como The Mothers of Invention, nome reinventado em função de pressões da editora Verve. O seu primeiro álbum foi o célebre Freak Out! (Julho de 1966) e o último da sua carreira Läther (Setembro de 1996). Desde cedo revelou a sua faceta satírica, inclusive em álbuns como We're Only in it for the Money, no qual troçava dos hippies e de Seargent Peppers. Entretanto, os Mothers dissolveram-se no final da década de 60, tendo regressado para alguns álbuns no início da década seguinte, mas com formações absolutamente diferentes, em que se destacaram músicos como Jean-Luc Ponty, Napoleon Murphy Brock, Ruth Underwood e muitos outros. Zappa só aceitava os melhores e diz-se que os obrigava a saber de cor e na perfeição o Top 10 a cada semana...


    Dessa fase datarão, possivelmente, alguns dos seus álbuns mais inspirados, como Overnite Sensation, Apostrophe, One Size Fits All e Roxy & Elsewhere, um duplo ao vivo com fortes influências da música jazz, ainda que seja nesse mesmo álbum que o podemos escutar dizendo: "Jazz is not dead. It just smells funny!".
    Reconheço que não tenho pachorra para escutar toda a dicografia do músico, nomeadamente quando me recordo de álbuns como o triplo Shut Up 'N Play Yer Guitar, integralmente constituído por solos de guitarra. Não é como se Zappa fosse um guitarrista mediano... Pelo contrário, era claramente excelente e possuía um estilo verdadeiramente pessoal. Mas certos álbuns, só mesmo para os apreciadores absolutos, vulgo fanáticos - sem ofensa a nenhum ou nenhuma certamente apreciadores de boa música.
    Nos cerca de 50 álbuns do músico, incluem-se alguns gravados por orquestras sinfónicas e composições do autor precisamente para orquestra. E a esses somam-se 7 bootlegs (piratas) cuja reedição foi autorizada pelo próprio Zappa, mais 24 bootlegs não autorizados.


    Pai de quatro filhos e filhas: Moon Unit, Dweezil (também ele músico), Ahmet Roda e Diva, todos eles com nomes peculiares, Zappa declarou que não o preocupavam os primeiros nomes da prole, uma vez que se tivesse problemas seria em consequência do nome de família.
    Frank Zappa chegou a ser nomeado Ministro da Cultura para o Ocidente pelo então primeiro-ministro checoslovaco Vaclav Havel, um homem de cultura. Infelizmente, a nomeação foi vetada por pressão do Departamento de Estado norte-americano, na época dirigido por James Baker, cuja esposa, Susan, tinha sido uma das co-fundadoras do PMRC (Parents Music Resource Center, um comité fundado pelas esposas de diversos congressistas em 1985, o qual insistia que o rock encorajava a violência, o uso das drogas, o suicídio e o crime, tendo procurado censurar a música e convocado inúmeros músicos para depôr no Congresso, entre eles, naturalmente, Zappa, um dos principais detractores da iniciativa).


    Mas à inteligência e ao talento nunca faltam detractores... Talvez por isso, mesmo após a sua doença ter sido declarada, Frank Zappa foi por duas vezes rejeitado pelo Rock'n'Roll Hall of Fame. É possível que se tenham lembrado da afirmação de que os jornalistas de rock são "gente que não sabe escrever a entrevistar gente que não sabe falar para gente que não sabe ler". Mas é duvidoso que Zappa se tenha ressentido fatalmente disso. Na verdade, foi ele mesmo quem declarou: "Não é sequer importante ser-se recordado. Ou seja, as pessoas que se preocupam com isso são gente como Reagan, Bush... A mim, não me importa".
    Bom, e já que começamos a entrar pelas citações dentro, permitam-me apresentar-vos alguns dos pensamentos do músico nas suas palavras:

    A mente é como um pára-quedas. Não funciona se não estiver aberta.

    Entrevistador: Frank, tens cabelo comprido. Isso faz de ti uma mulher?
    Frank: Tu tens uma perna de pau. Isso faz de ti uma mesa?

    Há mais canções de amor do que de qualquer outro género. Se as canções realmente nos levassem a algo, amar-nos-iamos todos uns aos outros.

    O comunismo não funciona porque as pessoas gostam de ter coisas.

    Alguns cientistas afirmam, em consequência da enorme abundância de hidrogénio, que este constitui a base do universo. Discordo. Acho que há mais estupidez do que hidrogénio e que essa é a base do universo.

    A coisa triste dos anos 60 foi a fraqueza mental dos ditos radicais e a forma como conseguiram ser manipulados. Acho que uma das coisas que ajudou foi o LSD. É o único químico conhecido capaz de converter um hippy num yuppie.


    Bién, terminemos com uma referência ao passado, ao meu passado... Quando fui para o 3º ano do Curso Geral (actual 9º ano) e me mudei do Rodrigues de Freitas para o António Nobre, conheci o Joca, também ele vindo do Rodrigues, que foi quem me apresentou a Frank Zappa quando me emprestou o álbum Apostrophe (1974), certamente um dos melhores. Don't Eat the Yellow Snow e Nanook Rubs It são os temas de abertura desse álbum e constituem aqui simultaneamente uma homenagem a Zappa e ao Joca, onde quer que se encontre...



    Dreamed I was an Eskimo
    Frozen wind began to blow
    Under my boots 'n around my toe
    Frost had bit the ground below
    Was a hundred degrees below zero
    And my momma cried:
    Boo-a-hoo hoo-ooo
    And my momma cried:
    Nanook-a, no no (no no . . . )
    Nanook-a, no no (no no . . . )
    Don't be a naughty Eskimo-wo-oh
    Save your money: don't go to the show
    Well I turned around an' I said:
    HO HO
    (Booh!)
    Well I turned around an' I said:
    HO HO
    (Booh!)
    Well I turned around an' I said:
    HO HO
    And the Northern Lites commenced to glow
    And she said
    With a tear in her eye:
    WATCH OUT WHERE THE HUSKIES GO
    AN' DON'T YOU EAT THAT YELLOW SNOW
    WATCH OUT WHERE THE HUSKIES GO
    AN' DON'T YOU EAT THAT YELLOW SNOW
    Well right about that time, people,
    A fur trapper
    Who was strictly from commercial
    (Strictly Commershil)
    Had the unmedicated audacity to jump up from behind my igyaloo
    (Peek-a-Boo Woo-ooo-ooo)
    And he started in to whippin' on my fav'rite baby seal
    With a lead-filled snow shoe . . .
    I said:
    With a lead
    LEAD
    Filled
    LEAD-FILLED
    A lead-filled snow shoe
    SNOW SHOE
    He said Peak-a-boo
    PEEK-A-BOO
    With a lead
    LEAD
    Filled
    LEAD-FILLED
    With a lead-filled snow shoe
    SNOW SHOE
    He said Peak-a-boo.
    PEEK-A-BOO
    He went right up side the head of my favourite baby seal
    He went WHAP!
    With a lead-filled snow shoe
    An' he hit him on the nose 'n he hit him on fin 'n he . . .
    That got me just about as evil
    As an Eskimo boy can be . . . so I bent down 'n I reached down
    'n I scooped down
    An' I gathered up a generous mitten full of the deadly . . .
    YELLOW SNOW
    The deadly Yellow Snow from right there where the huskies go
    Whereupon I proceeded to take that mitten full
    Of the deadly Yellow Snow Crystals
    And rub it all into his beady little eyes
    With a vigorous circular motion
    Hitherto unknown to the people on this area,
    But destined to take the place of THE MUD SHARK
    In your mythology
    Here it goes now . . .
    THE CIRCULAR MOTION . . . (rub it) . . .
    (Here Fido . . . Here Fido)
    And then, in a fit of anger, I . . .
    I pounced
    And I pounced again
    GREAT GOOGLY-MOOGLY
    I jumped up 'n down the chest of the . . .
    I injured the fur trapper
    Well, he was very upset, as you can understand
    And rightly so
    Because
    The deadly Yellow Snow Crystals
    Had deprived him of his sight
    And he stood up
    And he looked around
    And he said:
    I CAN'T SEE
    I CAN'T SEE
    OH WOE IS ME
    I CAN'T SEE
    NO NO
    I CAN'T SEE
    NO . . . I . . .
    He took a dog-doo sno-cone
    An' stuffed it in my right eye
    He took a dog-doo sno-cone
    An' stuffed it in my other eye
    An' the huskie wee-wee,
    I mean the doggie wee-wee
    Has blinded me
    An' I can't see
    Temporarily
    Well the fur trapper
    Stood there
    With his arms outstretched
    Across the frozen white wasteland
    Trying to figure out what he's gonna do
    About his deflicted eyes
    And it was at that precise moment that he remembered
    An ancient Eskimo legend
    Wherein it is written
    On whatever it is that they write it on up there
    That if anything bad ever happens to your eyes
    As a result of some sort of conflict
    With anyone named Nanook
    The only way you can get it fixed up
    Is to go trudgin' across the tundra . . .
    Mile after mile
    Trudgin' across the tundra . . .
    Right down to the parish of Saint Alfonzo . . .



    Para finalizar... Frank Zappa e família têm um site muito bem feito e bastante interessante que passam a poder encontrar nos links deste blog. Não se esqueçam de visitar. Abraço do Master.



    Dados de www.hotshotdigital.com, www.vh1.com, www.digitaldreamdoor.com, www.brainyquote.com e da minha cabeça.

    Imagens de http://images.wsm-us.com, www.krisstal.com, www.vh1.com, http://myhero.com e http://gauntlet.ucalgary.ca.

    quarta-feira, novembro 16, 2005

    O Verão Quente sem tretas de historiadores (2)

    Como os estudantes estavam sempre, sempre ao lado do povo, o Verão Quente de 75, como aliás já em larga medida o que o antecedeu, foi fértil em acontecimentos revolucionários em estabelecimentos de ensino.
    Lembro-me que tinha tido umas aulas gratuitas com um professor de História que decidira ceder o seu tempo para nos falar de arqueologias e assuntos afins. Quando lá chegámos, talvez em Outubro, talvez em Novembro, em todo o caso no início do ano lectivo de 1974/75, o Liceu D. Manuel II tinha mudado de nome para Rodrigues de Freitas, mas os "núcleos sindicais" estudantis (se bem me recordo, dominados por facções particularmente afectas à OCMLP e FEC (ML)), tinham, por seu turno, alterado a denominação para Amílcar Cabral. Quanto ao tal professor de História, tinha sido saneado e era agora conhecido como "o fascista Mário Augusto".
    Basicamente, durante esse ano não houve aulas. Todos os dias havia RGAs (Reuniões Gerais de Alunos) no anfiteatro e estávamos dispensados das aulas para ir (ou não) a essas RGAs. Houve também três meses seguidos de greve. E não me lembro particularmente bem de qual fosse o limite das faltas. Mas lembro-me de que quando algum professor não queria ceder às nossas reinvindicações (como ter as carteiras à volta da sala durante um teste de Físico-Químicas por motivos pedagógicos), nós, os garotos do que actualmente é o 7º ano, logo clamávamos: "Fascista! Vamos fazer queixa aos Núcleos Sindicais!". Acreditem, o teste fazia-se com as carteiras à volta da sala... Alguns professores encaneceram bem dramaticamente no prazo de um ano lectivo. Outros, percebiam melhor as regras do jogo, como um professor de Educação Física que dava dispensa a todos os que a desejassem. De qualquer modo, nem valia a pena ninguém esforçar-se muito... No final desse ano, as passagens foram administrativas, inclusive para os finalistas de medicina e engenharia (será por isso que aquela varanda caiu mal os compradores de um andar lá puseram os pés e que, chegados ao hospital, alguém lhes receitou aspirina e os enviou de volta para casa, sem ao menos a recomendação de não tentarem voltar à varanda?).






    Na foto à direita, podemos ver Durão Barroso em revolucionário afã, numa manifestação do MRPP, embora, na verdade, nunca tenha andado pelo D. Manuel-Rodrigues-Amilcar Cabral. Mas havia lá alguns maoistas a que eu achava uma certa piada. Tinham todos a cabeça rapada (no tempo em que se usava melenas longas) e compareciam sempre às RGAs com o intuito de lançar bocas provocatórias. Deviam ser uma meia-dúzia... Espanta-me como é que os "dirigentes sindicais estudantis", de visivelmente irritados que ficavam com as suas intervenções, nunca ali exerceram justiça popular, para possível gáudio da ganapada que sempre aproveitava para partir umas cadeiras. Entretanto, o episódio provavelmente mais memorável destas reuniões foi uma vez em que se fez uma manif no exterior do liceu, exigindo a presença do Governo (era um dos provisórios, sinceramente não me lembro qual), ao que de imediato se obteve resposta com a presença de um homenzinho de bigodinho, secretário de Estado, acho, no meio daquele palco enorme e enfurecido, em tentativa de diálogo com os estudantes... "Vai-te embora, ó paneleiro!" e "Chupa na pissa fascista!", foram alguns dos mimos com que se viu presenteado. Retrospectivamente, recordando-me do seu ar atrapalhado de culpa burguesa, faz-me pena pela covardia e incompetência...








    Se os provocadores MRPP do liceu nunca chegaram a ser lançados à fogueira, a verdade é que, durante esse tempo, Otelo Saraiva de Carvalho (o mesmo que certo dia disse que se quisesse "seria o Fidel Castro da Europa" e que todos os fascistas deviam ir "para o Campo Pequeno"), à frente do seu mini-exército COPCON, não deixava os créditos por mãos alheias. Talvez alguns ainda se recordem da quantidade de miúdos simpatizantes do partido que foram, às carradas, ver o sol aos quadradinhos por uns tempos... Prisões por delito de opinião política? Não!... O seu líder de então, Arnaldo Matos,"grande dirigente e educador do proletariado português", também passou uns tempos atrás das grades, como se pode verificar pelo cartaz à direita.
    Certo dia, o liceu estava tomado, também ele pelo COPCON. Era um monte de putos mais velhos, todos fardados e armados, que, no meio do estabelecimento de vidros partidos e paredes escrevinhadas e sem o mínimo espaço para a utilização de mais um niquinho de tinta ou giz (ainda me lembro da vergonha que passei quando o meu pai me descobriu um monte de paus de giz no bolso do casaco e me obrigou a devolvê-los à escola, assim tolhendo a minha actividade revolucionária), se comportavam como pitbulls em pose de guarda e nos davam encontrões, rosnando: "Afasta-te daqui, ó puto!"


    Mas tudo muda e se altera. Certo dia, o pessoal fartou-se dos "núcleos sindicais", de quem uma das mais famosas personalidades era um tal "camarada Ivo", e o liceu viu-se cercado por um monte de ganapos em fúria, não só locais mas também do Garcia, do Nobre e de outros liceus do Porto. Entretanto, os "núcleos" tinham-se encerrado no laboratório de Geologia, bem lá em cima e a dar para a rua, e começaram a bombardear a malta com quartzos, micas, granitos, calcários, xistos, basaltos e o que mais por lá encontrassem. Às páginas tantas, alguém conseguiu rebentar com os portões. Invasão! Também entrei. Mas só por um bocadinho... Pelos corredores apertados, na maior desorientação, voavam cadeiras, pedregulhos e o que mais pudesse ser lançado longe. Saí. Politicamente esclarecido sim, como todos naquele tempo, mas não suicida! (a continuar)


    Imagens de http://img34.photobucket.com, www.sharedsite.com, http://homepage.mac.com e http://amen3.no.sapo.pt/.

    sexta-feira, novembro 11, 2005

    Bochechas, o Alegre rei

    Não pudemos deixar de cair na tentação de aqui vos trazer este sensacional díptico, sendo que a primeira imagem se encontra no blog Super Mário, em http://mario-super.blogspot.com/, e pretende mostrar como o candidato Mário Soares está próximo das populações em contraponto com o sisudo Cavaco, e a segunda no O Presidente Sou Eu, em http://opresidentesoueu.blogs.sapo.pt/, pretendendo por seu turno revelar, sei lá, qualquer coisa...






    Algo confundido, o Master interroga-se: qual delas será a montagem?

    Mais um prémio literário....................


    A seguinte notícia encontra-se no site da Câmara Municipal de Benavente, promotora do Prémio de Poesia Natércia Freire, no valor de 5 mil euros:

    "O Júri do Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, reunido no dia 03 de Novembro de 2005, decidiu atribuir o primeiro Prémio no Concurso Nacional de Poesia Natércia Freire à obra literária: "Amargas Cores do Tempo", de Nuno Figueiredo.
    O Júri decidiu ainda atribuir três menções honrosas às obras; "Segmentos" de Sara F. Costa, "O Vermelho e o Verde", de José Jorge Letria e "Os Filhos Baldios" de Luís de Aguiar.
    O Júri foi presidido por José Correia Tavares (Vice- Presidente da Associação Portuguesa de Escritores e poeta); José Manuel de Vasconcelos (advogado, poeta e membro da Direcção da APE); Vergílio Alberto Vieira (poeta ficcionista, Professor e membro da Direcção da APE); Rui de Azevedo Teixeira (Professor Doutor- lecciona literatura portuguesa na Universidade Aberta, ensaísta); e Domingos Lobo (escritor, poeta, ensaísta, ficcionista, Presidente do Conselho Fiscal da APE). (...)"

    Achamos curioso que, dos cinco elementos do júri, quatro estejam directamente ligados à Associação Portuguesa de Escritores (APE)... E espantamo-nos um pouco com o facto de entre os vencedores destes prémios constarem permanentemente nomes conhecidos e que obviamente fazem carreira em função de sempre serem premiados. Não queremos insinuar coisa nenhuma, uma vez que tudo desconhecemos e meramente observamos sem sequer traçarmos juízos de valor. Mas achámos suficientemente curioso - e possivelmente aborrecido para óptimos poetas e outros autores que certamente existirão nesse país e de quem nunca ouvimos falar - para vo-lo dar a conhecer... Abraços do Master.



    Imagem de http://home.comcast.net.

    segunda-feira, novembro 07, 2005

    O Verão Quente sem tretas de historiadores (1)



    Trinta anos decorridos sobre o Verão Quente, pus-me, de repente a pensar... De que é que se lembra a minha memória de um puto no início do liceu, sem imiscuir na coisa tretas científicas de historiadores? De que é que eu me lembro empiricamente? O que é que eu posso contar sem ter que ser politicamente correcto e na minha tradição de ser chamado direitista pelos assumidos esquerdistas e esquerdista pelos assumidos direitistas?
    Há 30 anos, no tempo em que ainda via televisão, esta tinha-se tornado uma chatice para nós. A única publicidade que havia era a que dizia: "Nacionalizado! Nosso!". Os únicos desenhos animados que havia, findos os fascistas Looney Tunes e Companhia, eram experiências com plasticina e coisa e tal dos países comunistas do Leste. A música preponderante era a das sessões de Canto Livre, em que tinhamos que levar com "morte ao fascismo" cinquenta vezes por segundo. E o ecrãzito estava recheado de militares que falavam, sem exagero, algo como isto: "A revolução, , dos operários, , camponeses, , pescadores, , soldados sempre ao lado do, , povo, , com o apoio dos estudantes, , e intelectuais, , vai prosseguir, , até, , que não haja, , um só fascista, , à superfície, , da terra, ". Entre os que assim falavam, contam-se várias personalidades que para sempre ganharam tachos interessantes à custa de terem andado pelo meio da Revolução.




    Continuando a falar em televisão, o Festival RTP da Canção de 1975 foi sintomático. Uma canção que não mais me saiu da memória foi a interpretada por José Mário Branco, que dava pelo nome Alerta!:

    PELO PÃO E PELA PAZ
    E PELA NOSSA TERRA
    PELA INDEPENDÊNCIA
    E PELA LIBERDADE
    ALERTA! ALERTA!
    ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!
    ALERTA!
    PELO PÃO QUE NOS ROUBA A BURGUESIA
    QUE NOS EXPLORA NOS CAMPOS E NAS FÁBRICAS
    OPERÁRIOS, CAMPONESES HÃO-DE UM DIA
    ARREBATAR O PODER À BURGUESIA
    ABAIXO A EXPLORAÇÃO!
    PELO PÃO DE CADA DIA!
    POIS CLARO!
    SÓ TEREMOS A PAZ DEFINITIVA
    QUANDO ACABAR A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA
    CAMARADAS SOLDADOS E MARINHEIROS
    LUTEMOS JUNTOS PELA PAZ NO MUNDO INTEIRO
    SOLDADOS AO LADO DO POVO!
    PELA PAZ NUM MUNDO NOVO!
    POIS CLARO!
    PELA TERRA QUE NOS ROUBA ESSA CANALHA
    DOS MONOPÓLIOS E GRANDES PROPRIETÁRIOS
    CAMPONESES, LUTEM P'LA REFORMA AGRÁRIA
    P'RA DAR A TERRA ÀQUELE QUE A TRABALHA
    REFORMA AGRÁRIA FAREMOS!
    A TERRA A QUEM A TRABALHA!
    POIS CLARO!
    PELA INDEPENDÊNCIA NACIONAL
    CONTRA O DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS
    FORA O IMPERIALISMO INTERNACIONAL
    QUE TEM NAS MÃOS METADE DE PORTUGAL
    ABAIXO O IMPERIALISMO!
    INDEPENDÊNCIA NACIONAL!
    POIS CLARO!
    NÃO HÁ POVO QUE TENHA LIBERDADE
    ENQUANTO HOUVER NA SUA TERRA EXPLORAÇÃO
    LIBERDADE NÃO SE DÁ SÓ SE CONQUISTA
    NÃO HÁ REFORMA BURGUESA QUE RESISTA
    DEMOCRACIA POPULAR!
    E DITADURA PROLETÁRIA!
    POIS CLARO!






    Entretanto, entre sessões de canto livre, publicidade aos produtos nacionalizados e comunicados revolucionários recheados a "pás", a rádio passava com bastante frequência avisos relativos a uma epidemia de cólera que já não sei se existiu ou se esteve para existir... Lembro-me perfeitamente da voz cava que sempre começava assim: "As moscas vomitam a baba......."... Era de correr imediatamente para o restaurante mais próximo e fazer um banquete! Mas ainda me lembro de ir a restaurantes onde a feijoada vinha carregada de bichos enquanto os operários mais privilegiados se enchiam de camarão...



    Espero que já tenham lido o suficiente de mim para poder entender que não sou nenhum saudosista do Salazarismo ou coisa que o valha. Trata-se aqui de contar coisas que os jornalistas e historiadores nunca contam, seja por convicção política, seja por excesso de ciência... A continuar mais tarde...



    Imagens de www.st-abbs.fsnet.co.uk, http://images.google.pt/ e www.institutocamoes.pt.

    sexta-feira, novembro 04, 2005

    E o Garcia Pereira?

    Ainda hoje estava a ler uns blogs e, peço perdão mas já não sei onde, alguém me chamou a atenção para o facto de que o Garcia Pereira estava desaparecido destas presidenciais...
    É verdade! E o Garcia Pereira? Eis alguém que, embora sem a mínima hipótese de chegar à vitória, daria um candidato altamente elegível... O seu único defeito - e essa não passa da minha opinião - dá pelo nome de PCTP - MRPP.
    Chegam-me sempre à memória os sons da propaganda política dos maoistas à portuguesa que me aconteceu escutar, possivelmente na Antena 1, numas eleições passadas... De repente, com aquelas músicas de revolução bolchevique, aquelas gravações de disco feito ovo estrelado (o que nem sequer é aconselhável com a terrível pandemia de gripe das aves) e aquelas declarações como que de um grupo de fanáticos de magia vermelha a invocar o corpo do camarada Mao (que o espírito é uma invenção burguesa) e o afã justiceiro das cúpulas de Pequim, perdão, do proletariado, campesinato, militares e mais não sei o quê, soube que havia ali como que Mozart escrito por Schönberg ou Fra Angelico pintado por Picasso. Que susto! Ainda por vezes me acontece acordar, inundado em suores frios, convencido de ter o quarto invadido por um bando de putos de olhos em bico, abanando bandeirinhas aos saltos e recitando de cor o livrinho revolucionário, os quais se preparam para me arrastar para uma confissão em praça pública seguida de uma longa estadia num centro de reeducação!
    Mas o Garcia Pereira, ele e só ele e só ele, faz falta.


    Imagem de http://jn2.sapo.pt.

    quarta-feira, novembro 02, 2005

    As presidenciais e o sistema

    As presidenciais vão chegando enquanto o país, mais frágil do que a Europa globalmente, se afunda numa Europa que também se afunda.
    Temos na linha de partida Cavaco Silva, Mário Soares, Manuel Alegre, Francisco Louçã, Jerónimo Martins e mais um par de brincadeiras. Normalmente, o Master gosta de brincar, mas talvez este não seja o momento mais adequado. Falemos, então, embora resumidamente, a sério...
    Todos sabemos que Cavaco Silva em muito contribuiu para o descalabro das finanças públicas e que, num período de um certo crescimento e no qual nos chegaram muitos milhões da União Europeia, todo esse dinheiro foi sublimemente desaproveitado com a falta total de fiscalização aos que encheram o bandulho e compraram Ferraris sem nada dar em troca - a todos os que cometeram o crime de burla. Todos nos lembramos da crispação terrível de Cavaco enquanto no Governo (os jornalistas lembrar-se-ão também da forma de agir dos seus seguranças) e da incompetência dos seus últimos executivos. Todos nos lembramos de episódios como o da ponte 25 de Abril, onde a morte esteve presente. Todos nos recordaremos de que Foz Coa deveria ter sido afundado ou de que umas certas pegadas de dinossauro deveriam ter sido erradicadas por teimosia em não desviar uma certa estrada uns metros. Todos saberemos que a conhecida "estrada da morte" - isso mesmo, a IP5 - foi construída no tempo de Cavaco, quando qualquer alma mais inteligente saberia perfeitamente que se tratava de uma estrada absolutamente normal com estilo de especial e que havia dinheiro para mais. Todos nos recordamos igualmente do escândalo da SIDA e dos hemofílicos. Todos podemos pensar em Roberto Carneiro como o único ministro da Educação digno desse nome até à data e de como acabou por baixar os braços perante a permanente recusa em lhe conceder os meios necessários para dar um empurrão ao sistema educativo público. E todos conseguimos entender que o país estava cheio de jobs for the boys, embora a imprensa só tenha inventado a etiqueta para o também famigerado governo de Guterres.
    Todos sabemos que Mário Soares sempre se declarou amigo de ditadores como Ceausescu e outros não ditadores mas corruptos, que foi um dos responsáveis pelo descalabro vivido quando da descolonização, que viveu exílios de luxo, enquanto outros, menos protegidos, viam o sol atrás das grades, que está pelo menos tão velho como os papas que declarou deverem demitir-se ou não aceitar o cargo em função da sua idade. E todos nos lembramos da crispação que revelou com os governos enquanto presidente da República com pose de rei. Um rei que mandava embora sem ponta de polidez os agentes da lei que apenas cumpriam a sua função, um rei que insiste em estar acima da lei quando hoje em dia apela ilegalmente ao voto na sua prole.
    Sabemos que Louçã não pretende ser presidente, como não pretende ser governo, e que representa uma certa elite intelectual da capital que, em lugar de se preocupar com o estado de degradação economico-social do país, bate permanentemente na mesma tecla, diríamos em assuntos de importância comparativamente menor.
    Sabemos que Jerónimo Martins se apoia num partido ortodoxo e destituído de uma pose democrática para os próprios militantes e que o ideário comunista, com os diabos, não tem os pés assentes neste mundo, pelo que um Jerónimo Martins na presidência facilmente contribuiria para maiores problemas e injustiças, isso por muito bem intencionado que até possa ser.
    Quem sobra? Sobra Manuel Alegre obviamente. Dirão alguns que não querem um presidente poeta. Ora, o que significa essa obra-prima da dialéctica? Significará também que não pretendem presidentes economistas? Que não pretendem presidentes advogados? Que não pretendem ex-operários na presidência? Sejamos justos. A sensibilidade poética de Alegre nada lhe rouba, pelo contrário, acrescenta, para um cargo como a presidência da República. Porque os economistas e os advogados já se encheram de demonstrar as suas capacidades durante trinta anos de governos incompetentes, permanentemente centrados em objectivos de curto prazo e prisioneiros de lógicas e lobbies económicos e partidários.
    Não costumo manifestar-me de forma tão directa... Mas parece-me que Manuel Alegre, extrema e injustamente maltratado pelo aparelho partidário dominado pela tradição da família Soares, será o único candidato que se apresenta com um perfil honesto, de homem, e que poderá eventualmente tornar-se um presidente da República que não envergonhe Portugal e trate todos os portugueses por igual.
    Por isso, o It Takes Two to Tango (esperando que quando atrás se afirmou que os portugueses se recordavam disto e daquilo, isso corresponda a uma realidade, que a memória não seja tão curta que sempre favoreça os mesmos e a mesma incompetência dos poderosos) aqui manifesta o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre. Sem pretender convencer ninguém. Mas manifestando-se.


    Imagem de http://alegrepresidente.blogspot.com.

    terça-feira, novembro 01, 2005

    Halloween nas empresas

    Concurso para funcionários: use o seu mais assustador disfarce de Halloween!


    Imagem de www.offthemark.com.