It takes two to tango

Quantas vezes a vida não parece mais estranha do que a ficção? Isso é porque toda a ficção se inspira directamente na vida! É porque somos todos medricas que costumamos optar pela ficção. Só que este blog vai optar pela vida... ou algo assim...

sexta-feira, junho 30, 2006

Thumbs up para Shyamalan!


O realizador, entre outros de O Sexto Sentido e The Village, vai quebrar o pacto de silêncio existente em Hollywood, com a publicação de um livro, The Man Who Heard Voices, redigido por Michael Bamberger, em que promete revelar uma série de verdades acerca das voltas, reviravoltas e traições a sangue frio da capital do cinema ocidental, arrasando, nomeadamente, os estúdios Disney, que várias vezes o empregaram.
Parece que terá havido um jantar em que os executivos da empresa que lhe estavam mais próximos, não terão deixado em pé uma só pedra ou alicerce do seu próximo thriller, Lady in the Water, que agora tem lançamento marcado pela Warner. Shyamalan terá ficado lavado em lágrimas e definitivamente com vontade de se mudar.
E porquê thumbs up, perguntar-me-ão? O realizador até se sabe movimentar! Mas não deixa de ser uma pessoa, um criativo à custa de quem vivem os poderosos. Que se começasse a quebrar o protocolo silencioso nas escolas, nos hospitais, nas empresas, nas câmaras, nas assembleias, nos governos e em todo o lado e é possível que as coisas começassem a correr melhor e mais justamente para todos...


Imagem de http://nogreaterlove.org.

Breves dos humanos estranhos (5)


O patrão da Afinsa, Albertino Figueiredo, afirma, em entrevista ao Público, estar a viver dos rendimentos da mulher e ter pedido ao juiz três mil euros mensais "para comer". Ó homem, há universo para além das trufas, do caviar e do champagne de marca!

O crime perfeito tem que ser cometido pelo indivíduo de inteligência perfeita - em geral, não é o caso. Um jordano, em conluio com o irmão que trabalhava num banco dos Emirados Árabes Unidos, tentou levantar 18 mil euros que pareciam estar "perdidos". Para tanto, forjou um BI falso com o nome do titular da conta e a fotografia de Brad Pitt! O burlão imperfeito afirma não conhecer Brad, mas tudo indica que, na Jordânia, sempre vão passando alguns filmes do actor.

Quem dispuser de 1,25 milhões de euros ou mais, pode, agora, adquirir no Ebay, não só um Ferrari vermelho como ainda a respectiva dona, uma alemã de 26 anos, identificada como Leila. A comerciante afirma ser rica e necessitar de um homem igualmente rico que lhe financie os gostos dispendiosos. "Procuro um homem que não esteja apenas interessado no meu dinheiro", explica.

Terminemos com duas notas dramáticas mas não menos estranhas... Um adolescente japonês de 16 anos matou a madrasta e os dois irmãos mais novos, em resultado de ter decidido reduzir a cinzas a casa onde moravam. Pelos vistos, os pais tinham uma reunião agendada na escola para aquele dia e o jovem não suportou a ideia de que viessem a descobrir que lhes mentira relativamente aos resultados de Inglês.

Aquela serviu de aviso aos exércitos de pais desesperadamente esmerados. A presente, não sei... A filha de um milionário britânico matou uma octogenária com 14 facadas, "para se treinar" antes de matar a sua verdadeira vítima: outra idosa, rica, cuja fortuna teria de rondar os 4,35 milhões de euros, cuja fortuna decidira herdar. Será que o preço da cocaína, que desconheço, também tem vindo a sofrer de uma inflação incomportável?


Fonte: Público. Imagem de www.mr-bil.de.

Pensamento profundamente filosófico do dia (7)


Vivemos, actualmente, numa sociedade tristíssima, onde se alia o pior do socialismo ao pior do neoliberalismo e ninguém se admire de não estarmos a chegar a lado nenhum. Finalmente, começo a convencer-me do declínio da nossa civilização e o que mais me admira (mas não deveria, porque o homem é um animal pouco racional) é a leveza e sensação de inevitabilidade quase divina do facto.
Em nome da sacrossanta globalização, realizada contra nós enquanto comunidade ocidental, tudo se aceita, sobretudo o facto de ser inevitável o facto de que a vida tem, para nós, de piorar. Desculpem-me, mas não é racional. Em nome do Estado social, destrói-se o Estado social, incentivando-se as classes incultas e mais desfavorecidas (mais desfavorecidas, porque incultas) e, simultaneamente, os ricos, ficando toda a grande massa dos cidadãos "médios" (se é que ainda existem, de tão pisoteados que estão e mais estarão) esquecida ao canto da grande confusão filosófico-político-económica. Desculpem-me, mas não é racional. Trata-se, não apenas de uma confusão calamitosa, mas ainda, pior, muito pior, de um alastrar do vírus do egoísmo e da ideia do "mundo cão" inevitável". A novidade é que o mundo não é nem deixa de ser cão - ele é aquilo que dele fazemos colectivamente, uma vez que "mundo cão" é a sociedade humana e a sociedade humana somos todos nós. Espalha-se a ideia de que quem "não presta" deve ser despedido, que é justo, que é a ideia correcta e esquece-se que qualquer um de nós, os nossos pais, irmãos, amigos, os desconhecidos inocentes também, pode ficar seriamente doente, física ou mentalmente, e passar a não prestar. Se a sociedade não for capaz de tomar conta dos seus - e já nem digo o Estado, que se lixe o Estado, que é apenas mais uma consequência da sociedade -, tem essa sociedade o direito de existir?
Fala-se muito em solidariedade e avança-se crescentemente na direcção oposta. Quer-se impingir a ideia da solidariedade aos nossos filhos e impinge-se-lhes um mundo absolutamente oposto. Os nossos filhos que sejam solidários (e isso não significa, de modo algum, "socialistas") correrão o risco de serem criaturas inadaptadas. Os outros, serão, perdoem-me, filhos da mãe imorais na prática do canibalismo desregrado.
O pior em tudo isto é que começo a comprender (embora não a subscrever as atitudes) os que se revoltam e o fazem de forma visível. Onde mora a culpa maior?
Tenham um bom dia.


Imagem de www.clerccenter.gallaudet.edu/.

quinta-feira, junho 29, 2006

Bug in the System para audição e download


Os Bug in the System são uma banda a que acontece eu pertencer... Já aqui passei, no MUSIK, um tema nosso... não sei se alguém se recorda.
Bom, a partir deste momento, podem ir aqui, escutar uma meia-dúzia dos nossos temas e ainda, se acharem que vale a pena, fazer o seu download gratuito. Não estamos a planear nenhuma tournée nacional nem internacional, nem as grandes superfícies têm discos nossos para vos impingir. Trata-se, portanto, de uma oferta e só.
Têm-me nas guitarras e voz, Hernâni Carqueja no baixo e teclas e Vítor Teodósio (também autor do "bonequinho" que aí vêem ao lado), na bateria e percussões. Os temas, da minha autoria e com arranjos da banda, não têm uma produção que se possa chamar produção mas estão bem gravados e espero que vos agradem... Boas músicas! :)

terça-feira, junho 27, 2006

Via CTT! Choque Tecnológico!


E o fabuloso choque tecnológico soma e segue, cada vez mais nos aproximando do etéreo paraíso finlandês!
Acaba de ser lançado o novo e utilíssimo VIA CTT, a última forma que a empresa das cartas e encomendas encontrou para, com alguma sorte, procurar levar a cabo uns quantos despedimentos.
Afirmam os responsáveis que este email de segunda apanha não oferece os incómodos e riscos do email que todos utilizamos. Agora, particulares e empresas, podem enviar emails do VIA CTT (quem envia, paga, naturalmente), em lugar de trabalhosas cartas, postais e outros documentos. Originalíssimo, não é? Bom... a)Para que diabo é que eu hei-de querer ser vigiado pelos CTT, em que confio muito menos do que no Google, Microsoft, etc.? b) Porque diabrete é que alguém vai pagar por um serviço que tem de borla, com a sua assinatura da internet? c) Porque espécie de Belzebu peludo é que alguém vai optar por enviar por email algo que continua a ter razões para enviar por correio normal? Quanto aos spams, não será o CTT a varrê-los da nossa correspondência - nem os electrónicos, nem os outros, que ninguém lê e que diariamente infestam as nossas caixas de correio com milhares de árvores abatidas mesmo, mesmo inutilmente. E quanto a vírus, será que o CTT não sabe que quem usa a net não só tem anti-vírus no seu servidor, como ainda os seus próprios anti-vírus, firewalls e anti-spyware, malware e outros wares infectos? Ou que deveria ter e que é gratuito? Não... Não vejo que seja de forma tão cândida que as cabeças brilhantes dos CTT consigam os tão almejados despedimentos de "gente a mais" ou, como agora fica bem dizer, "supranumerários". Os CTT são o espelho do nosso país, onde se ocupa o tempo a fazer o que não é nada necessário e, tantas vezes, isso se faz com intenções bem maléficas (mesmo que, muito ingénuas - ou incompetentes na maleficência, como no resto).
Quem muito louvou a brilhante iniciativa foi - quem mais? - o nosso Sócrates (não o filósofo, nunca me canso de explicar) do choque tecnológico. Personagem que, já agora, ainda ontem muito me fez rir, na sua visita a uma aldeia onde já só havia velhinhos, para falar da banda larga e da internet. "Ainda vai a tempo de aprender!", dizia ele, no seu tom melífluo nº 2, para um ancião, apanhado entre as grades da (des)governação e dos admiráveis canais televisivos... "Não", respondeu, mais coisa, menos coisa o homem. "Já não tenho idade. Eu trabalho".


Imagem de www.papascott.de.

Thumbs up para Warren Buffet


O multimilionário norte-americano Warren Buffet, de 75 anos, actualmente considerado o segundo homem mais rico do mundo, anunciou a intenção de doar 10 milhões de acções, num valor aproximado de 24 300 milhões de euros, à fundação filantrópica dirigida por Bill e Melinda Gates. De acordo com as contas do jornal Público, trata-se de uma quantia correspondente a cerca de 16% do PIB português de 2005 e que daria para construir 25 pontes Vasco da Gama (talvez metade, tendo em conta os atrasos crónicos e a inflação galopante que sempre atingem os materiais e a mão-de-obra).
Buffet, conhecido por não interferir com a gestão e autonomia das empresas que tem adquirido ao longo do tempo, constitui mais um exemplo de um capitalista que é, simultaneamente, um ser humano, servindo de exemplo aos saloios engravatados que geralmente rastejam pelo lodaçal do pseudo-capitalismo nacional. Thumbs up para ele.


Imagem de http://nogreaterlove.org.

segunda-feira, junho 26, 2006

Some clockwork...


E pronto. Fico contente, claro, tendo em conta que não tenho memória (e em 1966 era pequenito) de Portugal se comportar decentemente num Mundial - vem-me mais à memória o Futre a pegar na bola junto à baliza e a levá-la sozinho repetida-mente-mente-mente até, claro, a perder, enquanto o conjunto se metia na night life mexicana e fazia greves, enfim, coisas do género. Daí, boa prestação para Scolari, para os técnicos, para os jogadores. E é bom que toda a gente se sinta bem, ainda que, pessoalmente, em absolutamente nada contribua para as vitórias nacionais.
Lá está... Era mesmo bestial que Portugal obtivesse bons resultados em mais algumas coisas, digamos, coisas importantes que afectam o nosso presente e o nosso futuro. Mas não se pode querer tudo... Imagine-se lá, podíamos ter nascido no Sudão... ou na Etiópia... ou na Libéria... Era pior, não era? Agora, por momentos, graças a Deus, somos todos amigos, irmãos e muito felizes! Mesmo quando ainda continua a haver basbaques que, no meio da festa, nos mandam buzinadelas agressivas se paramos o carro dez segundos para apanhar alguém... Todos felizes antes de nos começarmos a canibalizar de novo.
É claro que desejo os melhores sucessos à equipa das quinas. De resto, se algum hiper-nacionalista momentâneo exasperado não tiver gostado do que acabei de dizer, escusa de tocar à campainha. Desliguei-a e fui beber um copo.
Boa noite. :)


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sábado, junho 24, 2006

Pensamento profundamente filosófico do dia (6)



Quando algum superior hierárquico subitamente te conceder uma aparente benesse que contradiga atitudes anteriores, não te apresses a fazer dele um santo. Recorda-te que ele tem a perfeita noção de que, a prazo, pode estar mais dependente de ti que tu dele...





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quinta-feira, junho 22, 2006

O Estado da incompetência mandona


A ministra dos infernos pretende paulatinamente privatizar as escolas, a mando do ministro das Finanças e do gajo que toca concertina, perdão, socratina! A ministra, caso alguém ande a dormir, amiga de peito do tipo que manda temporariamente no país e docente pouco competente do ISCTE, é conhecida nesse Instituto Superior (não faculdade!) por ter palas nos olhos e só olhar em frente, pelo que se livraram dela em cargos de responsabilidade sempre que possível! Agora, quer empurrar o futuro da nação para as mãos do privado, que tão "competente e humanista" tem sido ao longo de tantos anos! Preocupada com a educação? Só na cabeça dos otários!
Aliás - e é aqui que quero chegar - se o Estado só serve para nos retirar o direito de escolha e todos os direitos, se o seu caminho é desembaraçar-se de todas as responsabilidades, mantendo, no entanto, o direito a controlar, proibir e cobrar tudo o que lhe der na tola, numa palavra, se o Estado é 100% incompetente, para que diabo é que precisamos do Estado?

quarta-feira, junho 21, 2006

O verdadeiro diálogo português


Diálogo português em Portugal...

Sujeito A - Olá. Tudo bem?
Sujeito B - Tudo, tudo...
SA - Não pareces assim tão bem...
SB - Bom, acordei com uma enxaqueca. Parece que tenho um martelo a dar-me na cabeça!
SA - Ei, pá! Isso não é nada. A mim, doem-me os músculos do corpo inteiro, sinto-me esgotado e a cair de sono e ainda tenho uma consulta no dentista!
SB - Sim, mas...
SA - Mas quê? Quem me dera a tua enxaquecazinha!... Tomas um comprimido e já está. Se calhar até é psicossomático... Mas desconfio que os meus problemas são crónicos...
SB - Todos?
SA - E os que estão para chegar.
SB - Pronto.
SA - De resto, tudo bem?
SB - Acho que sim... Bom, é verdade que me telefonaram às seis da manhã no único dia em meses em que iria conseguir acordar sem despertador...
SA - Essa é boa! De que é que te queixas? Se te telefonam, é porque se lembram de ti. Além do mais, a essa hora já muita gente completou meio dia de trabalho! Queixas-te de barriga cheia.
SB - Achas mesmo? Sei lá, eu não ligo a ninguém a essa hor........
SA - Claro que sim! Imagina que tinhas sido atropelado por um camião TIR com uma carga de chumbo... Ou que te tinha caído um cometa no quarto... Ou que tinhas acordado no Índico, rodeado de tubarões, ou na Amazónia, rodeado de piranhas...
SB - Postas as coisas dessa forma...
SA - Podes crer! E de resto, tudo bem?
SB - Tudo. Salvo que a minha mulher fugiu ontem de casa com um político, deixou-me uma nota rápida a dizer que era a melhor coisa que tinha feito na vida, arrebanhou os nossos filhos e foram-se todos para parte incerta!
SA - Pensa só no que vais poupar com os miúdos! De qualquer forma, toda a gente passa por isso... Eu mesmo já deixei e fui deixado. A vida é assim. Mas queixas-te de quê, afinal?
SB - Já começo a não saber...
SA - Claro que não! A vida está mesmo é para ti, hã? Olha, não pude deixar de reparar nos teus sapatos... Não tens nada mais apresentável?
SB - Sim, sim... Mas, olha, tenho 20 euros até ao próximo ordenado. Estou a viver a sopinhas, quanto mais comprar sapatos...
SA - Lá estás tu, o eterno queixoso, é mesmo um mal português! Isso é mas é por causa da boa vida! De certeza que poderias poupar, se quisesses... Investe! Contribui para a economia! Andas a deitar dinheiro fora na má vida e é, também, por isso que estás com esse ar macilento e com essas olheiras...
SB - Achas?
SA - Tenho a certeza, fala a voz da experiência e da observação! Já não tens 20 anos. Ok? Já não tens 20 anos. Pensa mas é no futuro. A vida não é uma festa.
SB - De facto... Eu bem gostaria de colocar algum de lado, mas reduziram-me o salário em 40%, congelaram-me a progressão e já me avisaram que não vai haver subsídio de Natal...
SA - E? E??? Antes, não havia e toda a gente vivia muitíssimo bem! Foste mal habituado, o tempo das vacas gordas e isso tudo, os subsídios não são uma coisa normal. O país não está de tanga, está mas é nu! Felizmente que alguém tem coragem para tomar as medidas necessárias!
SB - Mas não vou poder pagar as contas... E, depois, caem-me em cima e não tenho salvação...
SA - Já pensaste em pedir um crédito pessoal? Hã, já pensaste? De resto, muda-te para um quarto, vende o carro e passa a andar a pé, deixa o tabaco e o café, não vás à praia de Leça em Agosto e trabalha o dia inteiro, que o trabalho é o melhor remédio para a cabeça!
SB - Mas parece-me que estou a pagar pelos erros de outros e que, esses, estão todos muito bem e de férias bem longe daqui...
SA - Bolas, pá! A inveja é mesmo bem portuguesa! Não culpes os outros pela tua vida! Nunca ouviste dizer que a vida é o que dela fazes?
SB - E que o amor é um pássaro azul num canto da madrugada...
SA - Hã?
SB - Nada. Diz lá mais... Repara que não estamos sós no mundo...
SA - Tipicamente português! Por tua causa é que não vamos para a frente! A responsabilidade? Sempre dos outros! Não, rapaz, a responsabilidade é tua, tua, tua!
SB - Não sei...
SA - Podes crer! Foste foi muitíssimo mal habituado! Só benesses, só privilégios... Não pode ser! Agora, é hora de apertar o cinto! Não produzes o suficiente, usas roupa e sapatos, bebes whisky em vez de água da torneira, tomas café em vez de chicória, metes-te a ler, a ler!... Para que é que te serve ler? O que é preciso é trabalho, ok? Ainda bem que alguém tem coragem de acabar com as benesses e os privilégios! Já era mais que tempo!
SB - Bom, já me sinto meio tonto com a conversa... Acho que vou indo...
SA - Isso, isso, não ouças as verdadinhas e foge! Vê mas é se te habituas a ser como os outros... Olha, desejo-te um óptimo dia!


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terça-feira, junho 20, 2006

Queens of the Stone Age - No One Knows


Bom dia. Como estou numa fase meio asténica, astenia essa resultante do trabalho, das pressões, do país político e económico de que não nos livramos, da ausência de reconhecimento por certas coisas que até valem a pena, não me sinto momentaneamente com grande energia para vos trazer novidades, comentários ou outros textos...
Deixo, então, toda essa energia entregue aos Queens of the Stone Age, num óptimo vídeo a que corresponde um tema ainda melhor: No One Knows.
No One Knows data do terceiro álbum da banda (2002), Songs for the Deaf, formada em 1998 (com o nome actual) por Josh Hammon na guitarra e voz, Nick Oliveri no baixo e Alfredo Hernandez na bateria. Muita gente já passou, entretanto, por esta banda, nomeadamente o ex-Nirvana Dave Grohl (bateria), que então abandonou momentaneamente os Foo Fighters com o único fito de poder tocar com os Queens. Não confundir com os Queen - aqui não há nada que não seja rock. Para apreciar...




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sábado, junho 17, 2006

Pensamento profundamente filosófico do dia (5)


Hoje, sinto-me profundamente generoso e faço uma dobradinha...

Para P.M. - Não vá o sapateiro além da chinela, diz o povo e muito bem. Outros produtos podem sair defeituosos e não encontrar compradores suficientes... Se, entretanto, o sapateiro persistir no erro, cuidado com os negócios mal concebidos - os poderosos nunca são responsáveis e, no fim, será o sapateirinho quem terá de vender todos os seus bens para pagar uma dívida absolutamente inútil.

Para P.C. - O atleta consciente, o atleta realmente eficaz, sabe desistir da prova antes de comprometer todo o seu futuro. Recordemos o tristemente célebre maratonista português que disse adeus à vida antes de atingir a meta, motivo único, inglório motivo, pelo qual passou a ser lembrado...

Para PM e PC com consideração estritamente pessoal (ou nem me daria ao trabalho de redigir estas linhas).


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Thumbs up para Bill Gates


Thumbs up para Bill Gates, que anunciou a intenção de se manter à frente dos destinos da Microsoft apenas a tempo parcial a partir de 2008, para se poder dedicar à Bill and Melinda Gates Foundation, organização de beneficiência com uma dotação de aproximada de 30 milhões de dólares e dedicada à redução da pobreza no planeta, à saúde e à educação. Em 2005, Gates foi o financiador privado que, em todo o mundo mais contribuiu para projectos de luta contra a malária, a tuberculose e a sida. Recorde-se ainda que o multimilionário da informática já chegou a afirmar pretender redistribuir 95% dos seus bens antes de morrer.

Que pudesse servir de exemplo à generalidade dos indivíduos classificáveis como capitalistas, por dois motivos fundamentais: pelo lado mais óbvio, não se lhe aplica o velho ditame do camelo e do buraco da agulha, o que é extremamente difícil de se afirmar relativamente a quase todos os que de perto lidam com dinheiro, produção, pessoas e por aí fora. Por outro, ironia das ironias, sempre com uma atitude positiva, arrojada e criativa, soube elevar-se muito acima do pântano de mediocridade em que a maioria chafurda alegre e absurdamente.

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quinta-feira, junho 15, 2006

SIC TV!


A SIC tem-se dedicado, ontem e hoje, a realizar daquelas suas sondagens de valor acrescentado que nada acrescentam, salvo a quem recebe o dito valor. Ontem, perguntava-se se os professores tinham razão para fazer greve. Hoje, segundo entendi (porque não tenho o péssmo gosto de ver televisão e sei disto por intermédio de SMS, nos quais se indica o número a marcar), se têm razão nos seus protestos.
Ora, que espécie de jornalistas e analistas tem a SIC, que têm que andar a perguntar aos próprios professores se têm razão? Com que espécie de resposta contam? Vergonhinha, se fazem o favor...

quarta-feira, junho 14, 2006

Escutar Talking Heads no MUSIK


Os Talking Heads foram uma das formações mais interessantes da segunda metade dos anos 70 à primeira metade dos anos 80. Iniciados em 1974 pelo escocês (! - sim, foi para o Canadá com dois anos de idade e, alguns anos mais tarde para Maryland) David Byrne (voz, guitarra, "visuais"), por Tina Weymouth (baixo) e por Chris Frantz (bateria), velhos conhecidos da Rhode Island School of Design, e acrescidos do guitarrista Jerry Harrison em 1977, a banda fez a primeira parte dos Ramones em 1975, no célebre CBGB, e acompanhou-os, seguidamente, ao longo de uma tournée europeia.
Em 1977, assinaram contrato com a Sire, do que resultou o single Love Goes to a Building on Fire, em Fevereiro de 1977 e, em Setembro do mesmo ano, o álbum de estreia, Talking Heads 77, de que é porventura mais celebrizado o tema Psycho Killer.
Seguiu-se-lhe More Songs about Buildings and Food (1978), com produção de Brian Eno, Fear of Music (1979), ainda com Eno na produção e claramente o melhor na minha opinião muito pessoal, e Remain in Light (1980), última parceria com o ex-Roxy Music. Depois, houve um hiato e, no regresso, a música estava ligeiramente mais "quadrada". Enfim, David Byrne seguiu uma carreira a solo (mais carreiras a solo e projectos diferentes dos seus companheiros de banda) e tivemos que assistir à sua lamentável entrada no mundo da concepção da "música alegre para gajas", assim como a um processo instaurado aos restantes elementos, em 1996, por estarem a tocar com o nome The Heads - o tribunal decretou que o nome era pertença de todos. Felizmente, tudo se ultrapassa e, mais tarde, os Talking Heads viriam a reunir-se fugazmente ao vivo para a celebração do 15º aniversário de Stop Making Sense, filme e banda sonora de Byrne.
O que tornou os Talking Heads diferentes, foi a exploração de sons muito variados, lado a lado com letras, pelo menos, interessantes, e apresentações visualmente cuidadas. Suficientemente bons para ficarem na história da música contemporânea não erudita...
O tema que hoje vos dou a escutar no MUSIK, bastante esquecido mas dos melhores temas da banda, é Listening Wind, do álbum Remain in Light. Gostaria de aqui acrescentar as palavras, mas temo que, no contexto actual, possa ser, de alguma forma confundido, pelo menos, com algum tipo de hino de solidariedade para com islamistas radicais afegãos ou algo assim, o que não é o caso. Mas vivemos num período de confusão. Escutem o tema, conheçam-no ou relembrem-no - vale a pena...



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As lágrimas da ministra da chiclete (e de todos)


A ministra considerou hoje que a greve convocada pela Fenprof (da qual, desde já, nos desmarcamos pela inutilidade costumeira e mau aspecto causado pelos fins de semana prolongados) é muito prejudicial para os alunos e acho que tem toda a razão... Já tive oportunidade de ver grupos imensos de jovens em idade escolar derramando pesadas lágrimas amargas e sanguinolentas pelas esquinas de todo o país (sim, desloco-me depressa). Interrogados alguns deles, retive este testemunho que considero, a todos os níveis, extremamente tocante: "É bué injusto pk fòra das aulas sou km 1 px fòra du akuàrio, meu, axu k ñ kon-cigo respiràr fòra da iscò-la, môrru d sódads dus meus setôres! (lágrimas e mais lágrimas)".
Parece, igualmente, que a ministra referiu, por interposta pessoa do ministro dos Assuntos Parlamentares, o seu espanto face às reacções dos docentes, uma vez que as "negociações" ainda agora começaram, sendo que o mesmo se revelou boquiaberto por a greve estar agendada para junto de dois feriados - atenção, atenção, que Portugal não é só Lisboa; exige-se respeitinho pelos restantes portugueses! Fontes reais e próximas da Lurdes (que, como deve ser, fazemos questão de proteger) apontam para o facto de esta ser conhecida como uma daquelas pessoas que "têm sempre uma resposta para tudo e nunca mudam de ideias, pelo que é horrível discutir o que quer que seja com ela".
Segundo apurámos ainda, as lágrimas corriam, hoje, como cataratas do Angel nos corredores de São Bento, em resultado da greve. "É que nos vai obrigar a fazer contas quando da altura de pagar salários! Toda a gente sabe ser uma tradição, pelo menos desde Guterres, não haver ninguém, nos meandros governamentais, capaz de o fazer! E digo-lhe mais, mas em off the record: antes era igual, mas a classe política ainda não tinha, nesse itém particular, saído do armário!", confidenciou-nos um assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor do assessor, a quem tivemos que ceder um pacote inteiro de lenços, facto que nos obrigará, igualmente, a fazer contas. Ora, deixa cá ver: 2x2 = 4. Ou é 3? Epah! Ou é eh, pá? Parece que estou a ficar cada vez mais político!

Posto isto, a pergunta que se impõe... Já se lembrou de vestir a sua mais elegante roupa negra para levar hoje à escola onde lecciona ou já nem lhe sobra dinheiro para comprar roupa negra?

terça-feira, junho 13, 2006

Thumbs down para o presidente!



"Deixemos a ministra da Educação actuar com a experiência e as competências que tem para ver se aumenta a qualidade no nosso sistema educativo", afirmou o presidente da República, Cavaco Silva, hoje, durante um encontro com professores no Montijo.

Absolutamente lamentável! O presidente da República não tem que fazer favores ao executivo e não é isso que dele se espera. Se há algo que a ministra Maria de Lurdes definitivamente não tem é "experiência e competências". Mais, espera-se que Cavaco seja o presidente de todos os portugueses, professores incluídos.


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De luto no dia 14


Bom dia. Acabam de me enviar um daqueles SMS em cadeia, convidando os professores a vestir-se de negro amanhã, dia 14, como forma de se manifestar o estado de alma colectivo perante as políticas maquiavelico-mefistofélicas de Maria de Lurdes Rodrigues.
Como não estou sequer com estado de alma para enviar SMS em cadeia, deixo o convite aqui, para quem me ler e que seja professor.
Vistam-se de negro, que até é bonito, e façam mais, se assim o desejarem: dêem uma carga de porrada a quem mais considerarem merecê-lo: quer se trate de uma ministra, de um secretário de Estado, de um assessor, de um colega vergonhoso, cobardolas, corrupto e hipócrita que tenha passado a merecer da vossa parte uma classificação de extremamente insuficiente, de um rico gordo e burro que passe por cima de tudo e todos e candidamente contribua para a destruição do nosso país, de um esquerdista que, sem o saber, faça o jogo da nossa sociedade de incompetência e miséria moral (para ver se acorda um bocadinho), de um snob de qualquer tipo que se recuse a reconhecer-vos o mérito devido, da divindade (real ou irreal) da vossa escolha que sempre vos tenha feito a vida frustrante e complicada, o que quiserem - ou não. Não se entenda que estou a apelar à violência... Só acho que um par de sopapos correctamente dirigido pode fazer muitíssimo bem à alma.

domingo, junho 11, 2006

Teste, teste: que tipo de flirt são vocês?

You Are a Natural Flirt

Believe it or not, you're a really effective flirt.
And you're so good, you hardly notice that you're flirting.
Your attitude and confidence make you a natural flirt.
And the fact that you don't know it is just that more attractive!

sábado, junho 10, 2006

Confesso que é engraçado...


Vejo-me forçado a conceder que é engraçadíssimo (ou seria, se não fosse a situação dramática que vivemos... ou que muitos vivem... os outros nem reparam, nem entendem, nem se importam) ver Aníbal Cavaco Silva tomar para si o papel de mensageiro da palavra positiva, eventualmente capaz de congregar os portugueses e fazer avançar, à velocidade possível, Portugal, enquanto o Governo socialista de maioria absoluta paulatinamente se dedica a destruir todas as vontades...
Claro que eu já devia saber ( e, aqui, burro me confesso) que do aparatchik socialista nunca sai nada que faça o mínimo sentido... O problema é que, quando o PSD manda, a necessidade de os pôr de lá para fora ganha foros de uma urgência tal, num crescendo tal, que é como se tratasse de um pedregulho no rim ou pior! Não haverá, nesta terra, uma alternativa, pelo menos "jeitosinha"?


Imagens de http://dn.sapo.pt e www.tsr.ch.

Mais uma charada complicadíssima procês!


Qual é a alta responsável, competentíssima mascadora de chicletes, qual é ela, que já admitiu várias vezes, em particular, ser contra os chumbos e os trabalhos de casa?

Imagem de http://belactja.skyblog.com.

sexta-feira, junho 09, 2006

How I shall win the Pulitzer


Aproveitando os últimos estertores da era em que, como professor, me permitem exercer, lateralmente, algum tipo de actividade a tempo parcial, tive a fortuna imensa de poder ingressar na redacção de um jornal, cujo nome omitirei por mero decoro.
Não percebendo nada de jornalismo e com não mais do que a experiência de escrever ocasionalmente para blogs absolutamente nada importantes, já contava que o chefe de redacção, indíviduo competente, inteligente e pejado de mérito e medalhas, me impusesse um "caso difícil"...
"Tenho que te colocar à prova, ó maçarico!", exclamou alegremente. "Ou tens faro jornalístico, espírito de investigação e sacrifício e um vasto conhecimento do que vai pelo mundo, ou não te poderei considerar talhado para a missão..."
Humildemente, concordei. Saí, então, para a rua, imbuído da convicção plena da necessidade de provar o meu valor não só ao quinto poder, parâmetro imparável da liberdade de expressão, como a mim mesmo.
"Vamos todos rezar pelo teu bom sucesso, colega! Espero que, muito em breve, te venhas a revelar digno de ocupar uma poltrona numa sala do último andar!", lançou-me, da janela, o chefe de redacção, com um sorriso largo e genuíno.
Sorri de volta. A minha reportagem, a minha missão, quiçá candidata ao Pulitzer, consistia em entrevistar aprofundadamente o "português real" (não confundir com os afortunados detentores de sangue azul).
Nesse dia, sentado à mesa de um café, em plena tempestade cerebral comigo mesmo, não fumei. Para não prejudicar o faro, antecipei-me assim às justíssimas imposições do Governo (com maiúscula, como se escreve na imprensa; aprendi no liceu) Sócrates (creio não ser o mesmo de que me falaram no liceu, que se matou com cianeto ou algo assim)... Subitamente, surpreendentemente, quem farejo eu, apenas duas mesas ao meu lado? O Português Real! De imediato, liguei o pequeno gravador que acabara de adquirir e cuja marca omitirei por mero decoro, inflei-me de coragem, apresentei-me e dei início à entrevista. Segue-se a sua transcrição, absolutamente fiel e integral, como deve ser, a qual guardo em meia dúzia de cassetes, pelo que quaisquer senhores de qualquer polícia "de segurança" sempre poderão confirmar a minha total honestidade e o meu civismo, de acordo com as regras de bom funcionamento da democracia de tipo ocidental...

Jornal (cujo nome omito por decoro): Como é a sensação de se ser o "português real"?
Português Real: (risos) Tudo numa boa! Tudo numa boa?
J: Sim. O que pensa da forma como está a ser jogado o futuro do nosso país?
PR (não é presidente da República): (tosse) O Mantorras é baril. O Scolari é brasileiro. Se Portugal ganhar a Angola, vou a pé até à Alemanha.
J: Mas como vê o futuro de Portugal?
PR: (risos) Deixe-me só pôr os óculos... (tosse) Isto está mal. Mas está bem. (risos) O governo faz coisas que tem que fazer.
J: Que pensa da atitude do nosso primeiro-ministro quando, no parlamento, disse, passo a citar: "Esteja mas é caladinho e ouça!"?
PR: (tosse) O meu pai também me falava assim. Era o melhor pai do mundo. Também era um chato - olhe, essa é off the record, ok?
J: E o que pensa de a ministra da Educação se dirigir às câmaras de chiclete na boca?
PR: (risos) Uma santa senhora! Há que meter os profes na ordem! Não fazem nada, ganham balúrdios e são os responsáveis de...de...já não me lembro lá muito bem...
J: Exacto... Mudemos, então, de assunto... Sentiu mudanças na sua vida desde que o IVA passou a 21%, a gasolina passou a subir semanalmente e os portugueses passaram a odiar os restantes portugueses?
PR: (tosse) Sabe, eu não vou na conversa dos esquerdinos (sic)! O governo faz coisas que tem que fazer.
J: Certo. Vê, assim sendo, uma luz ao fundo do túnel para o nosso país?
PR: (risos) Tenho poupado o que posso na electricidade, mas guardo sempre umas velinhas para o caso de faltar a luz. Ou para rezar a Nossa Senhora - off the record. Não tenho é túneis em casa, pelo que me sinto satisfeito.
J: E a comunicação social? Sente-se plenamente informado acerca do país real?
PR: (tosse) Eu acho que é preciso comunicar. Tenho aprendido muito sobre Lisboa. E gosto do Morangos com Açúcar, acho que me comunicam mesmo muito!
J: Sente-se, então, de bem com a vida...
PR: (risos, tosse, risos e tosse) Se Portugal... Se Portugal.... Se Portugal..... (risos) (risos) (risos)

Nesse instante, o homem caiu de bruços sobre a mesa! Assustei-me. Vi que estava muito amarelo, tipo morangos com açúcar amarelo... Continuava, no entanto, a rir. Abanei-o e recebi um valente murro de volta, mas logo comprendi que se tratava de um acto reflexo. Tomei-lhe o pulso, senti-lhe o vazio e, por momentos, pairei no éter da dúvida metódica neo-niilista. O homem continuava a rir-se de forma ritmada. Com dificuldade, entreabri-lhe os maxilares e encontrei, colado com cuspo sob a língua seca, um pequeno gravador que repetia: (risos) (risos) (risos) e por aí fora... Inteligentemente, concluí que o homem já devia estar morto há bastante tempo. Mais inteligentemente ainda, com sagacidade mesmo, percebi que, quando vivo, o que ele mais gostava era de rir. Despedi-me educadamente, ainda que não creia ter sido ouvido, e tomei o caminho de regresso à redacção, sita numa determinada morada de uma determinada rua, dados que omitirei por mero decoro.
"Que sorte a tua!", exclamou, ao ver-me, o chefe de redacção, enquanto se me lançava de braços abertos. Farejei-lhe o uso de um dado desodorisante, cujo nome omitirei por mero decoro. "Não te podemos pagar, mas ainda te vais poder candidatar ao Pulitzer! Parabéns!"
Fiquei mais do que satisfeito. E ainda guardo o pequeno gravador do "português real" numa gaveta do meu quarto, embrulhado entre peúgas e cuecas. De cada vez que me sinto ir um pouco abaixo, escuto-o e não me posso impedir de sinceramente sorrir!


Imagem de http://news.bbc.co.uk.

Disparates históricos (1)






Em 1963, os Rolling Stones são descobertos por Andrew "Loog" Oldham e por Eric Easton, que os vêm actuar, a 28 de Abril, no Crawdaddy, a conselho de George Harrison. "O vocalista vai ter que sair", garante, então, Easton.









Imagem de http://novogate.com.

quinta-feira, junho 08, 2006

Artigo 111 contra calaceiros madracentos


































José Régio, António Gedeão, Lídia Jorge, Sebastião da Gama, Vergílio Ferreira... Eis apenas cinco exemplos de calaceiros madracentos que, em lugar de usarem todo o seu tempo na preparação e planificação de aulas, nas actividades de apaparicação das "crianças", no exercício da psicologia escolar amadora e na escravidão de cariz Clássico perante um sistema do "Estado Grande Pai Protector de Todos os Cidadãos Que não têm Capacidade para se Gerir a Si Mesmos", ousaram criar arte e - sacrossanto sacrilégio! - publicá-la! Cinco sentenças de Insuficientes perpétuos já para o infame Bando dos Cinco!
Felizmente, os tempos mudam... Felizmente, temos, actualmente, entes cultos e iluminados, grandes educadores das massas, que nos apontam o caminho... Aleluia para os tiranos!

Al-Zarqawi


Morreu Musab al-Zarqawi. Não era um lutador da democracia nem um defensor da liberdade. Quem lhe quiser escrever elegias, terá que o fazer, de igual modo, com todos os militantes armados da extrema-direita e da extrema-esquerda, com todos os radicais militaristas que por esse mundo vão cortando a eito. Alá, a existir, julgá-lo-á. Por cá, cada um julgá-lo-á à sua maneira. E o mundo esquecê-lo-á e continuará... mal, infelizmente.

quarta-feira, junho 07, 2006

Master Minder, o revolucionário........

Hoje, acordei com vontade de explicar que não acho que a revolução seja o melhor caminho para Portugal. A revolução não traz apenas justiça, traz igualmente injustiça. É verdade. Por outro lado, às vezes ela quase se transforma no único caminho possível em determinados momentos históricos... Não quer dizer que seja ideal. A revolução não é um ideal e sim uma necessidade histórica ocasional. Todos os que acham que não haverá mais revoluções no mundo ocidental, estão claramente a perder a inteligência da história e a revelar uma dose de ingenuidade patética. Mas a verdadeira revolução é uma revolução de costumes, de mentalidades, de comportamentos - a verdadeira revolução, a melhor, é uma revolução interior. Devemos interrogar-nos, então, o que há nos genes humanos que não permite à humanidade global comprender um facto tão óbvio... O que leva a humanidade a optar pelo egoísmo, pelo salve-se quem puder, pelo descontrolo, pelo desrespeito e autoritarismo, quando já se possui um conhecimento de tantas gerações de que se trata de um caminho que apenas leva ao eterno ciclo em que acaba por se tornar necessário destruir para construir, dar dois passos atrás para se poder dar um à frente? O que leva a humanidade a não ter memória? Os responsáveis pelas revoluções não são apenas os poderosos, ainda que esteja na natureza serem os peixes maiores a engolir os mais pequenos. As revoluções são uma responsabilidade colectiva. Minha, deles, delas, vossa, de todos. Ainda muito longe vem a sociedade perfeita defendida pelas verdadeiras filosofias anarquistas (a sociedade cívica e culta, na qual cada um assume as suas responsabilidades e a sociedade se organiza da melhor forma para o colectivo, de modo já absolutamente natural, dispensando assim o próprio Estado com todas as injustiças de jogos de interesses que gera). Utopia? Talvez. Talvez não. Mas que vem longe, vem. Para bem de alguns e para mal de uma maioria cega. Esteve na moda afirmar-se que Jesus Cristo era comunista. Nem nada... O comunismo tolhe o desenvolvimento pessoal, o que é anti-natural e só pode gerar uma reacção. Jesus Cristo era, permitam-me, anarquista - por isso (e por outros factores, quiçá inclusive porque a hora estava marcada, etc.) morreu pregado numa cruz. Mas morreu com uma convicção e um desígnio (se bem que tão falhado após tantos séculos!). No mundo, não faltam crucificados sem causa. Isso é puramente lamentável e não conduz a um pingo de nada.
Por acaso, até me aconteceu hoje dialogar com José Sócrates em sonhos... Acho que estava a ter que ser... Não se tratou de um diálogo profundamente filosófico. Não debatemos teoria política. Tratou-se meramente de compreender que não há dinheiro e que o primeiro-ministro não está a ser capaz de fazer melhor do que tem vindo a fazer. Simpatizei com o homem, nomeadamente na versão inglesa: I sympathized with him. Não deixo, no entanto, de continuar a achar que o presente rumo das coisas é imensamente errado para Portugal. É. Não há quem o não sinta na pele. Na sua perdição face a um país complicado de governar, José Sócrates esquece as mais básicas regras do bom senso, as mais básicas regras do marketing inclusive (mesmo as regras mais cândidas e menos maquiavélicas), as que nos dizem, muito logicamente, que nada se consegue com o descontentamento de alguém. Bem pelo contrário. É a esperança que move a humanidade. Sem esperança, sem projectos, resta apenas o caminho aberto a prazo para mais uma revolução repetida e repetida e repetida - de pouco adianta enganarmo-nos com afirmações do género A Espanha não permitiria ou Só houve 25 de Abril porque a CIA autorizou. A história repete-se, mas só de forma aparente, e o passado está morto e enterrado, Deus nos livre de andar para trás! Para caos, já temos qb. Mas de onde nasce, afinal, tamanha cegueira para os factos simples da vida? De uma fé cega-faca amolada? De uma auto-convicção exagerada? De uma postura tão rígida que não permite entender que o universo flui naturalmente e que esse facto é, pura e simplesmente, impossível de contrariar? Enfim, desejo o melhor a José Sócrates, pragmática e humanamente, desejando simultaneamente que consiga respirar fundo várias vezes e recobrar uma visão global e realista, a prazo, das coisas (quanto à ministra da Educação, aquela senhora que masca chicletes quando fala para a televisão, e a toda a sua entourage, desde a mais próxima à mais alargada, estou, neste momento, zangado com todos. E com muita, muita razão).
Felizmente, tenho a capacidade rara de me dar bem com os meus inimigos a posteriori. Não entendo essa coisa de rancores eternos que mina tanta gente, que leva a guerras milenares, nas quais já nem sabe o que lhes esteve realmente na origem. A não ser que as pessoas persistam no erro tão eternamente que não haja posibilidade de entendimento... Há pessoas que merecem uma estadia nos calabouços? Há. Um calabouço pode constituir, para alguns, um sítio ideal para repensar a vida, a existência, os valores e os diferentes modos de agir. Aos suficientemente inteligentes e sensíveis para aproveitar esses momentos de calabouço, interno ou externo, para mudar, abro os braços sem problemas. Com a cautela necessária (nem sempre visível), mas com sinceridade. Afinal de contas, as poucas filosofias efectivamente construtivas existentes no nosso mundo têm esse tipo de comportamento no seu fulcro... Repito-me, afirmando: a verdade mais palpável, apesar de tão esquecida, do nosso universo, é que tudo flui naturalmente. Resta-nos sempre a escolha entre caminhar com o universo de forma construtiva ou optar pela dissolvência corrosiva que, enfim, não poderá servir a ninguém, é certo que nunca durante muito tempo...
Muito falta fazer em Portugal - e no mundo - para chegarmos a uma sociedade ideal. Alguns considerar-me-ão ingénuo. Eu direi que é na rigidez que mora a maior ingenuidade, plena de laivos falsos de inteligência. No fim de contas, sem nunca me furtar ao que a minha própria consciência considera como as minhas obrigações, sou perfeitamente capaz de me dar bem com todos. Dou-me bem e, simultaneamente, nunca deixo de fazer sentido. Que tal? Não é auto-propaganda (embora a falsa modéstia, como a arrogância, sejam graves erros humanos), mas gostaria de vos ver a todos agir do mesmo modo... Não para ter seguidores. Meramente para chegarmos a um mundo melhor - dito de uma maneira mais infantil mas também mais real do que todas as jogadas inteligentes e defensivas momentâneas: para sermos todos um pouco mais felizes. Essa é a única verdadeira revolução e quem me dera que os humanos fossem capazes de se auto-conquistarem o suficiente para um dia lá chegarmos aproximadamente...

terça-feira, junho 06, 2006

Acerca da demissão de Conselhos Executivos...

Isto está mal, já nem o futebol o consegue esconder... Pedidos de demissão de Conselhos Executivos nas escolas... E então, ramos das forças armadas a ameaçar recorrer a todos os meios para salvaguardarem os seus direitos... essa, sinceramente, preocupar-me-ia! Mas pode ser que a classe política esteja toda adormecida junto à lareira (como a ministra acusou os professores do Secundário de estarem) e que já não lhes reste um pingo de mero bom senso...



Relativamente à questão das demissões de Conselhos Executivos, permitam-me discordar. O que precisamos é de Conselhos Executivos de gente forte e inteligente, capaz de fazer face aos loucos à solta e aos cinzentões do sistema no seu próprio campo. De certeza que Conselhos Executivos de gente imbuída do seu dever de classe e de cidadãos de um país que não deve cair aos bocados poderão fazer muito mais nas escolas do que demitidos.
Mas podem demitir-se, claro. Quem sou eu para dar conselhos? Nem sequer sou primeiro-ministro nem dirigente sindical... Claro que o resultado directo vai ser a presença de muitas direcções de escolas nomeadas pelas Direcções Regionais que, muito naturalmente, terão tendência a proteger as suas posições do momento, o que não se me afigura como o que de mais positivo existe à face da terra e da gestão...

segunda-feira, junho 05, 2006

AS TVs e a forma como esclarecem os portugueses

Pronto, uma breve nota com que, lá bem no fundo, já contava: a reportagem da SIC sobre a manifestação silenciosa na Secundária da Maia (os miúdos é que lançaram as vaias que se escutaram), infelizmente perdi-a. Quanto à reportagem da TVI, suspiro grande, guardaram meramente o meu pior momento, no qual eu afirmava que nos ofereciam um futuro negro.
Ora bem... E o que é isso de "um futuro negro"? Tem algum significado profundo, assim à partida? Não creio. O importante é mesmo o futebol e o Rock in Rio. Felizmente, vocês conhecem-me e sabem o que eu diria (o que eu disse), muito calmamente, com espírito e com a capacidade de esclarecimento com que não podemos contar nos sindicatos nem em ninguém, como se tem visto...



Entretanto, deixo-vos aqui duas cusquices com mais algum significado... Logo antes de a ministra chegar, ela que se mostrou tão sensível e incomodada (claro, está coberta de razão...), um dos cinzentões partidários dos órgãos que ficam na sombra voltou-se para os jornalistas presentes e disse: "Vejam lá o que é que filmam!"
Outra: à entrada da escola, quando a ministra fazia o seu discurso lacónico para os elementos da imprensa, estava outro elemento dos men in grey a lançar-lhe gestos para falar com calma... Será a ministra telecomandada?

Sons portugueses novíssimos no MUSIK (e mais)

Estava a prever oferecer-vos, hoje, a fantástica versão incendiária do conhecido Summertime Blues, pelos Blue Cheer. E tinha ainda um vídeo dos Soundgarden que me apetecia mostrar-vos...
Só que deu-me para algo muito diferente: hoje é o Dia Oficial da Auto-Promoção.
Assim, o tema que desta vez podem escutar no MUSIK, Why, é um tema meu, executado pela minha banda, Bug in the System. Temos Jorge Simões (eu mesmo, conhecido em certos meios por Master Minder) nas guitarras e voz, Hernâni Carqueja no baixo e teclas, e Vítor Teodósio na bateria e percussão. Trata-se, para variar, de uma balada simples e bonita. Não tem propriamente uma produção profissional, mas estou certo que a apreciarão assim mesmo.
Aliás, estou a pensar em fazer um blog-site para os Bug, no qual poderão fazer download gratuito dos nossos temas. Quando isso acontecer, aviso...

Já agora e tendo em conta as características do dia, aproveito para vos convidar a visitar o meu Poesia para quem quiser em http://poemastextos.blogspot.com/ (também nos links, mesmo aí ao lado), onde encontrarão muitos e muitos dos meus poemas mais recentes, assim como uns quantos mais antigos. É que a língua também é musical...

Finalmente, quero, uma vez mais por ser Dia Oficial da Auto-Promoção, lembrar às nossa editorazinhas que tenho, além de uma obra poética mesmo muito grande, um romance pronto a publicação (não é light, pois não...) e ainda histórias infantis seriadas com boas ilustrações. Não se acanhem... Contactem-me já! ;)
E finalmente, finalmente mesmo, poderão ver-me hoje nos noticiários da SIC e da TVI (se não estou em erro), assim como escutar-me na Antena 1 e ler-me no JN, a propósito da política para a educação e mais alguma coisa. Alguém tem que falar das coisas que os sindicatos não falam e que ninguém fala fora da mesa de café. Teria preferido uma entrevista mais extensa... Além do mais, não faço ideia sobre como é que me vão redigir e cortar. Mas seja... Boa tarde a todos e até à próxima!

domingo, junho 04, 2006

A superioridade dos colégios privados numa charada


A propósito da tão debatida superioridade do ensino privado sobre o público e mesmo esquecendo que os professores do privado são os que não conseguem lugar no público e que os tão ostentados níveis de segurança dos recintos privados não passam de uma mera mistificação, gostaria de vos oferecer uma pequena charada destinada a levar-vos a pensar:

Qual é o colégio privado tão concorrido e localizado na área do Porto, qual é ele, em que os encarregados de educação pagam não só as mensalidades como ainda as explicações dadas pelos docentes respectivos?


Imagem de http://belactja.skyblog.com/.

Imoralidades na proposta de assassínio dos professores de que o cidadão comum não se apercebe...


As imoralidades podem, inclusive, ser anticonstitucionalidades, mas parece que ninguém repara, ainda por cima num país onde as causas demoram anos a ser resolvidas - eventualmente - e, entretanto, já todo o mal está feito.
A avaliação dos pais não passa de uma frágil bomba de fumo para esconder o que de grave a proposta de assassínio dos professores e respectivas famílias contém. Õutros aspectos - até Miguel Sousa Tavares já nos surpreendeu na sua análise, quando afirmou algo como ser necessário ser um super-homem para cumprir todas as funções atribuídas aos docentes. Muito bem! Mas estamos, graças a Deus (ou ao diabo, porque não passa pela cabeça do demo, ele mesmo, propor coisas desse calibre), em Portugal - logo, trata-se de um pouco de fogo de vista de qualidade medíocre. Tomemos, antes, directamente da proposta governamental, um par de aspectos que têm passado despercebidos, mas que são de imensa gravidade...



Artigo 111º
Acumulações
1 – O exercício de funções docentes em estabelecimentos de educação ou de ensino
públicos é feito em regime de exclusividade.
2 – O regime de exclusividade implica a renúncia ao exercício de quaisquer outras
actividades ou funções de natureza profissional, públicas ou privadas, remuneradas ou
não, salvo nos casos previstos nos números seguintes.
3 –É permitida a acumulação do exercício de funções docentes em estabelecimentos de
educação ou de ensino públicos com:
40
a) Actividades de carácter ocasional que possam ser consideradas como complemento
da actividade docente;
b) O exercício de funções docentes em outros estabelecimentos de educação ou de
ensino.
4 – Por portaria conjunta do Ministro da Educação e do membro do Governo
responsável pela Administração Pública são fixadas as condições e termos em que é
permitida a acumulação referida nos números anteriores.



Fala-nos este artigo numa estranha noção de exclusividade, comparável à escravatura e absolutamente distante da cómoda exclusividade de médicos ou juízes, mesmo da exclusividade existente em diversas empresas privadas...
O docente, extensivamente bem remunerado, como mais óbvio não poderia ser, vê-se impedido de exercer qualquer outro tipo de funções, remuneradas ou não, a não ser que ligadas directamente ao ensino e em situações muito específicas.
Não pode, assim, um docente publicar livros, participar em actividades artísticas com público, auxiliar gratuitamente instituições, fazer traduções ou o que mais vos passar pela cabeça. Limita-se o docente à sua vidinha medíocre e dedicada, empobrece-se o docente até limites inimagináveis, faz-se o que não se faz a mais ninguém... Pretende-se, desta forma, melhorar alguma coisa no ensino e em Portugal?



Progressão
1 - A progressão na carreira docente consiste na mudança de escalão dentro de cada
categoria e depende da permanência de seis anos no escalão imediatamente anterior,
computados como tempo de serviço efectivo em funções docentes, com avaliação do
desempenho de, pelo menos, de Bom, e ainda da frequência, com aproveitamento, de
módulos de formação contínua equivalentes, no mínimo, a 25 horas anuais, durante
aquele período.
2 - A progressão ao escalão seguinte da categoria produz efeitos no dia 1 do mês
seguinte àquele em que se encontrem reunidos todos os requisitos referidos no
número anterior.
3 - Semestralmente será afixada nos estabelecimentos de educação ou de ensino a
listagem dos docentes que progrediram de escalão.
1 -O recrutamento para a categoria de professor titular faz-se mediante concurso de
provas públicas de avaliação e discussão curricular aberto para o preenchimento de
vaga existente no quadro e destinada à categoria e grupo de recrutamento respectivo.
2 - Podem candidatar-se ao concurso de acesso à categoria de professor titular os
professores que detenham, pelo menos, dezoito anos de exercício de funções na
categoria com avaliação de desempenho igual ou superior a Bom.
3 - A atribuição de Excelente na avaliação do desempenho, durante dois anos
consecutivos, reduz em um ano o período de tempo exigido para acesso à categoria de
professor titular.
4 - A atribuição da classificação de Muito Bom, durante o mesmo período, reduz em
seis meses o tempo mínimo exigido para acesso à categoria de professor titular.
5 - O concurso a que se refere o nº1 consiste na apreciação e discussão pública do
currículo profissional do candidato e de um relatório elaborado para o efeito, incidindo
sobre o trabalho desenvolvido pelo docente, perante um júri de âmbito regional que
integrará professores da disciplina ou área disciplinar da categoria a prover, cuja última
classificação tenha a menção de Excelente, e ainda docentes dos estabelecimentos de
ensino superior da área geográfica respectiva.
6 - O número de lugares a prover nos termos do nº1 não pode ultrapassar a dotação
anualmente fixada por despacho do Ministro da Educação.
7 - As normas reguladoras do concurso de acesso são definidas por portaria do
Ministro da Educação.
8 -No acesso à categoria de professor titular, a integração na respectiva escala indiciária faz-se pelo escalão 1 dessa categoria.



Coloca-nos este aspecto perante a seguinte situação: uma imensa maioria de docentes, nomeadamente dos Quadros de Zona Pedagógica e dos agora propostos Quadros de Agrupamento, terão, como única perspectiva para toda uma vida de trabalho, o marcar passo eternamente, em função dos numerus clausus afixados pelos governos. Dir-me-ão que a situação económica mais não permite. Insistirei, como já tenho feito, que a situação económica é da responsabilidade exclusiva das classes política e pseudo-empresarial, ambas tendencialmente muito bem situadas na vida, e voltarei a perguntar: pretende-se, desta forma, melhorar alguma coisa no ensino e em Portugal?



Condições de progressão e acesso na carreira
Secção I
1- A componente lectiva a que estão obrigados os docentes dos 2º e 3º ciclos do
ensino básico, do ensino secundário e da educação especial é sucessivamente
reduzida de duas horas, de cinco em cinco anos, até ao máximo de seis horas, logo
que os professores atinjam 50 anos de idade e 15 anos de serviço docente, 55 anos
de idade e 20 anos de serviço docente e 60 anos de idade e 25 anos de serviço
docente.
2- Os docentes que completarem 60 anos de idade ou atingirem mais de 25 anos de
serviço docente, independentemente de outro requisito, do nível ou ciclo de ensino
em que leccionam, podem optar, mediante requerimento, por um dos seguintes
benefícios:
a) redução de quatro horas da respectiva componente lectiva semanal,
independentemente da categoria de que sejam titulares;
33
b) aplicação do regime de trabalho a tempo parcial ou da prestação de trabalho por
semana de quatro dias, nos termos da lei geral, não estando sujeitos às respectivas
condicionantes e limites temporais.
3- As reduções da componente lectiva apenas produzem efeitos no início do ano
escolar imediato ao da verificação dos requisitos exigidos.
4 – A redução da componente lectiva do horário de trabalho a que o docente tenha
direito, nos termos dos números anteriores, determina o acréscimo correspondente
da componente não lectiva a nível de estabelecimento de ensino, mantendo-se a
obrigatoriedade de prestação pelo docente de trinta e cinco horas de serviço
semanal.



A presente proposta de alteração, como a anterior meramente economicista, destina-se exclusivamente a reduzir de modo exponencial o número de docentes, alargando a inquietação social causada pelo desemprego e pelas situações de deslocação forçada com o consequente mal estar, aumento das taxas de divórcio, separação de pais e filhos e mesmo impossibilidade de sobrevivência que não passe pela sopa dos pobres. Igual rumo toma a contagem das aulas nocturnas como horas diurnas, com o resultado óbvio de uma quebra sensível no número de docentes existente. Uma vez mais, interrogo: pretende-se, desta forma, melhorar alguma coisa no ensino e em Portugal?



Artigo 102º
Faltas por conta do período de férias
1 – O docente pode faltar um dia útil por mês, por conta do período de férias, até ao
limite de doze dias úteis por ano.
2 – O docente que pretender faltar ao abrigo do disposto no presente artigo deve
solicitar, com a antecedência mínima de cinco dias úteis, autorização escrita ao órgão de
administração e gestão do respectivo estabelecimento de educação ou de ensino.
3 – As faltas previstas no presente artigo quando dadas por docentes em nomeação
provisória apenas podem ser descontadas no próprio ano probatório.



Imensa controvérsia! Gerada, naturalmente, pelo espírito de inveja corrosiva que, ao longo dos séculos, tem servido de travão ao progresso em Portugal. Em Portugal, quiçá o país mais maoista do universo conhecido, nunca se adopta a lógica do nivelamento por cima, sempre se adopta a lógica raivosa do nivelamento por baixo. Em todo o caso, se as ditas faltas servem para descontar no período de férias, porquê tanta raiva? Com a máxima franqueza e candura, não se entende.
De resto, a proposta menciona a obrigatoriedade de avisar com cinco dias de antecedência que se pretende faltar por se sofrer de uma enorme enxaqueca repentina, por a electricidade ter falhado e o despertador não ter tocado, por o trânsito não ter permitido chegar a tempo ao toque da campainha e por aí fora... Vão-me perdoar, mas é surreal. Pretender-se-á, assim, expulsar profissionais competentes da docência por mais uma via ou, em alternativa, inundar as escolas de atestados médicos falsos? Conheço alguma coisa do privado. E é graças a esse conhecimento que posso asseverar que nunca no privado (embora admita que, naturalmente exista e ainda que nos estejamos aí, então, a concentrar nos piores e mais tacanhos exemplos) conheci tamanha rigidez.
Há ainda um outro aspecto importante presente neste artigo, o qual só poderá, eventualmente, ser entendido pelos profissionais da educação... Essa história das planificações. Querem planificações? Tudo bem. Mas qualquer docente com savoir-faire sabe perfeitissimamente que uma boa aula não é igual a uma linha de montagem. Será melhor seguir uma planificação rígida e que satisfaça os burocratas construtivistas ou deixar que a própria aula se conduza, em função das dúvidas existentes e das melhores estratégias para cada momento e cada assistência?
Temo dever interrogar uma última vez: pretende-se, desta forma, melhorar alguma coisa no ensino e em Portugal?
Por fim e sem por isso me declarar, de forma alguma salazarista, vejo-me forçado a traçar uma breve cronologia dos ditos artigos: com Salazar e Caetano (que nunca procuraram destruir os servidores do Estado, bem pelo contrário - e há que haver justiça ao falar nisso), havia direito a um total de dois artigos por mês, num total de 24, que não descontavam em coisa nenhuma; com Cavaco, os artigos foram reduzidos para 12, dois por mês, para desconto no período de férias, o que é aceitável; com Sócrates, Maria de Lurdes e respectivos assessores, pretende-se aniquilar por inteiro um antigo direito que, quer queiram quer não (aconselho-vos - e à ministra; e a Valter Lemos; e ao pai irritado que passou a fazer parte da sua equipa - a leccionarem no ensino não-superior, a leccionarem sequer: porque dar meia-dúzia de aulas no superior e escrever peças teóricas a vida inteira, não dá a ninguém a compreensão de coisa nenhuma e pode, inclusive, gerar uma certa arrogância nascida da mais perfeita ignorância, como sempre, atrevida), tem justificação.



Tenho, ocasionalmente, comprado Sócrates a Salazar. Há quem concorde - porque entende perfeitamente o que pretendo afirmar - e há quem me caia definitivamente em cima pelo que considera um sacrilégio. Nomeadamente, os esquerdistas, que gostam de ser muito puristas nessas coisas do fascismo. Claro que Sócrates não é nenhum Mussolini, se vamos mesmo ser muito puristas... O que Sócrates e o seu Governo fazem é praticar um tipo de autoritarismo que pode passar, inclusive, por cima da Constituição da República. Não me parece bem, por muito que entenda que Portugal está ingovernável. É claro que, na actual Europa dos 25, nem Berlusconi, nem o eleito austríaco cujo nome me escapa neste instante e muito menos Sócrates podem ser "fascistas". Podemos mudar de governo daqui a dois anos. Certo. E daí? Chama-se a isso democracia?
Ainda em defesa do (indefensável na maior parte, mas eu tenho a mania de ser simulteaneamente acutilante e científico) antigo regime, estabelecendo simultaneamente uma certa comparação com o nosso regime democrático, devo esclarecer um aspecto importante: o meu saudoso pai foi director de diversas escolas. Nunca por nomeação política. Ele era mais do género de desligar o televisor quando o Tomás começava a falar. Chegou, igualmente, a ser convidado para um cargo no ministério, em Lisboa, que declinou. E, no entanto, era mais do género de espingardar quando lhe enviavam convites para votar, nas alturas em que houve uma espécie de eleições, na ANP. Hoje em dia, todos o sabemos, de cada vez que muda um governo é altura de assistirmos a uma fantástica dança das cadeiras, digna de uma tela de Goya ou de um filme de Freddy Krueger. Será que há algo que não bate bem?

sexta-feira, junho 02, 2006

Há bichos-papões em Portugal?


O Master (que tudo sabe e tudo vê) muito cala. Assim se age com sabedoria...
Por vezes, entretanto, a imaginação toma conta de si e as forças místicas incitam-no a narrar breves histórias hipotéticas, as quais, passo a passo, vos levam a compreender um pouco mais do que aqui vai sendo dito. É o caso da seguinte...

Imaginem uma escola que está prestes a receber a visita da nossa amada Maria de Lurdes... Um grupo de professores ingenuamente decide pedir autorização ao presidente interino do Conselho Directivo, o qual, no caso presente teria sido nomeado por algum órgão "superior" ligado ao Supremo Mi(ni)stério, para ser afixado um cartaz convidando os docentes a comparecer na estabelecimento, no decurso da visita, vestidos de negro e em total silêncio. À partida, parece uma manifestação de índole bastante cívica, certo? O cartaz teria, naturalmente, que conter a assinatura do presidente. E é natural que ele não se encontrasse em posição de o fazer...
Mas imagine-se, agora, que este responsável decidisse ir, como os nautas de outrora, sempre mais além, afirmando que quem dessa forma se manifestasse ficaria sujeito a sanções?
Consigo escutar os vossos oooooohhhs... Não se trataria de uma escola de província dominada por caciquismos e sim de uma escola perfeitamente urbana. Ouço-vos clamar que a história está mal contada. Ouço-vos dizer que exagero, que essas coisas não acontecem em democracias de tipo ocidental (as únicas, claro...) Mas imaginem, imaginem apenas... Faz lembrar um pouco os soldados de Sua Majestade a disparar sobre Ghandi e os seus seguidores, eu sei. Faz também lembrar algum ataque, digamos, do KKK a um autocarro onde segue Martin Luther King e os seus apoiantes entoam cânticos religiosos. Bom, não se esqueçam de que tudo isto não passa de uma história...
Além do mais, imagine-se que o presidente da nossa história até tivesse conhecimentos de Direito. Certamente saberia não existir qualquer tipo de base plausível para sancionar alguém pelo facto de se vestir de negro e se manter em silêncio.
Seja, é impossível. Para onde me leva a imaginação! Mas imaginem só, por instantes, a possibilidade de casos como o hipotético caso que atrás narrei... Grave, não seria?
Boa tarde e aproveitem para fazer uma boa sesta. :)


Imagem de www.thehalloweenparty.com.

Valter Hugo Mãe na Feira do Livro


O novo trabalho de Valter Hugo Mãe, O Remorso de Baltazar Serapião, com selo da QuidNovis, vai surgir a público amanhã, 3 de Junho, pelas 15 horas, no Pequeno Auditório da Feira do Livro de Lisboa. Pedro Sena-Lino terá a seu cargo a apresentação.
Mas como nem todos estamos em Lisboa (nem no Porto, bem sei, mas é o que há), igual apresentação estará a cargo do meu amigo Jorge Pinho, no Café Literário da Feira do Livro do Porto. Será no próximo sábado, 10 de Junho, pelas 16,30 horas. Apareçam e dêem o vosso apoio à nova literatura portuguesa!

Made in Portugal


Esta, recebia-a por email. Desconheço o autor. Mas como penso que está simultaneamente simples e cáustica, gostaria de a partilhar com vocelências...



Zé, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã. Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China). Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapore) e um relógio de bolso (Made in Swiss). Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas. Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy) , decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonesia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...



Imagem de http://lrights.igc.org.

quinta-feira, junho 01, 2006

Uma análise científica da Educação (sem populismos de queima de bruxas)


Para quem se interessar, de facto, por estas coisas da Educação e desejar ir um pouco mais além da verdadeira época de caça às bruxas irracional e destituída de fulcro sólido que a Lurditas conseguiu gerar nas mentes dos cidadãos descontentes, dêem uma olhada neste texto que acabo de ler...
Trata-se de uma súmula da obra O "eduquês" em Discurso Directo - Uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista, da autoria de Nuno Crato e com publicação a cargo da Gradiva. São 15 páginas em .pdf, mas com bastante interesse.